SP: Sem propostas e sob pressão, professores mantêm greve
Docentes afirmam que não há negociação com governo Alckmin, nem contraproposta. Eles denunciam truculência da PM durante protesto na quinta (23)
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Sem nenhuma proposta após duas horas de reunião com o secretário da Educação de São Paulo, Herman Jacobus Cornelis Voorwald, na quinta-feira (23), os professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo decidiram manter a greve que já dura 43 dias.
O Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (APEOESP) realiza uma assembleia, nesta sexta-feira (24), às 14h, no vão livre o Museu de Arte de São Paulo (MASP). Segundo a presidenta do APEOESP, professora Maria Izabel Noronha, o secretário do governo de Geraldo Alckmin (PSDB) disse não ter “autonomia” para fazer qualquer proposta sem consultar o orçamento.
“Ele disse que pode negociar até um limite, mas sem dizer qual. Engraçado é que os deputados tiveram reajuste de 17% em seus vencimentos, mas ninguém consultou o orçamento para isso”, critica Maria Izabel.
De acordo com a dirigente, a APEOESP o governo Alckmin não se posiciona em relação à greve e não faz nenhuma contraproposta.
“Com quem o governador quer dialogar, com a classe dominante? Com os donos do poder?”, questiona a professora.
Segundo o deputado estadual João Paulo Rillo (PT), o orçamento é o argumento do governo para cortes sociais e o esvaziamento de programas nas áreas da educação, saúde e segurança pública, por exemplo.
Para Rillo, o estado deixa de garantir desenvolvimento por conta a precarização programada do governo.
“Eles transformaram o estado na imagem e semelhança da mascote do partido, o tucano, que só tem bico. São Paulo é o estado do bico. Agentes da saúde, da segurança pública e da educação têm de fazer bicos para sobreviver”, afirma o deputado.
Rillo conta ter acompanhado a visita dos à Secretaria de Educação, mas foi impedido de participar da reunião.
“Ele disse que não queria nenhum deputado na sala e não houve avanço em nenhum ponto das reivindicações”, contou Rillo.
Repressão – Após a reunião não exitosa com o governo de São Paulo, cerca de dois mil professores saíram em caminhada rumo à Marginal Tietê, onde pretendiam ocupá-la em sinal de protesto.
Antes de chegarem ao local, porém, os professores contam que foram recebidos pela tropa de choque da Polícia Militar do Estado de São Paulo (PM-SP).
“Contivemos a passeata e recuamos, pois haveria choque e o nosso movimento não é esse. Eles estão usando de todas as armas possíveis”, alerta Izabel.
Para Rillo, a decisão do governo Alckmin ao usar PM contra professores é uma atitude desastrosa para o governo.
“Ele se vinga dos professores porque eles têm a ousadia de enfrentar esse governo. E ele não tolera quem o enfrenta. A sociedade, por enquanto, está assistindo, mas isso tem um limite e vai se virar politicamente contra o governo.”, ressalta.
Proteção midiática – A dirigente do sindicato também critica a atuação da mídia e a falta de cobertura sobre a mobilização dos professores.
“Nossas passeatas não ganham destaque, mas o que aconteceu na secretaria, ontem, e a passeata do dia 12 de abril ganharam primeira página. A imprensa não valoriza os legítimos movimentos de base”, destacou Maria Izabel.
Rillo lembra que a oposição não tem voz na grande mídia, mas as redes sociais estão conseguindo furar esse bloqueio.
“A internet é o espaço onde está sendo feito o contraponto e tem gerado resultados. Nesse sentido, as mídias alternativas de oposição têm feito um bom trabalho”, afirma.
A reportagem entrou em contato com a Secretaria da Educação do Estado de São Paulo, mas não obteve respostas aos questionamentos enviados até a publicação do texto.
Por Guilherme Ferreira, da Agência PT de Notícias