Bispo da CNBB critica tentativa de impeachment de Dilma
Para o bispo de Jales, é preciso desmascarar a trama que foi sendo urdida para tentar criar um falso consenso popular sobre o tema no Brasil
Publicado em
Mais um membro da Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) fez um apelo, na última semana, à consciência democrática e contra o golpe. Artigo assinado pelo Dom Luiz Demétrio Valentini, Bispo Emérito de Jales, reforça que a presidenta Dilma Rousseff foi conduzida ao poder de forma legítima.
“Falando claro e sem rodeios: com a tentativa de impeachment da Presidente Dilma, procura-se revestir de legalidade uma iniciativa política com a evidente intenção de destituir do poder quem foi legitimamente a ele conduzido pelo voto popular”, diz o texto.
Para o bispo, a tentativa de golpe “fere o âmago do sistema democrático, que tem como pressuposto básico o respeito aos resultados eleitorais”.
Também na última semana, durante o encerramento dos festejos religiosos de São José, em Tauá (CE), Dom Ailton Menegussi, bispo da Diocese de Crateús, rejeitou o que considera ser uma tentativa de golpe em curso no Brasil.
“Tem muita gente posando de santinho, mas que nunca pensou em pobre. E não pensa em pobre. Estão fazendo discurso bonito porque querem o poder, e com isso a CNBB não concorda”, disse.
Leia a nota:
“Estamos na iminência de uma ruptura constitucional. Em momentos assim, se faz necessário um apelo à consciência democrática, e uma advertência dos riscos de uma decisão política profundamente equivocada.
Falando claro e sem rodeios: com a tentativa de impeachment da Presidente Dilma, procura-se revestir de legalidade uma iniciativa política com a evidente intenção de destituir do poder quem foi legitimamente a ele conduzido pelo voto popular.
Isto fere o âmago do sistema democrático, que tem como pressuposto básico o respeito aos resultados eleitorais.
É preciso desmascarar a trama que foi sendo urdida, para criar artificialmente um pretenso consenso popular, para servir de respaldo aos objetivos que se pretende alcançar.
É notável que desde as últimas eleições presidenciais, os derrotados não aceitaram o resultado das urnas, e traduziram seu descontentamento em persistentes iniciativas de deslegitimar o poder conferido pelas eleições.
Outra evidência é a contínua e sistemática obstrução das iniciativas governamentais, praticada especialmente por membros do Congresso Nacional, com o evidente intuito de inviabilizar o governo, e aplainar o caminho para o golpe de misericórdia contra ele.
Está em andamento um verdadeiro linchamento político, conduzido sutilmente por poderosos meios de comunicação, contra determinados atores e organizações partidárias, que são continuamente alvo de acusações persistentes e generalizadas, e que se pretende banir de vez do cenário político nacional.
Causa preocupação a atuação de membros do Poder Judiciário, incluindo componentes da Suprema Corte, que deixam dúvidas sobre as reais motivações de suas decisões jurídicas, levando-nos a perguntar se são pautadas pelo zelo em preservar a Constituição e fazer a justiça, ou se servem de instrumento para a sua promoção pessoal ou para a vazão de seus preconceitos.
Em meio a esta situação limite, cabe ao povo ficar atento, para não ser ludibriado.
Mas cabe ao Judiciário a completa isenção de ânimo para garantir o estrito cumprimento da Constituição.
E cabe ao Congresso Nacional terminar com sua sistemática obstrução das iniciativas governamentais, e colaborar com seu apoio e suas sugestões em vista do bem comum, e não de interesses pessoais ou partidários.
Em vez deste impeachment sem fundamento legal e sem justificativa, que nos unamos todos em torno das providências urgentes para que o Brasil supere este momento de crise, e reencontre o caminho da verdadeira justiça e da paz social.”
Da Redação da Agência PT de Notícias