Dilma vai aos EUA encontrar Obama
A presidenta voltou a elogiar a coragem dos governos de Cuba e Estados Unidos por colocarem um ponto final na Guerra Fria
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Após reunião com o presidente americano, Barack Obama, a presidenta Dilma Rousseff anunciou que foi acertada visita de governo do Brasil aos Estados Unidos. O compromisso está marcado para 30 de junho, em Washington.
No encontro bilateral, que foi realizado neste sábado (11), no contexto da Cúpula das Américas, os presidentes conversaram sobre cooperação nas áreas de ciência, tecnologia, inovação e defesa. Dilma e Obama ainda discutiram sobre céus abertos na aviação civil, construção de mais democracia no continente americano, mudança do clima e fontes alternativas de energia.
Em entrevista coletiva, a presidenta voltou a elogiar a coragem dos governos de Cuba e Estados Unidos por colocarem um ponto final na Guerra Fria.“Nós cumprimentamos os Estados Unidos e estamos também cumprimentado o presidente Raúl Castro pelo acordo que eles fizeram”.
A presidenta explicou que preferiu fazer uma visita de governo, e não de Estado, porque essa última só poderia ser realizada no próximo ano, quando serão realizadas eleições nos EUA.
“Então o Brasil, nós preferimos fazer esse ano. Vai ser no final de junho. Os temas da nossa discussão bilateral, que teve curso há pouco, focamos em mudança do clima, energia, energias alternativas, energia solar, baterias. Discutimos também etanol e uma cooperação muito forte na área de ciência, tecnologia e inovação e também na área de defesa”, revelou.
Para Dilma, o encontro, que se encerra neste sábado no Panamá, indica o caminho para a construção de uma relação entre os países da região em outros patamares, mesmo considerando que há diferenças ideológicas, culturais, políticas entre eles. “Os governos não pensam igual. [Mas] nós conseguimos cooperar e construir uma relação em um continente que tinha uma tradição de não se relacionar, cada uma das partes do continente olhava para o resto do mundo”.
Agora, segundo ela, o continente está olhando mais para si mesmo e construindo uma relação de respeito entre os países vizinhos. “Aqui [na cúpula] tem 35 países, na Celac também tem 33. Na Unasul, tem todos os países do nosso continente. Então, não se busca uma visão fundamentalista, de que tem que estar tudo pronto. Se busca construir uma forma de cooperação [em que] eu tenho que respeitar cada um dos países”.
E acrescentou que todos têm de contribuir para que haja “mais democracia, mais respeito aos direitos humanos, sim, mas tem também de contribuir para esse continente, que é o mais desigual de todos, continue se caracterizando por duas coisas: Inclusão social, melhoria no padrão de vida, de toda população e educação, educação e educação”.
Venezuela e EUA – Sobre a relação dos Estados Unidos com a Venezuela, a presidenta disse acreditar ser essa uma questão em que existem todas as condições de construir também um caminho de diálogo e “voltar aos bons tempos”.
“Porque é uma posição da Unasul, como um todo, não é só do Brasil. A Venezuela não é ameaça para os Estados Unidos. Acho que esse é um texto antigo, que foi usado neste caso. Você pode discordar disso, disso e daquilo, mas não pode concordar em tratar a Venezuela como um inimigo dessa proporção porque eles não são.”
Dilma Rousseff lembrou que existe uma comissão de chanceleres na Unasul, integrada por Brasil, Colômbia e Equador, que está tratando do assunto. Essa comissão de chanceleres, que representa diretamente os presidentes dos países, e que tiveram também a participação de um representante do Vaticano, tem o objetivo de construir um diálogo entre o governo e a oposição.
“Para que não haja ruptura democrática na Venezuela, que não vai beneficiar ninguém no continente, se beneficiar alguém não é alguém que mora aqui. Porque vai ser uma guerra ou vai ser qualquer outra forma de conflito que rompe com a democracia”.
A presidenta acrescentou que é preciso que os dois lados se sentem e façam acordos, mesmo que haja diferenças. “E é possível que se transite respeitando todos os processos democráticos. E cada vez que houver eleição, você tem que respeitar o resultado da eleição. Não pode reabrir tudo outra vez. (…). Todos os países da Unasul estão empenhados em assegurar um clima de democracia cada vez maior nesta relação entre o governo e a oposição”.