Alckmin muda critério para contabilizar mortes provocadas por policiais

Secretaria do governo tucano adota nas estatísticas apenas mortos “no cumprimento do dever” para esconder a violência de policiais em atividades criminosas

(Foto: Edison Temoteo/Futura Press/Estadão Conteúdo)

O governo de Geraldo Alckmin (PSDB-SP) modificou a metodologia do levantamento sobre a letalidade policial em São Paulo. Com a mudança, feita pela Secretaria de Segurança Pública (SSP) do estado, são apenas classificados como letalidade policial os casos em que policiais militares ou civis matam em cumprimento do dever.

Isso deixa de fora os casos de violência policial como em chacinas, como explicou o secretário de Segurança Pública, Alexandre de Moraes, nesta segunda-feira (26).

Segundo ele, quando um policial mata fora do cumprimento do dever, essas mortes passaram a ser classificadas como homicídios e deixaram de fazer parte do balanço de letalidade policial.

Na avaliação do secretário, a nova metodologia não esconde os dados de mortes provocadas por policiais de forma ilícita, ou seja, criminosa, como em casos de chacinas.

Porém, o presidente do Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana (Condepe), Rildo Marques, discorda do secretário. Para Marques, a nova metodologia esconde, sim, as mortes provocadas por policiais.

“Claro que não é transparente. Com isso ele vai fazer cair o número de participação de policiais em mortes de civis”, disse.

Para o presidente do Condepe, a maneira de apresentação do dado é uma forma de diminuir a participação de policiais no balanço.

Já ouvidor das Polícias do Estado de São Paulo, Julio Cesar Fernandes Neves, disse que a mudança de metodologia “foi uma surpresa”, embora tenha notado alterações na forma de divulgação dos dados.

“No Diário Oficial vem constando todas as formas. Mas na hora de divulgar para a imprensa, divulgam de outra forma”, afirmou o ouvidor.

De acordo com Julio Cesar, “é necessário que as mortes provocadas por policiais sejam computadas como letalidade policial. Se policial mata, tem que entrar na letalidade”. O ouvidor ainda afirmou que não sabe “qual é o objetivo dessa mudança”.

Da Redação da Agência PT, com informações da “Rede Brasil Atual”

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