Banqueiro passa pano nas declarações de Bolsonaro e comemora desemprego
Presidente do Itaú Unibanco diz que as falas criminosas do presidente não atrapalham economia e avanço da reforma da Previdência, que vai beneficiar bancos
Publicado em
Nem mesmo as declarações criminosas de Jair Bolsonaro (PSL), que despertam desconfiança e repulsa no cenário mundial e tem espantado até parte do seu próprio eleitorado, parecem alterar a visão fria e calculista de um banqueiro sobre os rumos desastrosos do país.
Não é de estranhar, portanto, que um representante do setor que mais se beneficiou desde o golpe de 2016 enxergue cenário positivo em meio a tantos retrocessos como é o caso do presidente do Itaú Unibanco, Candido Bracher. Em entrevista à Folha de S. Paulo, o CEO do banco mais lucrativo do país deu de ombros para as cada vez mais absurdas declarações do despreparado presidente.
“O que tenho notado é que o avanço das reformas não tem sido influenciado pelas turbulências políticas”, disse Bracher em teleconferência a jornalistas ao se referir às reformas da Previdência e tributária – embora somente a primeira tenha avançado no Congresso mesmo com todos os males que causará ao povo brasileiro.
Não contente, Bracher ainda “comemorou” o nível elevado de desemprego – já são mais de 13 milhões sem vaga no mercado – pois isso permite crescimento sem impacto sobre a inflação. “Quando tem fator de produção sobrando tanto, significa que podemos crescer sem pressões inflacionários”, afirmou.
O apreço de Bracher por desemprego nem precisaria ser justificado: nesta segunda-feira (29) o Itaú Unibanco anunciou lançamento de um Programa de Desligamento Voluntário (PDV), que terá início (em 1º de agosto) no mesmo dia em que registrou recorde no lucro líquido contábil no segundo trimestre de 2019.
Isso justifica o otimismo incorrigível do banqueiro sobre o desgoverno Bolsonaro – cuja avaliação é a pior desde Collor. “Isso (conjuntos de fatores supostamente favoráveis) deixa a situação macroeconômica do Brasil tão boa quanto nunca vi na minha carreira”.
Itaú, o golpe e o perdão de Temer
Quando Maria Alice Setúbal, herdeira e bilionária acionista do Banco Itaú Unibanco, clamou em artigo na Folha de S. Paulo por um “pacto pela democracia” em junho do ano passado o país todo já sabia de que lado ela estava: sua empresa, ao lado de outros bancos, apoiou descaradamente o golpe de 2016, que colocou o Brasil em colapso e desmoronou as instituições democráticas do país.
Apesar da vida do brasileiro ter piorado, o desemprego ido às alturas e a crise social atingido níveis alarmantes, ela de fato tem muito o que comemorar. O Itaú nunca ganhou tanto dinheiro quanto depois do golpe. Somente em 2018, ano em que Temer perdoou dívida de mais de R$ 20 bilhões da empresa, teve lucro recorde de cerca de R$ 25 bilhões. O maior lucro de toda a série histórica dos bancos no Brasil e um dos maiores do mundo.
Da Redação da Agência PT de Notícias, com informações da Folha de S. Paulo, G1 e Brasil de Fato