Aumento histórico de 37% nos aluguéis ameaça famílias brasileiras

O IGP-M, conhecido como “inflação do aluguel”, sofreu a maior variação acumulada em 12 meses dos últimos 25 anos. Além de interferir na atividade econômica, o aumento deve afetar emprego

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Indicador econômico utilizado para mensurar o reajuste dos aluguéis de imóveis, o Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M) atingiu a maior variação em 12 meses nos últimos 25 anos, desde a implantação do Plano Real. Em maio, o índice acelerou a 4,1%, após ficar em 1,51% em abril. Alta acumulada de 14,39% no ano e de 37,04% em 12 meses, superando o acumulado de 32,97% em abril de 2003.

Divulgado na sexta-feira (28) pela Fundação Getulio Vargas (FGV), em maio de 2020 o IGP-M havia subido 0,28% e acumulado alta de 6,51% em 12 meses. Conhecido como “inflação do aluguel”, desde o ano passado o índice tem subido bem acima da inflação oficial do país, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).

A variação de agora foi impulsionada pelos altos preços das commodities (mercadorias com cotação internacional). Eles são medidos pelo Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA), que responde por 60% do índice geral e sofreu alta de 5,23% em maio, ante 1,84% em abril.

O Índice de Preços ao Consumidor (IPC), com peso de 30% no IGP-M, variou 0,61% em maio, contra 0,944% no mês anterior. O Índice de Nacional de Custo da Construção (INCC), com peso de 10% no IGP-M, subiu 1,80% em abril, ante 095% em março.

“Os preços de commodities importantes voltaram a pressionar a inflação ao produtor. Em maio, o IPA avançou 5,23%, sob forte influência dos aumentos registrados para minério de ferro (de -1,23% para 20,64%), cana-de-açúcar (de 3,43% para 18,65%) e milho (de 8,70% para 10,48%). Essas três commodities responderam por 62,9% do resultado do IPA”, afirmou André Braz, Coordenador dos Índices de Preços ao Consumidor da FGV.

Desemprego

Ouvidos pelo Correio Braziliense, especialistas do setor imobiliário afirmam que o desempenho do IGP-M pode interferir negativamente não apenas no bolso de inquilinos e proprietários, mas nas taxas de desemprego e no crescimento da atividade econômica.

“Um aumento brutal nos custos, sem dúvida, prejudica o orçamento. Com isso, pode haver uma onda de imóveis fechados, tanto os residenciais, quanto os comerciais, principalmente dos alugados por pequenos e médios empresários do setor de serviços, levando à dispensa de empregados e ao fechamento de negócios”, avalia Maria Eugênia Cortez, especializada em Direito Imobiliário e sócia do Cortez Advogados.

A situação é muito delicada, segundo ela, porque, para além dos efeitos no emprego, traz um dilema histórico: se o IGP-M for totalmente repassado, prejudica o orçamento do inquilino; se não for, afeta drasticamente as contas do proprietário.

Da Redação

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