Alexandre Silveira pede investigação da PF sobre queda de energia no país

Ministro de Minas e Energia disse ser necessário apurar se houve ação humana no episódio que atingiu 25 estados e o DF

Joedson Alves/Agência Brasil

Silveira: "Vamos encaminhar tanto à PF quanto para a Abin a instauração de procedimentos para apurar eventuais dolos nesse ocorrido de hoje"

O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, afirmou, nesta terça-feira (15), durante entrevista coletiva, que pedirá ao governo que a Polícia Federal e a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) investiguem se a ação humana foi a causa da interrupção do fornecimento de energia elétrica que afetou, pela manhã, 25 estados e o Distrito Federal.

“Por se tratar de um setor altamente sensível, além de determinar as apurações devidas e internas pelo ONS, Aneel e nossas vinculadas, estou oficiando ao Ministério da Justiça, para que seja encaminhada à Polícia Federal um pedido de instauração de inquérito policial para que apure com detalhes o que poderia ter ocorrido, além de diagnosticar apenas onde ocorreu. Vamos encaminhar tanto à PF quanto para a Abin a instauração de procedimentos para apurar eventuais dolos nesse ocorrido de hoje”, disse Silveira.

Em janeiro deste ano, a Polícia Federal abriu inquéritos para apurar possível motivação política por trás de pelo menos 16 ataques a torres de transmissão de energia elétrica em três estados, o que inclui a derrubada de várias dessas estruturas. A onda de vandalismo começou após a frustrada tentativa de golpe de Estado perpetrada por seguidores de Jair Bolsonaro, em 8 de janeiro.

Durante a coletiva, o ministro assegurou que o episódio desta terça-feira não tem qualquer relação com a segurança energética do país. “O ocorrido de hoje não tem nada a ver, absolutamente nada a ver com o suprimento energético e a segurança energética do Brasil. Nós vivemos um momento de abundância dos nossos reservatórios”, afirmou o ministro.

Silveira disse que, por essa razão, o problema é “extremamente raro” de ocorrer. “O que aconteceu hoje é extremamente raro que aconteça, porque nós temos um sistema redundante. Para acontecer um evento dessa magnitude, nós temos que ter tido dois eventos concomitantes, em linhas de transmissão de alta capacidade. Ou seja, é extremamente raro que aconteça o que aconteceu no episódio de hoje”, argumentou. “Os dados técnicos serão passados no momento adequado. Serão passados nas próximas 48 horas”.

Silveira informou que o problema foi causado por um “evento” no Ceará e outro em local ainda não detectado pelas autoridades. “Foi um fato que causou a interrupção na Região Norte e Nordeste e, por uma contingência planejada do ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico), minimizou a carga das regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste, para que não houvesse a interrupção total dessas regiões”, sublinhou o ministro. “Um dos eventos já apontados pelo ONS aconteceu no Norte do Nordeste, mais precisamente na região do Ceará. O outro evento possível ainda não está detectado pelo ONS”.

Privatização

Durante a coletiva, o ministro foi perguntado sobre a possibilidade de o problema no sistema ter alguma relação com a privatização da Eletrobras, ocorrida no ano passado, e com a renúncia de Wilson Ferreira Júnior da presidência da empresa, anunciada na segunda-feira (14).

“Primeiro que todos conhecem a minha posição com relação à privatização. Um setor estratégico para a segurança do país, inclusive, para a segurança alimentar, para a segurança energética, como setor elétrico de um país, em especial com a dimensão territorial que é o Brasil, na minha visão, não deveria ser privatizado. Deveria ter uma função estatal”, afirmou Silveira. “Portanto, a minha posição é de que a privatização da Eletrobras, no modelo em que ela ocorreu, ela fez, sim, mal ao sistema”.

O ministro lembrou que a Eletrobras era o braço operacional do setor elétrico brasileiro, responsável por mais de 40% da transmissão nacional, mais de 36% da geração do país. Ele acrescentou que a privatização, ocorrida às vésperas das eleições, gerou “instabilidade para o sistema elétrico nacional”. “Realmente, os brasileiros e brasileiras perderam muito com a privatização da Eletrobras”, lamentou.

Gleisi

A presidenta do PT, deputada federal Gleisi Hoffmann (PR), da mesma forma que o ministro, disse que o país foi altamente prejudicado com o processo de privatização da Eletrobras.

“Seis horas sem energia elétrica no Brasil, e não é só na região Norte, atingiu o Sudeste, atingiu o Nordeste. Por que isso? Privatização da Eletrobras”, afirmou a parlamentar. Ela lembrou que, além da venda, a empresa passou por um processo de desinvestimento, com prejuízos à manutenção e aos investimentos.

“A gente sabe que o sistema elétrico brasileiro é um sistema complexo, um sistema bem estruturado, mas se não tiver recurso para fazer manutenção e para fazer investimento, dá colapso, como ocorreu no governo do presidente Fernando Henrique, e agora está dando de novo, porque eles desinvestiram. Deixaram dinheiro em caixa para privatizar e para fazer negociata, o Paulo Guedes. E o Bolsonaro deve ter levado dinheiro. Muita gente deve ter levado dinheiro, e, agora, e Brasil vai padecer de novo”, afirmou Gleisi.

Da Redação

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