Instituto de pesquisa eleitoral pró-PSDB ataca novamente

Sensus, ligado a ex-vice de Aécio Neves, informou ao TSE que irá divulgar pesquisa dois dias antes de fim das entrevistas

Pró-tucano: engajado na campanha do PSDB, ex-senador Clesio Andrade desafia a lógica eleitoral

O Instituto Sensus protocolou, junto ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), um levantamento sobre intenções de voto para Presidência no segundo turno, supostamente depois de ouvir dois mil eleitores. As entrevistas, registrou o instituto, serão realizadas entre os dias 14 e 17 de outubro. Mas, curiosamente, a divulgação dos resultados está marcada para o dia 15, quarta-feira. Ou seja, antes de concluir a pesquisa.

Uma sondagem do mesmo Sensus (IstoÉ/Sensus) divulgada neste sábado (11), coloca o candidato Aécio Neves (PSDB) com 58,8% dos votos válidos contra 41,2% de Dilma Rousseff (PT). Uma diferença de 17,6 pontos porcentuais. O instituto é ligado ao ex-senador Clésio Andrade, do PMDB, ex-vice-governador de Minas Gerais no primeiro mandato de Aécio Neves.

Há três meses, Andrade, presidente da Confederação Nacional de Transporte (CNT), renunciou ao mandato de senador para escapar de ser julgado no Supremo Tribunal Federal. Ele é acusado de participação ativa no chamado “mensalão tucano”, montado em Minas, em 1998, para tentar reeleger – sem sucesso – o ex-governador Eduardo Azeredo. Assim como o colega do Senado, Azeredo também renunciou, em março, ao mandato de deputado federal para fugir do STF. Ambos serão julgados – se o forem – pelo Tribunal de Justiça de Minas Gerais.

O Sensus faz parte de uma fauna de institutos pouco conhecidos empenhados em divulgar pesquisas favoráveis a Aécio. O instituto Paraná foi o primeiro a divulgar um levantamento depois do primeiro turno. Ela apontava Aécio com 54% das intenções contra 46% da presidenta Dilma, vantagem de 8 pontos percentuais. O instituto não informou com precisão, até hoje, a área geográfica desse levantamento.

A pesquisa de outro instituto, o Veritá, ampliou a vantagem e colocou Aécio com 54,8% enquanto Dilma obteve 45,2. Diferença de 9,6%.

“Quando essas pesquisas saem a gente precisa tirar as crianças da sala”, diz o jornalista e blogueiro Paulo Henrique Amorim. “Elas não acertam. Foram os maiores derrotados no primeiro turno. Mass erram em favor da direita”, avalia.

Prova de que as pesquisas não expressam a vontade da população, o governador eleito da Bahia, Rui Costa, contrariou todas a expectativas criadas por vários institutos para o dia 5 de outubro. Até poucos dias antes da eleição, o candidato petista aparecia mais de dez pontos atrás do ex-governador Paulo Souto, do DEM. Abertas as urnas, Rui venceu, no primeiro turno, com uma vantagem de mais de um milhão de votos. “Às vezes, a intenção é muito mais a de influenciar o eleitor do que de tentar capturar sua verdadeira intenção de voto. Por isso elas erram tanto”, diz o governador eleito.

Ações judiciais – Na semana passada, a coligação de partidos da campanha da presidenta Dilma Rousseff entrou com ação junto ao TSE para questionar a pesquisa do Instituto Paraná. Em resposta, o Tribunal determinou que o instituto disponibilize os dados e informações do levantamento. Flávio Caetano, coordenador jurídico da campanha, informou que o Instituto Sensus também será instado a dar explicações.

Segundo Caetano, os resultados não são confiáveis e demonstram clara tentativa de confundir o eleitor a acreditar que Aécio lidera as intenções de voto. “As pesquisas têm intuito de abastecer o programa eleitoral e criar um impacto positivo para um lado”, afirma.

O advogado questiona o fato de os institutos serem responsáveis pelo pagamento de suas próprias pesquisas. Ele aponta outro aspecto que deixa clara a tentativa de manipulação do resultado. “Não é usual, numa pesquisa como essa, não informar quais são os estados que foram pesquisados”, explica. “Não basta dizer o número de estados. É preciso dizer quais são”.

Também na semana passada, Ibope e Datafolha mostraram um cenário bem diferente. Os dois resultados apontaram o tucano com 46% e Dilma com 44%. Os números dão empate técnico entre os dois candidatos.

Por Aline Baeza, da Agência PT de Notícias

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