Para Ongs, reação do governo de SP é desproporcional à gravidade da falta d’água

Instituições cobram atitude do governador Geraldo Alckmin e pedem a adoção de medidas contra a seca por mais impopulares que sejam

Organizações não governamentais de São Paulo cobram do governo mais transparência sobre o tratamento que tem sido dado à questão do desabastecimento de água no estado. Em carta aberta, que será entregue ao governador Geraldo Alckmin (PSDB) nos próximos dias, os instituto Ethos, Socioambiental e a Rede Nossa São Paulo fazem um alerta às autoridades e cobram providências.

“A água potável que abastece São Paulo está acabando, a cidade pode ter de enfrentar em breve um profundo racionamento e a reação do governo estadual tem sido desproporcional à gravidade do problema”, diz o texto.

Na carta “Por mais transparência na questão da água”,  apresentada pelo coordenador-geral da Rede Nova São Paulo, Oded Grajew, durante o debate  “Crise de água: desafios e soluções” , as organizações cobram de Alckmin resposta sobre algumas questões básicas relativas ao desabastecimento que ainda não foram respondidas pelo governo.

Uma delas, trata do impacto do uso do volume morto do Sistema Cantareira, principal reserva do estado,  na qualidade da água e na saúde pública. No documento, que recebe adesões diárias, as entidades querem saber sobre a real condição dos reservatórios e das ações que serão adotadas para superar o problema, mesmo que haja reforço nas chuvas.

As organizações questionam ainda  se o uso de outros sistemas pode dar conta das necessidades de todos aqueles que dependem das bacias que serão interligadas.

Uma das poucas e incompletas justificativas do governo é que o regime de chuvas este ano foi diferente de outros períodos.

Com base nisso,  as organizações requisitam informações de Alckmin sobre a existência de um plano de emergência para a cidade e, caso ele exista, se já não deveria sido colocado em prática.

“O Brasil detém 12% das reservas de água potável do mundo. Esse fato consolidou uma ideia de abundância que não condiz com o momento atual”, observa o documento.

Na carta aberta, as organizações ressaltam que ainda existe uma visão de que esse recurso é infinito e isso vem promovendo uma cultura de gestão da água que não prevê estratégias para momentos de aumento de escassez. Hoje, segundo as ongs, o prolema acontece em boa parte das regiões Sul e Sudeste do país, onde vivem 60% da população.

“As respostas do governo estadual e da Sabesp não têm sido suficientes para esclarecer a população paulistana”, afirma. As entidades exigem ainda a imediata adoção de medidas “por mais impopulares que possam ser”.

 

Por Edson Luiz, da Agência PT de Notícias

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