43 povos indígenas exigem respeito às suas terras e pedem proteção
850 indígenas de 43 povos de diversas localidades do país protestaram em Brasília pedindo proteção aos Yanomami e Mundukuru e a manutenção da demarcação de terras
Publicado em
Protestos de 43 povos indígenas de diversas regiões do Brasil marcaram Brasília nesta semana. Mais de 850 indígenas realizaram manifestações pedindo proteção aos Yanomami e Mundukuru, a manutenção da demarcação de terras e pelo fim da agenda anti-índigena no Congresso Nacional. Em frente à Fundação Nacional do Índio (Funai), foram atacados pela Polícia Militar na tarde desta quarta-feira, 16.
Desde o início da semana, indígenas participaram de uma marcha ao Supremo Tribunal Federal (STF), ao Ministério da Justiça e à Funai. Eles também pediram o arquivamento do PL 490/2007 e acamparam no Teatro Nacional como forma de resistência no aguardo da votação do PL que altera a Lei n° 6.001, de 19 de dezembro de 1973, sobre o Estatuto do Índio. A votação na Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJ) da Câmara dos Deputados foi adiada devido a um pedido de vista do projeto.
Na Funai, os indígenas foram duramente reprimidos, com bombas de gás lacrimogêneo e efeito moral quando realizavam um ato em frente ao prédio da instituição. Os povos cobraram demarcação de suas terras tradicionais e esperavam ser recebidos pelo presidente do órgão indigenista, Marcelo Xavier.
Eles também denunciam diversas medidas contrárias aos seus direitos tomadas pela Funai sob o governo Bolsonaro, visando facilitar a exploração de seus territórios por não indígenas, permitir a certificação de propriedades privadas sobre terras não homologadas e diminuir a proteção e a assistência a comunidades em luta por demarcação.
A presidenta Nacional do Partido dos Trabalhadores, Gleisi Hoffmann, e a secretária Nacional de Movimentos Populares e Políticas Setoriais do PT direito, Vera Lúcia Barbosa (Lucinha), repudiam os ataques e a repressão policial contra os povos indígenas, em frente à Funai.
Repúdio à ação truculenta da PM contra povos indígenas que protestam pacificamente em Brasília. Houve uso de spray de pimenta e até gás lacrimogênio, uma arbitrariedade sem tamanho! Direito à protesto é constitucional! Controle a polícia, governador. Todo apoio a @ApibOficial
— Gleisi Hoffmann (@gleisi) June 16, 2021
“Repudio a violência praticada pelos policiais militares de assegurar o livre direito de manifestação dos povos indígenas na luta por seus direitos. É inadmissível o uso de forças coercitivas, abuso de autoridade e criminalização dos movimentos populares no estado democrático”, ressalta Lucinha.
Nota oficial
A Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) publicou nota oficial reiterando que a violência, a intimidação e a opressão não partem dos povos indígenas. “Nossa luta é pela vida. O intuito da manifestação foi o mesmo dos outros dias, apenas ir até o órgão e protestar até que uma delegação seja recebida e ouvida, tendo tido resultados positivos com o presidente da Câmara dos Deputados, com a presidência do Senado, com a presidência do Supremo Tribunal Federal e com o Secretário Executivo do Ministério da Justiça. A Funai, cuja missão é proteger os povos indígenas, é o único órgão que vai no sentido totalmente contrário às demais instituições e ataca os povos indígenas”.
Leia a nota oficial da Apib sobre o ataque, na íntegra, aqui:
Carta ao STF
Durante a mobilização desta segunda, lideranças indígenas destinaram uma carta ao presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luiz Fux, pedindo para que o julgamento do caso de repercussão geral sobre demarcação de terras indígenas seja remarcado com urgência.
Na última sexta, 11, o julgamento que deve definir o futuro dos povos indígenas foi interrompido logo após o início do período de manifestação dos ministros ser aberto e que deveria durar até o dia 18 de junho. O ministro Alexandre de Moraes pediu destaque do processo que agora deve ser inserido novamente na pauta de votação pelo presidente da Suprema Corte.
O documento foi protocolado durante o ato realizado na tarde desta segunda (14), em frente ao Supremo, e reuniu mais de 450 indígenas de vários povos de todas as regiões do país.
Leia na íntegra a carta.
Da Redação, com informações da Apib