Ferrovias têm mais cargas e vão investir R$ 7 bi em 2015
Projeções foram feitas pela Associação Nacional dos Transportadores Ferroviários (ANTF)
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Apesar da crise que se alastrou no cenário internacional, no Brasil, o setor de ferrovias tem lidado com um aumento do volume de cargas transportadas, que resiste às dificuldades da atual atividade econômica.
Além disso, as concessionárias de ferrovias devem fazer um investimento recorde de R$ 7 bilhões neste ano. Obras como a duplicação da Estrada de Ferro Carajás, a construção da Transnordestina e a implantação de terminais intermodais voltados ao agronegócio receberão esse aporte financeiro.
As projeções foram feitas pela Associação Nacional dos Transportadores Ferroviários (ANTF) e não englobam valores que ainda podem ser destravados com a renovação antecipada das concessões objeto de negociações com o governo.
Em junho, ao apresentar a segunda etapa do programa de concessões em infraestrutura, o governo fez uma estimativa de investimentos adicionais de R$ 16 bilhões em troca da extensão de contratos que expiram na próxima década.
O presidente da Frente Parlamentar Mista das Ferrovias, deputado Pedro Uczai (PT-SC), analisa que esse desempenho mostra que o setor acredita no Brasil e que não foi contaminado pelas questões políticas.
“Esse aumento no volume de cargas revela, além da competitividade dos produtos brasileiros, que o setor fez a leitura correta do momento conjuntural que o país vive. Por isso, apresenta esse resultado positivo”, afirmou.
Para Uczai, o governo da presidenta Dilma deu mais um passo fundamental para retomar o crescimento econômico ao investir em ferrovias. “Essa área é um indutor do desenvolvimento econômico. É um meio de transporte barato, seguro e ambientalmente sustentável. É um setor estratégico e o governo, ao retomar as concessões, contribui para a expansão dessa área estratégica e o efeito começa a surgir”, reiterou Pedro Uczai.
O diretor institucional da ANTF, Fernando Paes teceu elogios ao novo modelo de expansão da malha ferroviária anunciado pela presidente Dilma Rousseff e avalia que os projetos têm um “grau de amadurecimento maior”.
Crescimento – Neste ano, a movimentação de cargas transportadas deve aumentar 2,4% e superar o volume pré-crise, alcançado no fim da década passada. O indicador de produção do transporte ferroviário também vai crescer em ritmo semelhante e atingir 315 bilhões de toneladas por quilômetro útil (TKU), segundo previsão das concessionárias. “O setor tem conquistado ganhos de produtividade e eficiência”, afirma Paes.
Para a ANTF, uma das razões que explicam o crescimento da carga é o preço do frete ferroviário, em torno de 15% a 20% abaixo do rodoviário em muitos trechos. Em períodos de economia aquecida, a tendência dos empresários é privilegiar o menor tempo de entrega das mercadorias e optar pelos caminhões. Na crise, quando há mais flexibilidade para cumprir prazos, os trilhos tornam-se atrativos para quem normalmente não usa esse modal.
Outro ponto destacado pela associação é a queda no índice de acidentes desde que a malha foi privatizada, em 1997. De 75,5 acidentes por milhão de quilômetros percorridos pelos trens, o número já havia sido reduzido para 14,22 em 2011. Ainda ficava, porém, acima da referência mundial entre 8 e 13. Desde 2012, o indicador entrou no padrão internacional e continuou em trajetória descendente. No ano passado, chegou a 11,55.
Por Benildes Rodrigues, do PT na Câmara, com informações do jornal “Valor Econômico”