Fenômeno natural descarta horário de verão extra
Objetivo de consumir menos água e aplacar seca nos reservatórios da região Sudeste não se confirma nas simulações técnicas: economia para sistema é nula
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À medida que termina o verão, e a terra inclina o hemisfério norte rumo ao sol, as noites se prolongam mais dia à dentro no hemisfério sul. Nesse momento, o sistema elétrico é obrigado a manter a carga da iluminação pública em milhares de cidades e instalações urbanas até o retorno da claridade do dia, em vez de desligá-la, reduzindo o consumo.
Esse fenômeno natural é que impediu o governo de adiar, por mais um mês a partir do dia 22 de fevereiro, o horário especial de verão (HV 2014-15), iniciado em 19 de outubro, uma semana antes do segundo turno das eleições presidenciais.
O encerramento do HV é mesmo no sábado após o carnaval, quando os relógios terão que ser atrasados em 60 minutos à meia noite da passagem para domingo. Com isso, o fim de semana se prolonga por mais uma hora: terá 25h em vez de 24h.
O ministro Eduardo Braga (de Minas e Energia) anunciou nessa terça-feira (12), após reunião à tarde com a presidenta Dilma Rousseff no Palácio do Planalto, a desistência da prorrogação pelos técnicos que analisaram a proposta nas duas últimas semanas.
“A razão pela qual não vale a pena a prorrogação do horário de verão é que parte do Brasil ficaria escura pela parte da manhã e nós teríamos, portanto, mais consumo de energia” naquele período, justificou Braga.
Feitas as contas, o gasto adicional no período da manhã não compensa a pequena economia de energia que a medida resultaria ao país – e de água às regiões onde se aplica o HV (Sul, Sudeste e Nordeste); nem o desconforto provocado pelo adiamento do fuso horário adicional por mais 30 dias.
Isso é um transtorno, por exemplo, para as movimentações aéreas e rodoviárias nacionais entre os quatro diferentes fusos nacionais e os estados que adotam o horário especial.
A crise hídrica, que já contingencia, em algum grau, o abastecimento d’água nas regiões metropolitanas de São Paulo, Belo Horizonte, Rio de Janeiro e Vitória – todas as capitais da região Sudeste – é que provocou o surgimento no Ministério de Minas e Energia (MME) da ideia frustrada da prorrogação do HV. Um pacote de medidas para dar mais segurança ao sistema elétrico está em estudo e deverá ser anunciado por Braga entre final de março e abril.
Por Márcio de Morais, da Agência PT de Notícias