A saída dos Maracatus – Secult PTPE: Nota sobre a Abertura do Carnaval 2018, no Recife. Mudar pra quê?
Durante 15 anos, o tambor tinha seu lugar de destaque: abria um dos carnavais mais importantes do Brasil e encantava nativos e visitantes.
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No terceiro dia do ano, a Prefeitura do Recife, anuncia que a já tradicional abertura do carnaval, não contará mais com Nações de Maracatu. Criado pela gestão petista em 2002 como política de ação afirmativa, o espetáculo teve a regência do multiartista Naná Vasconcelos e impulsionou na cidade um movimento que empoderou as Nações de Maracatu de Baque Virado, suas comunidades e a Cultura Popular, como um todo.
Nas semanas que antecediam o carnaval, ensaios com Naná eram feitos nas sedes de 13 Nações, movimentando as comunidades que as abrigavam e a apoteose desse processo acontecia em plena sexta-feira antes do sábado de Zé Pereira, no Marco Zero, onde o Prefeito entregava a chave da cidade ao Rei e Rainha do Carnaval, sob o rufar dos tambores.
Durante 15 anos, o tambor tinha seu lugar de destaque: abria um dos carnavais mais importantes do Brasil e encantava nativos e visitantes. Mais do que isso, elevava a autoestima dos Mestres, Batuqueiros, Reis e Rainhas com suas cortes e brincantes. O destaque dado a essas Nações, as fizeram ultrapassar as fronteiras de Pernambuco. Mas desde a morte de Naná, a ameaça de retirar esse espetáculo da abertura, começou a pairar.
A retirada das Nações de Maracatu da abertura do Carnaval de 2018, somou-se às tentativas malogradas da atual gestão em deslocar o desfile das agremiações tradicionais dos dias de Momo, jogando-o para semana pré-carnavalesca, e a extinção dos mais de 40 polinhos de comunidades.
Sob o argumento de que agora seria a vez do frevo, se faz uma falsa afirmação, porque no carnaval como o nosso há espaço para todo tipo de cultura popular. Além disso, o frevo nunca deixou de estar nessa celebração da Abertura. Não é necessário retirar uma manifestação para destacar outra. E fica a pergunta: quantas agremiações de frevo e comunidades estão envolvidas nessa mudança? Ou só os artistas homenageados terão destaque nessa celebração?
Esta é verdadeira face de uma gestão que inferioriza a cultura popular, criando uma disputa que inexiste, remetendo-a a segundo plano, numa celebração cuja a essência e existência inversamente depende do seu fortalecimento. Lamentável decisão!!!
Secretaria de Cultura do PT Pernambuco