ABGLT elege a primeira travesti como presidenta da entidade

Symmy Larrat, petista, do norte do Pará, assumiu a presidência da Associação Brasileira Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais

Marcello Casal Jr/Agência Brasil

Symmy Larrat é a nova presidenta da ABGLT

No dia 11 de agosto ocorreram as eleições da nova diretoria da Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (ABGLT), que elegeu Symmy Larrat como a primeira presidenta travesti a ocupar o cargo da entidade, juntamente com os vices Heliana Hemetério e Renan Palmeiras.

Simmy, nascida do Belém do Pará, foi a primeira travesti coordenadora-geral de Promoção dos Direitos LGBT da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República durante o governo da presidenta eleita Dilma Rousseff. Ela coordenou também o programa Transcidadania, na gestão Fernando Haddad, que foi o maior programa da América Latina específico para a população de travestis e transexuais. Hoje, aos 39 anos, além de ser a nova presidenta da ABGLT, compõe a direção da secretaria nacional LGBT do Partido dos Trabalhadores.

Filiada ao PT, junto com os vices que integram a nova direção da associação, Symmy se torna símbolo da luta e dos avanços voltados para essa pauta dentro do partido. O secretário nacional LGBT do PT, Carlos Alves, diz que a eleição da primeira travesti como presidenta é um grande avanço, ainda mais na atual conjuntura do país. “A vitória de Larrat é uma ação de luta contra esse momento fascista que estamos vivendo”, afirma.

Criação da Secretaria LGBT do PT

O PT foi o primeiro partido a criar um núcleo de organização do movimento LGBT e agora passa a constituir a setorial como secretaria, dando empoderamento a essa pauta dentro do partido. A reivindicação dos filiados e filiadas é que essa pauta passasse a ocupar o mesmo nível de importância e de instância das demais secretarias que estão na executiva.

No 6° Congresso, o Diretório Nacional aprovou resolução que cria a Secretaria Setorial Nacional LGBT, então, a setorial passou a ter espaço com direito a voz no Diretório Nacional e na Comissão Executiva Nacional.

Carlos ressaltou que é uma vitória para o movimento LGBT e para o PT, por ser o primeiro partido historicamente da esquerda brasileira que contribuiu para esse debate. “Estamos avançando, mas não precisamos ter só a secretaria, precisamos que o partido nos apoie, nos empodere, nos fortaleça e nos dê mídia e visibilidade para construir esses espaços junto com a gente”, diz.

Symmy também vê como um grande avanço a criação da secretaria dentro partido. “É um momento muito importante para a gente, porque traz de volta o lugar do PT no combate às violências contra pessoas LGBT e na promoção da cidadania dessa população”, declara.

Ainda nesse tema, Larrat ressalta que a luta não deve ser só pautada para fora do partido, mas principalmente dentro. “Nós precisamos elaborar dentro do partido, precisamos dialogar com os companheiros e companheiras e deixar nítido que não há nenhum tipo de revolução e nenhum tipo de avanço progressista na sociedade que não leve em consideração todas essas populações vulneráveis, dentre elas, a população LGBT”, conclui.

Diretório Nacional do PT aprova criação da Secretaria Setorial LGBT

Gleisi Hoffmann como marco nesse processo

A eleição da primeira mulher como presidenta do Partido dos Trabalhadores chama atenção da grande onda de representatividade nos últimos meses. Mesmo após o golpe contra a presidenta eleita, Dilma Rousseff, a luta das mulheres e de diversos movimentos buscaram –e ainda buscam– não só a volta da democracia, mas de uma representatividade efetiva.

Alves destaca que a senadora Gleisi é um marco por ser a primeira mulher presidenta do partido. “Gleisi traz a força feminina da luta das mulheres para o PT, que ainda tem muito da sociedade patriarcal machista, e com sua eleição, fortalece a luta contra o preconceito, inclusive contra o machismo e a LGBTfobia”, declara.

Janaína Oliveira, do Coletivo LGBT-DF, relembra que quando a senadora ainda era candidata, a setorial e os militantes apresentaram a necessidade de ter a pauta LGBT na Executiva e, desde o início, ela se comprometeu com uma relevância maior dentro do partido.

“Todos nós nos organizamos no sentido do que íamos dizer a ela para defender a criação da secretaria, mas na verdade nem precisamos concluir, ela entendeu a importância da pauta e sabia que precisava ter a mesma visibilidade que os demais temas tinham e, de imediato, assumiu esse compromisso”, diz.

Para Alves, Gleisi à frente do partido, o processo de eleição da Symmy, a criação da secretaria e o PT fortalecendo os movimentos sociais e a luta LGBT aponta para uma luta mais forte contra o fascismo, contra o golpe e em defesa do ex-presidente Lula para representar o povo em 2018.

Por Letícia Viola, da Agência PT de Notícias

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