Marcio Pochmann: A operação Zelotes coloca o dedo na ferida
Na entrevista, o economista avaliou a conjuntura econômica, comentou o julgamento do TCU, o desenrolar da Operação Zelotes e apresentou os programas da FPA
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Presidente da Fundação Perseu Abramo, o economista e professor da Unicamp, Marcio Pochmann, é o entrevistado da semana na #EntrevistaLD, do portal e da webrádio Linha Direta.
Na entrevista, o economista avaliou a conjuntura econômica, comentou o julgamento do TCU e apresentou os programas da FPA
Pochmann também falou sobre o documento “Por um Brasil mais justo e democrático”, lançado por ele, em conjunto com outros 200 profissionais, entre economistas, advogados, urbanistas e intelectuais, com o objetivo de oferecer alternativas à crise econômica. Entre as propostas apresentadas, na entrevista, ele citou a revisão do papel do Banco Central, a política cambial e o indicador de inflação, o IPCA. “Na verdade, estamos oferecendo proposições que alterariam o tripé macroeconômico que vem sendo aplicado desde 1999.”, diz.
Mesmo sofrendo com ataques da grande imprensa, ele avalia que o documento “Por um Brasil mais justo e democrático” já tem dado seus primeiros resultados e pode contribuir ainda mais para aprimorar o diálogo sobre a economia brasileira.
Ele ainda comentou os novos padrões de consumo e a qual deve ser a posição do governo Dilma pós-ajuste econômico. “Nós estamos no 10º mês do segundo mandato da presidenta Dilma e continuamos refém do curto-prazo. Estamos, de uma maneira geral, respondendo questões do ajuste fiscal. O ajuste da economia é importante, mas não é suficiente”, diz. Segundo ele, um governo eleito para um mandato de quatro anos tem que apresentar propostas para médio e longo prazo e uma política pós-ajuste pode fazer o país voltar a crescer e ter mais condições de equilibrar as finanças públicas, além de dar sustentação as programas sociais.
O presidente da FPA ainda comentou sobre a possível volta da CPMF, a repatriação de capitais e a auditoria da dívida pública. Ele também falou sobre a importância da Operação Zelotes e o combate à sonegação de impostos. “A operação Zelotes coloca o dedo na ferida”, diz.
Ele avalia que a Zelotes pode ser tornar um marco. “Nós temos a possibilidade dessa operação mostrar quem são os sonegadores, aqueles que corromperam funcionários do Estado, para poder ter privilégios, pagando menos impostos”, frisa.
Segundo ele, no Brasil, existe um Estado muito corajoso para cobrar impostos dos pobres e, de certa maneira, menos cuidadoso na arrecadação dos ricos.
Ao final, ele deixou um recado à militância compreender que a conjuntura é difícil e exige reflexão, mas também de posição. Pochmann falou para a militância lembrar do que aconteceu em 1985, quando o Partido dos Trabalhadores decidiu não participar do Colégio Eleitoral na escolha indireta do presidente da República. “O passar do tempo mostrou que o PT estava certo e isso o tornou mais forte”, diz.
“Nada dos ataques que estamos sofrendo agora, nos impedirá de continuar nossa trajetória para os próximos tempos”, disse. O presidente da FPA concluiu frisando que o Partido dos Trabalhadores é o único com capacidade de transforar o Brasil, principalmente olhando para os que mais precisam.
Por Cláudio Motta Jr, do Linha Direta