Crise no Cantareira já causa desemprego e desvalorização de imóveis
Segundo representante do Consórcio PCJ, cidades que dependem de abastecimento do sistema já sentem os reflexos da falta d’água
Publicado em
A Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) divulgou, nesta terça-feira (13), que o volume armazenado do Sistema Cantareira chegou a 8,6%, o que demonstra que a crise do abastecimento na região tende a se agravar.
“Com a seca, algumas regiões já sentem consequências como desemprego, desvalorização das propriedades”, explica o secretário do conselho fiscal do Consórcio Intermunicipal das Bacias dos Rios Piracaia, Capivari e Jundiaí (PCJ), Professor Rogério, vereador do PT por Piracibaba.
Ele classifica a atual situação como uma “tragédia anunciada”. Para ele, o governo deveria ter investido no racionamento das regiões abastecidas pelo Cantareira logo em fevereiro, quando começou a estiagem. A falta de chuva aliada ao aumento de consumo e à estagnação dos investimentos, diz, já anunciava uma crise próxima e evidente.
Com dificuldades em enfrentar o problema, o governador do estado, Geraldo Alckmin (PSDB), encontra-se numa encruzilhada. A nova medição da Sabesp caiu-lhe como um balde de água fria, considerando que o governo contava com a reserva para garantir o abastecimento dos paulistanos até fevereiro de 2015.
Impactos – Os reflexos do desabastecimento de água já começam a ser sentidos nas cidades que dependem exclusivamente da distribuição do Cantareira.
Em Valinhos, por exemplo, a população está em racionamento desde o mês de fevereiro. A segunda maior cidade do estado de São Paulo, Campinas, tem previsão de começar o rodízio em julho. Na capital, moradores relatam interrupção no fornecimento de água, principalmente à noite, apesar do governo descartar oficialmente essa possibilidade.
“O governo está com medo das consequências que isso trará, devido às eleições desse ano”, criticou Rogério em relação aos projetos emergenciais apresentados para conter o problema.
“Agora, eles (gestores) elaboram projeto às pressas, pois não fizeram os investimento no tempo devido”, critica Rogério.
Já o presidente da Associação Nacional de Serviços Municipais de Saneamento, Silvio Marques, lembra que obras anunciadas para solucionar a crise, como o Sistema Produtor São Lourenço, só vão produzir resultados em dez anos.
“Fazer propaganda de que iniciou a obra não adianta. São Pedro também não tem culpa do que está acontecendo”, afirmou.
“Temos diversos reservatórios que deveriam ter sido melhorados no sistema de produção. Agora é tarde para olhar no retrovisor”, completou Marques.
Pelo ele, essa é uma crise instaurada, que tende a piorar e necessita de medidas emergências como o racionamento.
Por Camila Denes, da Agência PT de Notícias