Aeroporto de Brasília é referência de concessão de sucesso
Nova rodada de concessões de aeroportos, rodovias, ferrovias e portos será anunciada pelo governo nesta terça-feira (9) para atrair de R$ 130 a R$ 190 bi
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A operadora de caixa Marie Julie, de uma loja de varejo aeroportuário, trabalha há apenas um ano no Aeroporto Juscelino Kubitschek, de Brasília. Nesse período, Julie atendeu milhares de turistas nacionais e estrangeiros e passou a conviver com funcionários de mais de 80 lojas instaladas nos 110 mil metros quadrados do terminal, consolidados com a concessão dos serviços aeroportuários, há pouco mais de dois anos atrás.
Com esses milhares de interlocutores, a atendente aprendeu uma lição: a transferência da operação do terminal para a iniciativa privada, iniciada em 1º de dezembro de 2012, representou um salto de qualidade na oferta de serviços aos viajantes e de emprego estável para milhares de comerciários e prestadores de serviços de áreas como alimentação, roupas, livros e discos, presentes e lembranças.
Antes administrado pela estatal Infraero, o aeroporto da capital não para de colecionar recordes sob a gerência da administradora Inframérica, resultado da fusão entre a construtora Engevix e a argentina Corporación America.
Em dois anos da Inframérica, o aeroporto de Brasília passou do quarto maior em movimentação de passageiros no país para segundo, atrás apenas do terminal de Guarulhos, em São Paulo. Além disso, o terminal conquistou o terceiro posto em movimentação internacional.
“O aeroporto ficou muito mais organizado, deu muito mais movimento e crescimento nas vendas, especialmente devido aos turistas estrangeiros em conexão”, afirma Marie Julie, sempre solícita e sorridente. O estabelecimento em que trabalha possui mais de 600 lojas em aeroportos, rodoviárias e ferroviárias em todo o planeta.
Do outro lado do balcão, a oficial de projetos Juliana Alves Soares, do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), considera o aeroporto de Brasília o melhor entre os que passaram pelo processo de concessão no primeiro governo Dilma Rousseff, como os de Natal (RN), Guarulhos (SP) e Galeão (RJ).
“Além de ser o mais bonito, amplo, aberto, agradável, destaco a praticidade do serviço de internet wi-fi (sem fio), que facilita a comunicação enquanto aguardo o embarque, e a oferta de mais banheiros ao público – até a água do bebedouro funciona”, observa.
Juliana gosta também da diversidade de lojas. Mesmo quando não faz compras, a diversidade de produtos em oferta ajuda a tornar a espera mais agradável, acredita ela.
“Muitas lojas significam bom passatempo para o viajante”, define a técnica da Organização das Nações Unidas (Onu), ao realizar uma operação de conexão à internet enquanto saboreia um café expresso com pão-de-queijo sentada em uma das lanchonetes do aeroporto brasiliense.
Atento ao movimento de passageiros, o atendente de check-in e embarque Danilo Carvalho, da TAM, lembra que até o número e duração dos atrasos de voos tornaram-se mais escassos e curtos.
“Melhorou bastante: tinha muito atraso”, recorda Carvalho, ao destacar que nem o fluxo muito maior de passageiros em conexão internacional impediu que a pontualidade se consolidasse como marca registrada do terminal da capital do país.
Com R$ 1,2 bilhão em investimentos, o aeroporto de Brasília tornou-se também o de maior capacidade de pista do país, com até 60 voos por hora (um por minuto), entre pousos e decolagens.
Isso permitiu que, entre janeiro e junho de 2014, o terminal se tornasse o segundo maior em movimentação, com 8,6 milhões de passageiros, deixando para trás terminais como Galeão (RJ, com 8,4 milhões) e Congonhas (SP, com 8,5 milhões).
Em comparação com o mesmo período anterior, o crescimento foi de 13% no movimento de passageiros. Guarulhos movimentou no mesmo período 19 milhões de passageiros. As obras para ampliação e melhoria do aeroporto ainda não terminaram.
Concessões – A tentativa de replicar casos de sucesso como o do aeroporto de Brasília é que move a iniciativa do governo em lançar, na manhã desta terça-feira (9), o novo pacote de concessões de serviços em áreas como aeroportos, rodovias, ferrovias, portos e outras áreas.
O anúncio da presidenta está marcado para as 10h, no Palácio do Planalto. As análises técnicas sobre o pacote, debatidas no domingo (7) pela presidenta Dilma com ministros das áreas econômica e de infraestrutura, estimam em R$ 130 a R$ 190 milhões o volume de investimentos para execução dos editais de licitação a partir deste ano, conforme relevado pelo jornal “Folha de S. Paulo” na edição desta segunda-feira.
A cerimônia de anúncio vai mobilizar investidores, governadores, empresários, prefeitos – todos convidados pelo Planalto a participar do processo de lançamento do pacote de privatização de serviços públicos de mobilidade.
O governo anunciou a intenção de adotar o regime de PPP (Parcerias público privadas) para realização das concorrências públicas, com financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
Por Márcio de Morais, da Agência PT de Notícias