Premiado por gestão hídrica, Alckmin não entrega caixas d’água emergenciais
As caixas d’água serviriam para amenizar os efeitos de 13 a 20 horas diárias de torneiras secas, consequência de cortes no abastecimento e diminuição da pressão da água nas tubulações
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O governo São Paulo está atrasado com a distribuição de caixas d’água a famílias de baixa renda, vítimas do racionamento de água no estado. O fato acontece na mesma semana em que o governador Geraldo Alckmin (PSDB) foi recompensado com o Prêmio Lúcio Costa de Mobilidade, Saneamento e Habitação, oferecido pela Comissão de Desenvolvimento Urbano (CDU) da Câmara dos Deputados.
De acordo com reportagem do jornal “Folha de S. Paulo” desta sexta-feira (25), das 25 mil unidades programadas para até junho, 15 mil foram entregues.
O pedreiro José Damião Teodósio, morador do bairro de Itaquera, zona leste da capital, questiona o prêmio por boa gestão de recursos hídricos, recebido pelo governador. Lá, a falta d’água diária dura das 17:00h às 05:00h.
“Quem merece prêmio somos nós, que ficamos o dia inteiro sem água. Ele ganha prêmio, e a gente ganha o quê? Aumento. A gente não tem água e a conta vem alta, vai entender”, declarou Teodósio.
O morador da Vila Esperança da Caixa D’Água, na zona norte da capital, José Carlos Marciano, cadastrou-se na associação dos moradores e construiu uma pequena estrutura de concreto, pois foi informado que só receberia o equipamento a residência com estrutura.
“Disseram que se as casas que não tivessem estrutura, não receberiam. Então me preparei, mas até agora, nada. É claro que faz diferença, sem isso a gente fica sem água o dia inteiro”, declarou o gari.
Marciano e seu vizinho, o ajudante geral Ricardo Alves de Brito, acordam cedo todos os dias para encher baldes e bacias que distribuem pelas casas. Sem essa água colhida pela manhã, segundo Marciano, não há como fazer absolutamente nada.
“Se não for por essa água, eu não tenho descarga, não cozinho, não lavo a louça e não tomo banho”, relatou o gari.
Outro morador da Vila Esperança da Caixa D’Água, o bancário Emerson de Souza, investiu R$ 1500 em uma estrutura de ferro com uma plataforma em cima, no meio da viela onde mora.
A negligente e diária falta d’água são uma ameaça ao agravamento da bronquite dos dois filhos de Dalva Gomes, cujos banhos são de caneca.
“Meus dois filhos têm bronquite e, sempre que eu vou ao posto de saúde, o médico briga comigo. Diz que eu não posso dar banho de canequinha. Mas o que eu vou fazer se o horário em que tem água no chuveiro eles estão na escola?”, questionou Dalva.
Em resposta à reportagem, a Sabesp divulgou nota em que afirma que o atraso ocorre devido à “complexidade das regiões e disponibilidade do cliente para o recebimento do equipamento”.
Em função de a maior parte das famílias não se encontrar em casa, durante os dias úteis, a empresa programou as entregas para os finais de semana. Com a medida, ela esperava entregar as 25 mil caixas até agosto.
Porém, a Sabesp não soube responder à reportagem se houve entregas de caixas d’água no último fim de semana.
Da Redação da Agência PT de Notícias