Parcialidade nos protestos é reflexo da cobertura das eleições

Com postura menos agressiva que a observada na campanha eleitoral de 2014, a grande imprensa repete a falta de imparcialidade na cobertura dos protestos

A mídia nacional comprovou, mais uma vez, sua parcialidade na cobertura dos protestos de sexta-feira (13) e domingo (15). A postura, no entanto, é menos agressiva que observada durante as eleições presidenciais de outubro de 2014, avalia o cientista político Michel Zaidan, coordenador do Núcleo de Estudos Eleitorais Partidários e da Democracia da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).

Para ele, a grande imprensa age com menor imparcialidade que o recomendável. “A grande mídia já foi mais golpista e parcial que agora. Durante a campanha eleitoral, tomou partido escancarado a favor de uma candidatura, inclusive com uma capa muito agressiva da revista’ Veja’”, afirmou, referindo-se ao ataque do veículo do grupo Abril contra a candidata Dilma Rousseff, às vésperas do segundo turno.

Zaidan lamentou a visibilidade dada pelos noticiários sobre participação de grupos que pediam o retorno de uma intervenção militares, mas considerou positivo o tratamento “ameno” que foi dado à reivindicação do impeachment.

O professor observou, no entanto, que o tom pouco agressivo sobre o impeachment é reflexo do posicionamento de políticos adversários ao PT, como o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que desconsidera a possibilidade da saída prematura de Dilma do segundo mandato.

HSBC – A defesa dos interesses da mídia, comerciais e ideológicos, também está demonstrada na cobertura do caso SwissLeaks-HSBC. Para o cientista político, os grandes veículos ignoraram os trabalhos da CPI que investiga o caso no Senado por claro conflito de interesse.

Ao saber, por exemplo, que a CPI do HSBC vem mantendo reuniões que não têm qualquer atenção no noticiário, lamentou “não ter tido acesso às informações”. Nesta segunda-feira (15), a comissão definiu parte de integrantes. No entanto, o PMDB e o PSB não indicaram nomes e atrasaram o início dos trabalhos.

O caso HSBC pode revelar a titularidade de contas secretas de muitos brasileiros ligados historicamente à direita, como comprovou esta semana a veiculação de nomes de grandes empresários da mídia nacional, como a Lili Marinho, esposa do falecido Roberto Marinho, e Otávio Frias, falecido proprietário do jornal “Folha de S. Paulo”. Eles seriam alguns dos titulares de contas secretas no HSBC da Suíça.

O caso está sendo investigado pela Polícia Federal, Receita Federal e Departamento de Recuperação de Ativos do Ministério da Justiça. A CPI depende das indicações dos nomes para que o Congresso Nacional se debruce, também, sobre o caso.

Por Márcio de Morais, da Agência PT de Notícias

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