Ainda como presidente, Bolsonaro recebeu dinheiro vivo de empresário
Com a interceptação de mensagens do celular do ex-ajudante de ordens Mauro Cid, PF descobriu mais uma suspeita de crime do extremista de direita
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O último dia do desastroso mandato de Jair Bolsonaro foi marcado pelo cometimento de mais um crime. A Polícia Federal interceptou mensagens no celular do tenente-coronel e ex-ajudante de ordens Mauro Cid que evidenciam que o ex-presidente “recebeu um envelope com dinheiro vivo de Samuel Oliveira, genro do empresário do agronegócio Paulo Junqueira, no final do ano de 2022, pouco depois de ter chegado aos Estados Unidos”, revelou o colunista Aguirre Talento, do portal Uol, em sua coluna de terça-feira (9).
As mensagens constam no inquérito que o ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes, tornou público nesta segunda-feira (8). A Polícia Federal identificou o recebimento do envelope com dinheiro em espécie por Bolsonaro durante a apuração do caso sobre o desvio das joias.
“Diante dessas conversas (entre interlocutores de Bolsonaro), ficou evidente que Samuel entregaria uma encomenda (dinheiro) para o ex-presidente Jair Bolsonaro, ainda no ano 2022, enquanto ainda exercia o cargo de Presidente da República do Brasil”, diz trecho do relatório da Polícia Federal publicado no portal Uol por Aguirre, que postou sobre o assunto também em seu perfil na rede X.
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Bolsonaro recebeu dinheiro vivo de genro de empresário, indicam mensagens https://t.co/8bu2jsvHH3 via @UOLNoticias @UOL
— Aguirre Talento (@aguirretalento) July 9, 2024
Fato é que Bolsonaro não só usou o avião presidencial para fugir do país dia 30/12/22 e não passar a faixa a Lula, como levou no voo joias surrupiadas do Estado brasileiro e, ao chegar em Orlando (EUA), recebeu um envelope entregue por Samuel contendo dinheiro vivo. E o detalhe é que o dia da entrega do dinheiro era 31/12/22, ou seja, Bolsonaro ainda era presidente da República.
Junqueira confirmou que seu genro Samuel fez pagamentos para a equipe de Bolsonaro. “O empresário confirmou que houve entrega de dinheiro, mas disse que seria para custear despesas de reparos na casa”, divulgou a coluna do portal Uol, junto com trecho da fala de Junqueira, empresário do agronegócio e presidente do Sindicato Rural de Ribeirão Preto (SP).
“Ele foi entregar o imóvel pra eles, a chave. Tinha alguns reparos para serem feitos na casa, e o Samuel, se não me engano, por que eu não tava lá né, aí você teria que falar com o Samuel, entregou alguma coisa pra eles assim pra que fosse feito algum reparo, alguma coisa no imóvel. Mas sem dúvida alguma foi um valor irrisório. Parece que também que o Samuel, se eu nao me engano foram feitas também algumas compras com o cartão”, declarou Junqueira ao colunista Aguirre Talento.
Depois, mudou o discurso. “Da minha parte, não foi pedido pra entregar, e nem acredito que o Samuel tenha entregue absolutamente nada para o presidente Bolsonaro. Eu cedi o imóvel pra ele ficar, ele não foi pro meu imóvel no início da temporada que ele teve lá, ele ficou num outro imóvel”, afirmou. Ao chegar em Orlando, Bolsonaro se hospedou na casa do lutador de MMA, José Aldo por um mês e depois foi para a casa de Junqueira, onde ficou por dois meses.
“Pode ser que o Samuel tenha entregue alguma coisa, não para o presidente Bolsonaro. Pra que alguma coisa tenha sido arrumada, alguma coisa nesse sentido, entendeu. Te garanto também que foi alguma coisa irrisória”, disse.
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Provas no celular de Cid contradizem empresário
A PF achou no celular de Mauro Cid troca de mensagens que apontam para a confirmação da entrega de dinheiro em espécie a Bolsonaro enquanto ainda era presidente.
O jornalista Talento Aguirre publicou as conversas interceptadas pela Polícia Federal. Um funcionário da Ajudância de Ordens comunicou Mauro Cid sobre a visita de Samuel. “Compras foram feitas e a casa já está abastecida. A cobertura da área da piscina foi finalizada para garantir a privacidade. O Samuel (genro do Paulo) prefere ir encontrar o PR amanhã para entregar a encomenda”.
Segundo o relatório da PF, em trecho publicado pelo Uol, Cid perguntou ao segurança de Bolsonaro, coronel Marcelo Câmara, se houve a entrega do dinheiro. Ele confirmou, disse que ficaria com parte do dinheiro e que cumpria demandas da primeira-dama Michelle.
“Sim entregou. E eu passei para o cordeiro [Sérgio Cordeiro, também integrante da equipe de segurança]. Aí ele vai falar com o PR. Avisei para deixar uma parte comigo para controle. A PD me manda msg pedindo as coisas eu faço”, respondeu.
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Da Redação