Após discurso em cerimônia dos Mais Médicos, estudante é atacada em rede social

Aluna de medicina contou ter sido atacada ‘brutalmente’ por médicos e futuros médicos. “Fui chamada de vadia, de médica vagabunda de pobre e não merecedora de cursar medicina”, disse a estudante

A estudante de medicina da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), Ana Luiza Lima, foi atacada pelas redes sociais após elogiar, em discurso no início deste mês, a política educacional do governo da presidenta Dilma Rousseff. A estudante participou do evento de comemoração dos dois anos do Programa Mais Médicos e a abertura do Mais Especialidades, que aconteceu no Palácio do Planalto, em Brasília

“Fui atacada em minha página pessoal brutalmente por médicos e futuros médicos. Fui chamada de vadia, de médica vagabunda de pobre e não merecedora de cursar medicina. Me foi dito que iam fazer de tudo para que eu não conseguisse emprego depois de formada. O machismo e a elite mostraram sua cara”, disse a estudante em desabafo no Facebook.

Ana Luiza foi convidada a falar sobre a transformação que a educação causou em sua vida e sobre a alegria de cursar medicina. No início de sua fala no Palácio do Planalto, a estudante afirmou que atualmente “a neta de agricultor do sertão do Nordeste, ou de qualquer outra região do Brasil, já pode sonhar em ser doutora”.

Em sua página em uma rede social, a estudante afirmou que a mesma classe que a xingou e ameaçou foi aquela que ela viu combinando de “tratar mal os negros, as feministas e os gays” que chegassem nos consultórios médicos, para que “esse povinho aprendesse seu devido lugar”.

Segundo ela, o discurso no Palácio do Planalto foi de reconhecimento de uma ação correta do governo e uma reafirmação do que acredita e luta. Ana Luiza disse ainda que as palavras dela não foram direcionadas para uma “classe covarde de profissionais”, mas sim para os profissionais de saúde que dão o sangue todo dia, mesmo com condições péssimas de trabalho.

“Minhas palavras foram direcionadas àqueles que acreditam e lutam por um mundo transformado a partir da educação e do amor. Minhas palavras foram um agradecimento aos professores, a classe trabalhadora que têm seu serviço desvalorizado ao máximo, mas toma a linha de frente na luta pela transformação diária do futuro de milhões de jovens sem oportunidade no país”, completou.

“Eu sei que não sou ninguém diante dos poderosos desse país, mas eu não estou sozinha. Vou seguir, mesmo frágil, mesmo com medo, mas sempre acreditando”, finalizou.

A Rede Nacional de Médicas e Médicos Populares publicou uma nota em apoio à estudantes após as agressões sofridas nesta segunda-feira (10). Segundo a nota, a estudante cometeu “o pecado” de falar a verdade porque entendeu que seu sucesso foi fruto de uma política pública e porque ousou agradecer à Presidenta Dilma pelo esforço de manter políticas voltadas aos mais pobres deste país.

“O ódio contra Ana Luiza manifestou-se sob forma de machismo e principalmente, como ódio de classe, ódio ao que representou o seu discurso, ódio ao agradecimento à Presidenta, ódio de quem não suporta ver seus privilégios ameaçados”, diz a nota.

Por Danielle Cambraia, da Agência PT de Notícias

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