Um em cada três paulistanos queixa falta d’água; Cantareira mantém queda
Em menos de três semanas de uso do volume morto de água do Sistema Cantareira, em São Paulo, o nível do reservatório apresenta uma queda de 7,49 pontos percentuais. Em…
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Em menos de três semanas de uso do volume morto de água do Sistema Cantareira, em São Paulo, o nível do reservatório apresenta uma queda de 7,49 pontos percentuais. Em 16 de maio, quando a contagem passou a considerar a soma do volume útil e da reserva técnica, o total armazenado era de 26,7%. Nesta segunda-feira (2), chegou à marca de 24,7%. No período, o sistema perdeu mais de 17,5 bilhões de litros de água.
Embora o governo estadual e a Companhia de Saneamento Básico de São Paulo (Sabesp) neguem a prática de racionamento, pesquisa Datafolha mostra que 35% dos paulistanos tiveram problemas de fornecimento no mês de maio.
Dos 96 distritos de São Paulo, 53 são abastecidos pelo Sistema Cantareira, o que equivale a mais de oito milhões de pessoas. A outorga vigente possibilitava a Sabesp captar 33 mil litros por segundo do Cantareira. Entretanto, a Agência Nacional de Águas (ANA) e o Departamento de Águas e Energia Elétrica (DAEE) determinaram que esse número fosse reduzido para 22 mil litros por segundo.
Rotina – Moradores de diversas regiões reclamam de cortes de água, principalmente no período da noite. É o caso da jornalista Ana Paula Cruz, moradora de Jaçanã, Zona Norte.
Há mais de dois meses o fornecimento tem sido suspenso em dias alternados. Ela afirmou que os cortes duram cerca de oito horas, começando sempre por volta das 19h. “Tivemos que mudar a rotina. Lavar roupa e outras tarefas domésticas são feitas pelo período da manhã”, explicou.
Há mais tempo, o problema acontece na casa da comerciante Gabriela Souza. A moradora da Granja Viana, Carapicuíba, relatou que há cinco meses acontecem suspensões no abastecimento de sua casa. O corte vai das 21h às 6h.
Para ela, a pior parte é não conseguir tomar banho ao chegar do trabalho, às 21h. “Deixo água separada numa garrafa para poder escovar os dentes à noite”, reclama
“Conversamos com os vizinhos e todos identificaram o mesmo problema”, completou.
Pesquisa Datafolha, divulgada neste final de semana, ouviu 825 pessoas. Dessas, 15% declararam que a falta d’agua tem ocorrido com muita frequência, 13% com pouca frequência e 8% raramente.
O questionário foi feito entre os dias 21 e 22 de maio e os resultados têm margem de erro de 3 pontos percentuais para mais ou para menos.
Mapa – Uma plataforma colaborativa foi criada na internet, para as pessoas registrarem os locais da cidade que estão com problema de distribuição de água.
No www.faltouagua.com os usuários podem visualizar o mapa da falta de água na capital e deixar o depoimento de como decorreu o fato.
“Quase todos os dias não. Falta todos os dias, das 22h até 6h”, escreveu a internauta Giovanna Narducci.
““A mesma coisa por aqui, todo dia de 0h até 6h30”, confirma Lucas Massoline na página.
Segundo o site, o governo nega o racionamento, mas é inegável a crise do abastecimento.
Por Camila Denes, da Agência PT de Notícias