Beto Almeida: Dilma, Jango, a CUT e as lições da história

Importantíssima a presença da presidenta Dilma Rousseff no 12º Congresso Nacional da CUT, especialmente por trazer de novo ao centro político a relação com as forças dinâmicas que forram decisivas…

Presidenta Dilma Rousseff, durante cerimônia de abertura do 12º Congresso Nacional da CUT - CONCUT. Foto: Roberto Stuckert Filho/PR

Importantíssima a presença da presidenta Dilma Rousseff no 12º Congresso Nacional da CUT, especialmente por trazer de novo ao centro político a relação com as forças dinâmicas que forram decisivas para sua eleição e reeleição. Da mesma forma, são decisivas para a estabilidade do governo, ameaçado pelo golpismo. De nenhum modo se pode permitir a repetição de erros históricos ante a imperiosa obrigação de defesa da democracia, ainda com as insuficiências evidentes do governo.

Às vésperas do golpe de 1964, havia inúmeras greves organizadas pela CGT contra certas políticas setoriais do governo Jango. Era razoavelmente fácil a realização destas greves.. No entanto, apesar de registrar uma popularidade de 73 por cento – informação que foi escondida dos brasileiros por décadas – o governo Jango foi derrubado sem ter esboçado uma reação à altura de sua popularidade. E olhe que aquele era um governo que havia decretado o 13º salário, aumentado em 100 por cento o salário mínimo, controlado as remessas de lucros, alfabetizava em massa (Paulo Freire), ampliou relações com a URSS e China, nacionalizava a indústria do petróleo e lançou as Reformas de Base. E foi derrubado sem nenhuma reação dos sindicatos, todo o grevismo virou paralisia!

É importante que esta experiência não se repita hoje e que não se permita que o governo não perca uma de suas características fundamentais, o de ser baseado nos sindicatos. Tal como o PT, com todas as dificuldades, é um partido baseado nos sindicatos. Por si só, Dilma, Lula e Mujica num congresso da CUT, é uma poderosa mensagem convocatória para resistir ao golpe.

A ênfase de Lula ao conclamar a CUT a dar apoio incondicional ao governo contra o golpismo já é fruto da lição amarga retirada do grevismo inconsequente contra Jango, que, no momento decisivo não foi capaz de uma posição sequer em defesa de um governo nacionalista e popular, com maiores avanços até do que os obtidos atualmente. A ditadura que se implantou com o golpe de 64 foi decididamente anti-trabalhador, anti-sindical e proporcionou um dos maiores arrochos salariais da história brasileira.

Por mais insuficiente que seja o atual governo, qualquer articulação golpista vencedora, judicial ou parlamentar, não importa, terá como meta um arrasa quarteirão nas conquistas dos últimos 13 anos, além de lançar uma perigosíssima perseguição ao PT e a sua relação com os sindicatos e movimentos sociais, que também serão implacavelmente perseguidos.

Estas são experiências que não podem ficar fora da mesa de trabalho da CUT um só dia!

(Artigo inicialmente publicado no site ‘Brasil Popular‘, no dia 19 de outubro de 2015)

Beto Almeida é membro do Diretório Telesur

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