Supersafra deve impulsionar o combate à inflação
Previsão de crescimento na produção de grãos sinaliza estabilidade nos preços de alimentos e menor impacto no custo de vida, em contraponto à alta dos regulados
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As previsões da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e da Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) sobre a nova safra de grãos podem ser contraponto à elevação dos preços regulados, de energia e combustíveis, principalmente, neste ano.
Ambas as instituições anunciaram crescimento da produção relativa ao período 2014/15, tanto em volume da colheita quanto em área cultivada. Produção abundante significa contenção de preços no varejo e alimentação mais barata – em síntese, maior controle sobre eventuais altas da inflação.
De acordo com o superintendente de Gestão da Oferta da Conab, Stelito Reis, safras robustas como a deste ano, em geral, reduzem o risco de desabastecimento do mercado, geram maior estabilidade nos custos dos alimentos e amenizam os impactos que eventuais pressões para elevação de preços ao varejo venham a ter sobre o custo vida.
“É uma ótima notícia, principalmente em relação às commodities (soja e milho, especialmente)”, garante. Os motivos são a confiança da indústria de alimentos ao saber que não vai faltar rações para engordar animais e produzir carnes (frango, boi e peixe) a preços estáveis; e, a balança comercial brasileira será menos pressionada para importar.
Adicionalmente, lembra Reis, os excedentes ainda podem ser exportados, trazendo receitas em dólar para o pais, o que melhora o cenário para geração de saldo positivo nas contas externas.
“Ao preço de hoje, o dólar valorizado auxilia na exportação, oferece mais condições para colocarmos nossos produtos fora do país”, explica, referindo-se à cotação da moeda americana.
O dólar predomina nas operações de vendas brasileiras ao exterior e está estabilizado em valores ligeiramente acima de R$ 3. Ou seja, além de não gastar com importação, uma supersafra pode aumentar as receitas nacionais com exportação.
Para fazer jus ao velho adágio utilizado pelo Papa Francisco, segundo o qual “Deus é brasileiro”, a ocorrência de boas safras neste ano em nível mundial vislumbra um cenário de estabilidade de preço também para o pãozinho, um dos alimentos mais consumidos no País. A necessidade de importar geralmente encarece o pãozinho no Brasil, especialmente quando a oferta internacional não atende à demanda.
Reis explica que, historicamente, o Brasil importa metade de suas necessidades de trigo, matéria prima do pão. “Não tem, no momento, pressão altista de preço sobre o trigo”, informa Reis.
Previsões da safra:
Conab – Produção: 202,23 milhões de toneladas, com crescimento de 4,4% ou 8,6 milhões de toneladas em relação à safra anterior (2013/14); área cultivada: 57,21 milhões de hectares ou 150,6 mil além do obtido no último ano. Crescimento de 0,3%.
IBGE – Produção: 201 milhões de toneladas, com crescimento de 4,2% ou 8,1 milhões de toneladas a mais que a obtida em 2014 (192,9 milhões de toneladas); área cultivada: 57,5 milhões de hectares ou 1,1 milhão de hectares adicionais. Crescimento de 2% em relação ao ano 2014.
Por Márcio de Morais, da Agência PT de Notícias