“Neonazismo e ditadura, nunca mais”, adverte o Secretário Nacional de Direitos Humanos do PT
O registro de movimentos neonazistas no país, denunciado no final do século passado e início deste século, se amplifica e cresce nos últimos anos de forma alarmante, alerta a Secretaria Nacional de Direitos Humanos do PT
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Passadas duas semanas do segundo turno das eleições presidenciais, manifestações golpistas da extrema-direita brasileira seguem acontecendo com forte apoio empresarial e militar em vários pontos do país.
Correm o mundo imagens bizarras de manifestantes, mas de forma preocupante essa é apenas a fachada ridícula para um processo de organização de enraizamento de movimentos de massa de natureza reacionária e autoritária que ameaçam o Estado Democrático de Direito como o conhecemos pelo pacto constitucional de 1988.
São financiadas com dinheiro sujo de empresários e toleradas pelos órgãos de segurança pública e – em particular – pelas autoridades militares em cujo território os golpistas se instalaram com toda infra-estrutura e apoio silente ou expresso.
Tornaram-se palco de manifestações anti-democráticas não só porque se negam a reconhecer a soberania popular expressa nas urnas em eleições limpas e democráticas, mas porque abertamente pedem um golpe de Estado e o cerceamento inconstitucional dos Poderes Judiciário, Legislativo e do futuro Executivo, eleito.
Parlamentares que cobraram providências do Ministério da Defesa e do Ministério Público Federal para a dissolução desses atos antidemocráticos das áreas militares ou do seu entorno foram ignorados ou abertamente ameaçados. Entre esses casos, destaca-se o do nosso companheiro deputado federal Paulão (PT AL), vítima de campanha difamatória e de ameaças em seu estado de origem. A ele toda nossa solidariedade.
Para aberração mundial, o movimento neonazista brasileiro ressurge publicamente, depois de décadas operando em total clandestinidade, dirigindo manifestações, fazendo encontros estaduais e inter-estaduais com conexões no exterior, multiplicando atos simbólicos individuais ou coletivos. O mais chocante deles, em frente às instalações do 14º Regimento de Cavalaria Mecanizado, em São Miguel D’Oeste, Santa Catarina.
As denúncias nacionais e internacionais desse ato escandaloso levaram à violência contra as denunciantes, como são os casos da vereadora Giovana Mondardo (PCdoB Criciúma, SC) e da vereadora Maria Tereza Capra (PT São Miguel D’Oeste, SC), que enfrentaram tentativas de cassação de seus mandatos e foram inseridas na Campanha Nacional de Combate à Violência Política, junto à Comissão dos Direitos Humanos do Senado Federal.
Nossa solidariedade à companheira de Partido, Maria Tereza Capra, Secretária Estadual de Mulheres do PT SC, é urgente e necessária, visto que ameaças na cidade onde os fatos investigados aconteceram a forçaram a sair do Estado em defesa da sua vida e integridade física de sua família.
A recente prisão de integrantes de uma célula neonazista em São Pedro de Alcântara, SC, com pessoas dos três estados da Região Sul e uma representação do movimento skinhead internacional, mostra que as relações entre o movimento neonazista e o bolsonarismo, denunciado há tempos pela pesquisadora da Unicamp Adriana Dias, é uma realidade que desafia o movimento de direitos humanos e as instituições de segurança pública e de segurança nacional. Sob o manto da radicalização bolsonarista, neofascistas e neonazistas de várias matizes se organizam e significam um desafio novo e permanente para as instituições democráticas do pais, o governo, os partidos políticos e a sociedade civil, em particular os movimentos de direitos humanos.
É preciso deter o ovo da serpente! O registro de movimentos neonazistas no país, denunciado no final do século passado e início deste século, se amplifica e cresce nos últimos anos de forma alarmante. Entre 2019 e 2021, houve um aumento exponencial no número de pessoas que integram 55 grupos neonazistas organizados, com 1.117 células espalhadas em todas as cinco regiões do país. Estima-se em 39 mil pessoas o núcleo duro do movimento neonazista brasileiro, criminosos à espera do aparelhamento democrático do Estado brasileiro para identificar, processar e punir na forma da lei essas organizações.
Nossa tarefa é implementar o Brasil da Esperança aprovado nas urnas. A sociedade brasileira tem enfrentado estes fenômenos conservadores, e cada vez mais mulheres, negros, nordestinos , lgbtqias+, indígenas e outras lideranças que pertencem aos grupos perseguidos por este movimento neonazista, alcançam representação política e social.
Brasília, 16 de novembro de 2022
Secretaria Nacional de Direitos Humanos do PT
Renato Simões – Coordenador