Cresce 49% número de reclamações por falta d’água em São Paulo

No melhor cenário, com chuvas 25% acima da média para o mês, o Cantareira terá 11,1% de seu volume total, considerando a água do volume morto. Em outubro do ano passado, o volume era de 17,1%.

As 153,8 mil reclamações por falta de água na capital paulista, entre janeiro e julho, representam um número 49% maior que o registrado no mesmo período de 2014.

O bairro de Santana, na zona Norte, registrou o maior número de reclamações, com 18.013.

Para o deputado estadual Alencar Santana (PT-SP), a situação reflete a contradição do discurso do governador Geraldo Alckmin (PSDB) com a realidade. Segundo ele, a população percebe a falta d’água no dia a dia, com horas diárias de torneiras secas, mesmo diante da negativa do tucano.

“O discurso do governador de que não há falta de água em São Paulo e não tem racionamento é mentiroso. As pessoas estão sentindo no dia a dia a falta d’água desde o ano passado e este ano, de forma brutal”, afirma.

Em São Mateus, zona Leste, o índice foi 238% maior, passando de 1.405 para 4.750. Outras duas regiões onde o índice de reclamações passou dos 200% foram Sé e Ipiranga. Na primeira, as reclamações saltaram de 2.375 para 7.792. Na segunda, os números passaram de 1.935 para 5.834.

Mesmo em áreas consideradas nobres, como Jardins e Vila Madalena, na zona sul, houve aumento no número de denúncias. Nos Jardins, as reclamações passaram de 2.965 para 6.496. Na Vila Mariana, saltaram de 2.626 para 5.665. As reclamações dobraram na Freguesia do Ó e no Butantã, indo de 7.151 para 14.628 e de 8.814 para 16.708, respectivamente.

De acordo com o deputado, a redução da pressão nas canalizações é um racionamento que atinge as camadas mais populares do estado de São Paulo, que sofrem com a falta d’água.

“Isso demonstra a gravidade da crise e que medidas deveriam e devem ser tomadas para reduzir os problemas e que no futuro não aconteçam mais problemas”, afirma.

Em nota, a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) classificou como “previsível” o aumento das reclamações. “Com a redução da produção de água de 27% desde o início da crise hídrica, era previsível que o número de reclamações aumentasse no período, justifica.

“Nos meses de janeiro e fevereiro/2014, a produção de água se mantinha acima dos 71 m³/s e as ações para combater o desperdício ainda não tinham sido implantadas. Em julho/15, a produção caiu para 51,8 m³/s”, diz a nota.

De acordo com um modelo criado por professores da Universidade de São Paulo (USP) e da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (Unesp), no melhor cenário, com chuvas 25% acima da média para o mês, o Cantareira terá 11,1% de seu volume total, considerando a água do volume morto. Em outubro do ano passado, o volume era de 17,1%.

De acordo com o deputado, se as medidas tivessem sido tomadas quando se anunciou a crise hídrica, em 2014, a capacidade de abastecimento de água seria hoje “bem maior”.

Houve omissão, acusa o deputado, e agora a população está diante de uma situação crítica, contando simplesmente com a natureza e deixando de fazer coisas definitivas.

“Enquanto isso, fazem coisas equivocadas, como uma obra contratada de forma emergencial para a transposição do rio Guaió, que até o momento não tem água”.

Por Guilherme Ferreira, da Agência PT de Notícias

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