Atos da Greve Geral levam milhões às ruas, consagrando dia histórico de luta

Após dia de paralisações e protestos, trabalhadores promovem atos massivos contra a Reforma da Previdência e os retrocessos do governo Bolsonaro

Foto: Jesus Carlos

A Greve Geral desta sexta-feira (14) começou e terminou grandiosa. As paralisações e protestos desta manhã mobilizaram cerca de 45 milhões de trabalhadores pelos quatro cantos do país. Os atos de massa organizados para o final da tarde, como o que aconteceu em São Paulo, reuniram uma multidão de trabalhadores de categorias diversas, estudantes e aposentados em 380 municípios diferentes. Apesar das tentativas sucessivas de desmobilização, seja por meio da criminalização, seja por mudanças na proposta de Reforma da Previdência, se mostraram fracassadas. O povo nas ruas reafirmou não aceitar nenhum direito a menos.

Na capital paulista, lideranças populares incendiaram 50 mil participantes. O petista Fernando Haddad indagou a população: “eu pergunto para vocês, qual é a moral de um presidente, que se aposentou para os 33 anos de idade, para propor uma Reforma da Previdência sem dialogar uma só vez com os trabalhadores?” e completou lembrando da incompetência do atual presidente, Jair Bolsonaro (PSL) durante sua atuação como deputado: “além de se aposentar aos 33 anos, o Bolsonaro teve 28 anos de mandato e os desperdiçou os fazendo rigorosamente nada”.

Haddad foi enfático ao afirmar que a PEC da Previdência não combate privilégios. Ao contrário, alimenta regalias das classes abastadas do país. O ato aconteceu em frente a sede da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP), que desde 2016 é uma instituição ativa no apoio ao golpe que a classe trabalhadora vem sofrendo. “Se os empresários da FIESP pagassem os impostos, não ia ter déficit na Previdência e nós estaríamos discutindo outros assuntos, ao invés de debater essa agenda regressiva e caótica”, declarou o ex-prefeito de São Paulo.

A deputada federal e presidenta do Partido dos Trabalhadores (PT), Gleise Hoffmann, afirmou que a luta contra a Reforma da Previdência, pauta central da Greve Geral, é uma luta de resistência em defesa do Brasil. “O Brasil está vivendo uma das maiores crises de todos os tempos. Nós vivemos uma situação muito ruim e o governo, ao invés de cuidar das pessoas, subordina o nosso país aos Estados Unidos”, declarou ela. “Não vamos esquecer que essa gente que governa o país hoje é a mesma que propôs a Reforma Trabalhista. É a mesma gente que apoiou a PEC da Morte e que está querendo desmontar a Universidade”, lembrou a petista.

A deputada também aproveitou para dizer que o atual ministro da Justiça, Sérgio Moro, deve explicações para o povo brasileiro. Sua fala foi interrompida pela voz da multidão, que gritava “Moro, ladrão”. Hoffmann declarou que a luta hoje no Brasil é pelo estado democrático de direito. “Viva o povo brasileiro! Lula Livre”, encerrou ela, sendo aplaudida.

O presidente nacional da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Vagner Freitas, acredita que a sociedade brasileira deu um recado para o governo Bolsonaro no dia de hoje. O recado é que o país é contra a Reforma da Previdência proposta por ele. “O Brasil também deu um recado para o Paulo Guedes. O Brasil não vai trocar sua aposentadoria por capitalização, para encher os bolsos dos banqueiros”, declarou ele. Freitas também aproveitou a ocasião para comentar as mudanças da PEC, propostas nos últimos dias: “A CUT quer dar um recado para os deputados. Nós não temos nenhuma concordância com o relatório. Enquanto tiver qualquer retirada de direitos nesse documento, vamos continuar organizando a derrubada dessa reforma. Além disso, só sairemos da rua quando o Lula estiver livre!”, emendou.

Mariana Dias, que é presidenta da União Nacional dos Estudantes (UNE), celebrou o dia de hoje como um dia em que a história do país está sendo escrita. Para ela, o movimento social e popular que levou milhões de pessoas às ruas hoje é o pesadelo do atual governo. “No último mês, nós lideramos movimentações em defesa do nosso futuro, da educação, da aposentadoria. Hoje as universidades públicas não funcionaram, porque nós acreditamos nesse instrumento de luta, que é a greve”, comentou. “Vamos ensinar o Bolsonaro que a soberania do país vem do povo. Nós, mulheres, não aceitaremos trabalhar mais e ganhar menos”, emendou ela.

Marlene Furino, sindicalista e militante da Marcha Mundial das Mulheres (MMM), também garantiu que as mulheres não sairão das ruas enquanto houver retirada de direitos. “No oito de março fomos massivamente para rua dizer que esse governo não nos representa. Essa reforma da previdência não nos representa. Esse governo fascista não nos representa”, afirmou ela. “Estaremos em marcha até que todas sejamos livres”, encerrou.

Para Guilherme Boulos, dirigente do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), hoje foi um grande dia de luta no Brasil, já que várias cidades do país pararam por completo e várias categorias cruzaram os braços. “Na semana passada, eu vi notícias dizendo que os movimentos sociais estavam com medo do Bolsonaro. Sabe o que eu acho? Que essa turma estava com saudade. Se eles estavam com saudade, hoje tiveram a oportunidade de matar”, disse ele.

Boulos também lembrou o papel da FIESP na crise econômica vivenciada no Brasil. “Há dois anos atrás, essa turma da FIESP vendeu a ideia de que tudo ia melhorar se aprovasse o teto de gastos, com a PEC da Morte. Depois, passar a vender a ideia de que tudo vai se resolver com a Reforma da Previdência. Eles pensam que aqui tem pato, mas não tem. Nós vamos continuar na luta!”, garantiu ele.

Da Redação da Agência PT de Notícias

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