Falta de planejamento obriga rodízio no fornecimento de água em São Paulo
Em maio, o governo de São Paulo negou a possibilidade de rodízio
Publicado em
O Serviço Municipal de Saneamento Ambiental de Santo André (Semasa), no ABC paulista, anunciou na segunda-feira (20) a adoção de rodízio no fornecimento de água para a população, a partir de setembro. Segundo informou a empresa, a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) diminuiu, em 1º de julho, o fornecimento de água para a cidade, de 1,85 mil litros por segundo para 1,75 mil mil litros.
Segundo o deputado estadual Ênio Tatto (PT), diminuir a pressão da água é a providência tomada pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB) para enfrentar a crise hídrica. A pouca pressão “apenas” prejudica as pessoas que moram nas periferias, nos lugares mais afastados e mais altos, de acordo com Tatto.
“Toda a periferia de São Paulo, a região da Capela do Socorro, Parelheiros, Grajaú, Capão Redondo, enfim, toda essa população está sendo prejudicada pelo rodízio”, declara o deputado.
Para Tatto, “é uma farsa” dizer que não tem rodízio. O deputado conta que há regiões mais pobres onde falta água durante três dias da semana.
O rodízio “chapa branca disfarçado” vem ocorrendo desde meados de 2014, afirma.
Em maio deste ano, durante evento de saúde e bem-estar em um hotel na Zona Sul de São Paulo, Alckmin negou a possibilidade de rodízio nas regiões abastecidas pelo Sistema Cantareira. “É lógico que ele vai negar e nunca dizer que tem rodízio”, declara Tatto.
Segundo o deputado, o que ocorre em São Paulo é reflexo da falta de planejamento, não de água. “Alckmin foi alertado ainda em 2003”, quando se reelegeu governador do estado, lembra.
Em mais de 20 anos à frente do governo de São Paulo, o PSDB não fez as obras necessárias, como as de interligação de represas, ressalta também o petista.
“O Cantareira está vazio, mas no Guarapiranga tinha água. No alto Tietê estava vazio, mas na região de Itapecerica e São Lourenço também tinha. O PSDB não fez o dever de casa e agora tem de correr atrás do prejuízo e fazer as coisas na base da emergência”, condena.
Para o deputado, outro “grave” problema foi a venda de 49% das ações da Sabesp para o “mercado de papeis”, cujo lucro é distribuído entre os acionistas, ao invés de ser direcionado para investimentos em todo o sistema de abastecimento.
“A população está colaborando, fazendo a parte dela, mas não é uma coisa que se faz de uma hora para outra. É um absurdo as represas não estarem interligadas há muito tempo. Agora é que estão começando a fazer obras, inclusive com forte participação do governo federal”, destaca Tatto.
Por Guilherme Ferreira, da Agência PT de Notícias