CPI da Petrobras: Youssef volta a dizer que não houve repasses para campanha de Dilma
Durante acareação na CPI da Petrobras na Câmara, o doleiro Alberto Yousseff e o ex-diretor de Abastecimento da Petrobrás Paulo Roberto Costa entram em contradição em depoimentos
Publicado em
Os dois principais delatores da Operação Lava Jato, o doleiro Alberto Yousseff e o ex-diretor de Abastecimento da Petrobrás, Paulo Roberto Costa, participaram nesta terça-feira (25) de uma acareação marcada pela CPI da Petrobras. A corrupção com o pagamento de propina em contratos da estatal brasileira para alguns políticos com foro privilegiado foi confirmada por ambos.
Durante a sessão, Youssef optou ficar em silêncio evitando responder as perguntas dos parlamentares. O direito de não se manifestar na CPI foi permitido pelo ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal, que lhe concedeu um habeas corpus. Com isso, o doleiro tem o direito de não se autoincriminar na acareação.
No entanto, Youssef confirmou que ninguém lhe pediu dinheiro para o ex-ministro Antonio Palocci para a campanha de 2010 da presidenta Dilma Rousseff e não quis revelar os nomes dos deputados que supostamente o ameaçam.
O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), foi acusado por Youssef de envolvimento em recebimento de propina para a contratação de estaleiros.
Enquanto Youssef resolveu ficar calado, o ex-diretor da Petrobras, aceitou colaborar com a comissão, mas ressaltou não ter “novidades para colocar”. Entretanto, detalhou que em sua área de atuação na estatal não tinha conhecimento sobre eventos e contratos firmados. A compra da refinaria de Pasadena, nos EUA, segundo Costa foi de responsabilidade do Conselho de Administração da Petrobras.
Em 2006 a refinaria foi comprada por US$ 1,8 bilhão. Porém, um ano antes, o valor da compra teria sido de US$ 42,5 milhões.
A compra da petroquímica Suzano pela Petrobras teve a palavra final do ex-presidente da estatal Luiz Sérgio Gabrielli, disse Costa, que também enfatizou que os casos de corrupção aconteceram em outras áreas da Petrobras, como em Angra 3 e na usina de Belo Monte.
Ambos foram questionados porque fizeram delação premiada. Youssef diz que “foi a melhor coisa a fazer” e que dentro do escândalo de corrupção representava “uma peça nesta engrenagem”. Roberto Costa informou que em conversa com sua família todos concordaram com a delação, já que no contexto geral da investigação ele representava uma “parte pequena” diante de todos os envolvidos.
Costa confirmou ter recebido de Fernando Soares, o Fernando Baiano, que está preso em Curitiba (PR), o valor de de US$ 1,5 milhão para “não atrapalhar” a compra da refinaria de Passadena, nos Estados Unidos.
“Confirmo o teor dos meus depoimentos anteriores. Recebi essa quantia de Fernando Soares. Toda a compra foi conduzida pela área internacional e aprovada pelo conselho de administração da Petrobras”, disse.
Repasses – Yousseff confirmou também repasse à Paulo Roberto Costa e ao PP valores recebidos da Odebrecht. O doleiro não detalhou os valores pagos.
Tanto Youssef quanto Costa, voltaram a dizer que a empreiteira Camargo Correia pagou propina ao então presidente do PSDB, Sérgio Guerra, morto em 2014 o valor de R$ 10 milhões para esvaziar a CPI da Petrobras.
Por Michelle Chiappa, da Agência PT de Notícias