Brasil caminha para novo modelo de desenvolvimento, afirma Mangabeira Unger
Ministro de Assuntos Estratégicos defendeu o ajuste fiscal como uma ponte que levará a economia brasileira a uma fase mais includente, autônoma e capacitadora
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Para o ministro da Secretaria de Assuntos Estratégicos, Mangabeira Unger, as medidas econômicas adotadas pelo governo da presidenta Dilma Rousseff, nos últimos meses, levarão o País a um novo modelo de desenvolvimento. Em uma longa entrevista publicada no site do Palácio do Planalto, o ministro explicou que o ajuste fiscal é uma espécie de ponte fundamental nesse momento de transição, não uma agenda nacional.
Mangabeira Unger assumiu a pasta pela segunda vez e é considerado um dos intelectuais mais influentes do mundo. Em 1971, o filósofo tornou-se um dos mais jovens professores da Universidade de Harvard.
De acordo com Mangabeira, a estratégia de crescimento anterior baseava-se na ampliação da renda popular, na massificação do consumo, na produção e exportação de commodities e produtos primários.
Com o esgotamento desse modelo, é preciso seguir outro. “Este caminho há de ser um produtivismo includente e capacitador. Uma democratização da economia do lado da oferta e da produção – e não mais apenas pelo lado da demanda e do consumo”, defende.
A nova estratégia, de acordo com o ministro, será construída sobre os eixos de qualificação do ensino básico, produtivismo includente e a política regional. “Tivemos grandes avanços nos últimos anos em matéria de acesso ao ensino”, lembra.
Segundo relatório da ONG Todos pela Educação, o Brasil caminha para a universalização do ensino fundamental. Atualmente, 98,3% das crianças entre 6 e 14 anos estão matriculadas na escola. O desafio agora, é substituir a “onda de acesso” por uma “onda de qualificação”.
O produtivismo includente, explica Mangabeira, depende de incentivar o empreendedorismo e a inovação, qualificar o modelo agropecuário – principal atividade econômica do País –, adotar ações para reverter a precarização da economia formal e a reforma do modelo legal e regulatório de desenvolvimento.
Para o ministro, a legislação de controle e a “confusão ambiental” são entraves ao desenvolvimento e ameaçam “virar uma camisa de força do gestor público”.
Como terceiro eixo, está a política regional. “Precisamos de um novo paradigma, de uma política que seja construída de baixo para cima, pelas próprias regiões”, declarou, ao defender que o governo aproveite e invista nas potencialidades locais para crescer.
Mudança social – O novo projeto de desenvolvimento tem uma base social concreta. “É o surgimento, no Brasil, de uma pequena burguesia empreendedora, milhões de brasileiros que lutam para abrir pequenos negócios, que se converteram a uma cultura de autoajuda e de iniciativa”, argumenta.
Atrás desses empreendedores “há uma multidão ainda maior de trabalhadores que ainda são pobres, mas se converteram a essa nova consciência”, acrescenta.
“A revolução brasileira hoje é o Estado usar os seus poderes e recursos para permitir a maioria seguir o caminho dessa vanguarda de emergentes. É para isso que serve a nova estratégia nacional do desenvolvimento”.
Leia a entrevista na íntegra.
Por Cristina Sena, da Agência PT de Notícias