Artigo: Programas sociais e de infraestrutura garantem crescimento do PIB, por Reginaldo Lopes
Os programas sociais são combinados com os projetos na infraestrutura do país, materializados na retomada do novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC)
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As manchetes dos portais e jornais na última sexta-feira (1.9) estamparam a boa notícia de que o “PIB do segundo trimestre surpreende e projeta crescimento de 3% no ano”. Pode ter surpreendido alguns economistas que apostavam em números mais modestos. Não conseguiram captar a grande mudança que o país vive, ao construir um equilíbrio institucional para retomar um projeto de desenvolvimento. Uma pactuação que começou desde a tramitação daquela que ficou conhecida como PEC da Transição. Votada ainda no ano passado, quando eu liderava a bancada do PT na Câmara, a legislação garantiu os recursos para os investimentos.
A aprovação da medida contou com a colaboração decisiva do Congresso, e deu a segurança necessária para o governo federal planejar seus investimentos sociais e em infraestrutura. E esse binômio foi decisivo para o país alcançar os índices “surpreendentes” do PIB. A previsão do mercado era de que no terceiro trimestre a economia crescesse algo em torno de 0,3%. Pois o resultado foi o triplo disso. E o que contribuiu para o salto foi justamente o consumo do governo e das famílias. Os R$ 175 bilhões de transferência de renda, com “repasses na veia”, já mostram seus resultados. Ao analisar a composição do crescimento, percebe-se que 0,4% do PIB vieram do Bolsa Família. Mantendo essa média até o final do ano, o aumento deve chegar a 0,8% do PIB.
Os programas sociais são combinados com os projetos na infraestrutura do país, materializados na retomada do novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Planejado para um Brasil em reconstrução, a prioridade será viabilizar a conclusão de obras paradas ou o início de novos empreendimentos por meio de parcerias público-privadas e concessões. Sem abandonar a premissa do Estado como indutor do desenvolvimento, trabalha-se para que o capital privado participe com mais de um terço do total dos investimentos previstos, 36%.
Governo e Congresso têm feito sua parte para a retomada econômica, mas falta a colaboração de um ator fundamental, o tal Banco Central independente. Com os juros praticados no país, os maiores do mundo, os resultados positivos do PIB são quase um “milagre”, como comentou o ministro da Fazenda, Fernando Haddad. As altas taxas impedem o consumo de bens duráveis, investimentos privados e mantém as famílias endividadas, apesar dos programas governamentais de renegociação. No mesmo período em que a economia crescia, a procura por financiamento no Brasil teve contração de 15% no primeiro semestre.
A redução de 0,5% na taxa Selic definida na última reunião do Copom é muito tímida em relação à estabilidade construída no novo arcabouço fiscal, que ao longo do tempo será sustentado pelas mudanças conquistadas na reforma tributária, apontada por analistas nacionais e estrangeiros como principal medida para o Brasil superar os voláteis “voos de galinha” e conquistar um desenvolvimento estrutural e permanente.
É sempre importante lembrar que os avanços alcançados até aqui se deram num ambiente de país em transição democrática, enfrentando até tentativa de golpe de Estado. A normalidade institucional vai contribuir muito no grau de confiança interno e, principalmente, externo para influenciar diretamente na economia. Mantendo o crescimento do PIB no atual patamar, podemos projetar, e trabalhar para alcançar, os níveis do primeiro governo Lula, que teve uma média de 2,6% ao ano, superando os 10% ao longo do mandato.
Reginaldo Lopes é deputado federal pelo PT-MG
Artigo publicado no site do jornal O Tempo