Enquanto o racismo estrutural persistir, não descansaremos, destacam petistas
Sessão solene em homenagem ao Novembro Negro ocorreu na Câmara Federal nesta sexta-feira (29)
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O encerramento do mês de novembro não deve significar o fim das reflexões sobre a consciência negra, conforme destacaram os parlamentares Reginete Bispo (PT-RS), Dandara (PT-MG) e Vicentinho (PT-SP) durante a sessão solene em alusão ao Novembro Negro e ao Dia da Consciência Negra, celebrado em 20 de Novembro. A sessão aconteceu nesta sexta-feira (29/11).
Para a deputada Reginete Bispo, o dia 20 de novembro não é apenas uma data comemorativa, mas um “convite à reflexão, resistência e à luta por um País mais justo”. Ela destacou as contribuições históricas do povo negro, que, apesar de enfrentar séculos de escravidão e racismo, deixou um legado de luta e solidariedade. “É o momento de honrarmos o sangue e o suor de milhões de negros que construíram este País, mas que ainda enfrentam as cicatrizes do racismo e da escravidão.”
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Dandara enfatizou que a data é uma oportunidade para refletir sobre a história e as lutas pela liberdade e justiça. “Nós ainda precisamos despertar a consciência de onde viemos, onde estamos, para que a gente possa realmente projetar para onde vamos”, afirmou. Ela destacou a figura de Zumbi dos Palmares, que simboliza a luta pela liberdade e resistência, ressaltando que “os crimes da escravidão nunca foram reparados”.
Vicentinho, por sua vez, afirmou que a luta contra o racismo deve ser de todos. “Essa luta não é somente de nós, negros e negras. É a luta de todas e de todos que não concordam com o racismo”, disse. Ele também fez um apelo à união de todos os povos e raças, lembrando que “nós [negros e negras] queremos ser julgados pelo nosso caráter, pelo direito que temos de oportunidade”.
Congresso Nacional
Reginete também celebrou a representatividade negra no Congresso Nacional, ao ressaltar a importância da bancada negra na defesa de pautas de equidade. “Pela primeira vez, temos uma bancada negra no Congresso, um marco na história, representando uma conquista em um País que ainda luta para garantir equidade e dignidade para todos”.
Dandara e Vicentinho enfatizaram a necessidade de empoderar a juventude negra e de promover uma educação que lute contra o preconceito. “Quero conclamar toda a juventude negra brasileira a interditar o racismo, não autorizar comportamentos preconceituosos”, disse Dandara. Vicentinho acrescentou que “na próxima eleição, mais mulheres, mais homens negros estejam aqui [Congresso Nacional] para garantir o mínimo de oportunidades”.
Direitos
Reginete Bispo reforçou a necessidade de ações que assegurem direitos básicos à população negra, como acesso à educação, respeito aos idosos e condições dignas de trabalho, especialmente para as mulheres negras. “Lutamos por um Brasil onde nossos jovens tenham acesso à educação, nossos mais velhos envelheçam com respeito, e as mulheres negras vivam sem agressões e com trabalho digno”.
Racismo Estrutural
Dandara mencionou as estatísticas alarmantes que refletem o racismo enraizado na sociedade brasileira. “Em 2024, o salário de negros é 42% menor que o salário de brancos, e 76% das vítimas de feminicídio são negras”, declarou, chamando a atenção para a necessidade urgente de reparações e de uma maior representação negra nos espaços de poder.
Já Reginete reafirmou o compromisso com a luta contra o racismo estrutural. “A consciência negra é um dia para reafirmarmos que não descansaremos enquanto o racismo estrutural ferir a nossa sociedade, enquanto as oportunidades não forem igualitárias, enquanto a justiça não alcançar a todos e a todas”.
Da Redação