Carta do presidente Lula aos comitês Lula Livre

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Ricardo Stuckert

Meus amigos e minhas amigas,

Quero, em primeiro lugar, agradecer a solidariedade e o carinho que tenho recebido do povo brasileiro e de lideranças de outros países, neste quase um ano em que me encontro preso injustamente. Agradeço especialmente aos companheiros da vigília em Curitiba, que me confortam todos os dias, aos companheiros que constituem os comitês Lula Livre dentro e fora do Brasil, aos advogados, juristas, intelectuais e cidadãos democratas que se manifestam pela minha libertação.

A força que me faz resistir a essa provação vem de vocês e da convicção de que sou inocente. Mas resisto principalmente porque sei que ainda tenho uma missão importante a cumprir neste momento em que a democracia, a soberania nacional e os direitos do povo brasileiro são ameaçados por interesses econômicos e políticos poderosos, inclusive de potências estrangeiras.

Como sempre fiz em minha vida, e lá se vão mais de 45 anos de atividade sindical e política, encaro essa missão como um desafio coletivo. A luta que faço para ter um julgamento justo, em que minha inocência seja reconhecida diante das provas irrefutáveis da defesa, só faz sentido se for compreendida como parte da defesa da democracia, da retomada do estado de direito e do projeto de desenvolvimento com inclusão social que o país quer reconstruir.

A cada dia que passa fica mais claro para a população e para a opinião pública internacional que fui condenado e preso pelo único motivo de que, livre e candidato, seria eleito presidente pela grande maioria da população. Minha candidatura era a resposta do povo ao entreguismo, ao abandono dos programas sociais, ao desemprego, à volta da fome, a todo o mal implantado pelo golpe do impeachment. É uma luta que temos de levar juntos, em nome de todos.

Para me tirar das eleições, montaram uma farsa judicial com a cobertura dos grandes meios de comunicação, tendo a Rede Globo à frente. Envenenaram a população com horas e horas de noticiário mentiroso, em que a Lava Jato acusava e minha defesa era menosprezada, quando não era simplesmente censurada. A Constituição e as leis foram desrespeitadas, como se houvesse um código penal de exceção, só para o Lula, no qual meus direitos foram sistematicamente negados.

Como se não bastasse me prender, por crimes que jamais cometi, proibiram que eu participasse dos debates e das sabatinas no processo eleitoral; proibiram minha candidatura, contrariando a lei e a ONU; proibiram que eu desse entrevistas, proibiram até que eu comparecesse ao velório de meu irmão mais velho. Querem que eu desapareça, mas não é de mim que têm medo: é do povo que se identifica com nosso projeto e viu em minha candidatura a esperança de recuperar o caminho de uma vida melhor.

Dias atrás, ao me despedir do meu querido neto Arthur, senti todo o peso da injustiça que atingiu minha família. O pequeno Arthur foi discriminado na escola por ser meu neto e sofreu muito com isso. Então, prometi a ele que não vou descansar até que minha inocência seja reconhecida num julgamento justo.

Na emoção daquele momento, recordo-me de ter dito: “Vou te mostrar que os verdadeiros ladrões são os que me condenaram”. Pouco depois, o jornalista Luís Nassif revelou ao público o acordo ilegal e secreto entre os procuradores da Lava Jato, a 13a. Vara Federal de Curitiba, o governo dos Estados Unidos e a Petrobras, envolvendo uma quantia de 2,5 bilhões de reais.

Essa quantia foi tomada à maior empresa do povo brasileiro por uma corte de Nova Iorque, com base em delações levadas a eles pelos procuradores do Brasil.
E eles foram lá aos Estados Unidos, com a cobertura do então procurador-geral da República, para fragilizar ainda mais uma empresa que é alvo de cobiça internacional.

Em troca dessa fortuna, a Lava Jato se comprometeu a entregar ao estrangeiro os segredos e informações estratégicas da nossa Petrobras.

Não se trata de convicções, mas de provas concretas: documentos assinados, atos de ofício de autoridades públicas. Estes moralistas sem moral ocupam hoje altos cargos no governo que só foi eleito porque eles impediram minha candidatura. Mas quem está preso é o Lula, que nunca foi dono de apartamento nem de sítio, que nunca assinou contratos da Petrobras, que nunca teve contas secretas como essa fundação que foi descoberta agora.

Mais do que manifestar indignação com esses fatos, quero dizer a vocês que o tempo está revelando a verdade. Que não podemos perder a esperança de que a verdade vencerá, e ela está do nosso lado. Por isso, peço a cada um e a cada uma que fortaleçam cada vez mais a nossa luta pela democracia e pela justiça. E só vamos alcançar esses objetivos defendendo os direitos do povo e a soberania nacional, porque foi contra estes valores que fizeram o golpe e interferiram na eleição. Foi para entregar nossas riquezas e reverter as conquistas sociais. Que os comitês Lula Livre tenham isso bem claro e atuem cada vez mais na sociedade, nas redes, nas escolas e nas ruas.

Tenho fé em Deus e confiança em nossa organização para afirmar com muita certeza: nosso reencontro virá. E o Brasil poderá sonhar novamente com futuro melhor para todos.

Muito obrigado, e vamos à luta, companheiros e companheiras.

Um grande abraço do

Luiz Inácio Lula da Silva

Curitiba, 16 de março de 2019


Mis amigos y mis amigas,

Quiero, en primer lugar, agradecer la solidaridad y el cariño que he recibido del pueblo brasileño y de líderes de otros países, en este casi un año en que me encuentro preso injustamente. Un agradecimiento especial a los compañeros de la vigilia en Curitiba, que me inspiran confianza todos los días, a los miembros que constituyen los Comités Lula Libre dentro y fuera de Brasil, abogados, juristas , intelectuales y ciudadanos democráticos que se manifiestan por mi liberación.

La fuerza que me hace resistir a esa prueba viene de ustedes y de la convicción de que soy inocente. Pero resisto principalmente porque sé que todavía tengo una misión importante a cumplir en este momento en que la democracia, la soberanía nacional y los derechos del pueblo brasileño son amenazados por intereses económicos y políticos poderosos, incluso de potencias extranjeras.

Como siempre he hecho en mi vida, y ahí se van más de 45 años de actividad sindical y política , considero esta misión como un reto colectivo. La lucha que hago para tener un juicio justo, en que mi inocencia sea reconocida ante las pruebas irrefutables de la defensa, sólo tiene sentido si se entiende como parte de la defensa de la democracia, de la reanudación del estado de derecho y del proyecto de desarrollo con inclusión social que el país quiere reconstruir.

Cada día que pasa queda más claro para la población y para la opinión pública internacional que fui condenado y preso por el único motivo de que, libre y candidato, sería elegido presidente por la gran mayoría de la población. Mi candidatura era la respuesta del pueblo al entreguismo, al abandono de los programas sociales, el desempleo , el hambre, a todo el mal implantado por el golpe del juicio político (impeachment). Es una lucha que tenemos que llevar juntos, en nombre de todos.

Para sacarme de las elecciones, montaron un juicio con la cobertura de los medios de comunicación, con la red Globo por delante. Envenenaron a la población con horas y horas de noticiero mentiroso, en que la Lava Jato acusaba y mi defensa era menospreciada, cuando no era simplemente censurada. La Constitución y las leyes fueron deshonradas, como si hubiera un código penal de excepción, sólo para Lula, en el cual mis derechos fueron sistemáticamente negados.

Como si no bastase con arrestarme por crímenes que jamás cometí, prohibieron que yo participara en los debates y las sabatinas en el proceso electoral; Prohibieron mi candidatura, en contra de la ley y de la ONU ; prohibieron que diera entrevistas, prohibieron incluso que compareciera al velorio de mi hermano mayor. Quieren que desaparezca, pero no es de mí de quien tienen miedo: es del pueblo que se identifica con nuestro proyecto y ha visto en mi candidatura la esperanza de recuperar el camino de una vida mejor.

Días atrás, al despedirme de mi querido nieto Arthur, sentí todo el peso de la injusticia que golpeó a mi familia. El pequeño Arthur fue discriminado en la escuela por ser mi nieto y sufrió mucho con eso. Entonces le prometí que no voy a descansar hasta que mi inocencia sea reconocida en un juicio justo.

En la emoción de aquel momento, recuerdo haber dicho: “Te mostraré que los verdaderos ladrones son los que me condenaron”. Poco después, el periodista Luís Nassif reveló al público el acuerdo ilegal y secreto entre los fiscales de la Lava Jato, la 13a. Corte Federal de Curitiba, el gobierno de los Estados Unidos y Petrobras , por un importe de 2,5 mil millones de reales.

Esa cantidad fue tomada a la mayor empresa del pueblo brasileño por una corte de Nueva York, con base en la delaciones obtenidas y entregadas a ellos por los fiscales de Brasil. Y ellos fueron allí a Estados Unidos, con la cobertura del entonces procurador general de la República, para debilitar aún más una empresa que es objeto de codicia internacional. A cambio de esa fortuna, la Lava Jato se comprometió a entregar al extranjero los secretos e informaciones estratégicas de nuestra Petrobras.

No se trata de convicciones, sino de pruebas concretas: documentos firmados, actos de oficio de autoridades públicas. Estos moralistas sin moral ocupan hoy altos cargos en el gobierno que sólo fue elegido porque ellos impidieron mi candidatura. Pero quien está preso es Lula, que nunca fue dueño de apartamento ni de sitio, que nunca firmó contratos de Petrobras, que nunca tuvo cuentas secretas como esa fundación que fue descubierta ahora.

Más que manifestar indignación con estos hechos, quiero decirles que el tiempo está revelando la verdad. Que no podemos perder la esperanza de que la verdad vencerá, y ella está de nuestro lado. Así que les pido a todos y cada uno fortalecer cada vez más nuestra lucha por la democracia y la justicia . Y sólo vamos a alcanzar esos objetivos defendiendo los derechos del pueblo y la soberanía nacional, porque fue contra estos valores que hicieron el golpe e interfirieron en la elección. Fue para entregar nuestras riquezas y revertir las conquistas sociales. Que los Comités Lula Libre tengan claro eso y actúen cada vez más en la sociedad, redes, escuelas y calles.

Tengo fe en Dios y confianza en nuestra organización para afirmar con mucha certeza: nuestro reencuentro vendrá. Y Brasil podrá soñar nuevamente con futuro mejor para todos.

Muchas gracias, y vamos a la lucha, compañeros y compañeras.

Un gran abrazo

Luiz Inácio Lula da Silva


Dear friends,

First of all, I would like to thank you for your solidarity and for the affection I have been receiving from the Brazilian people as well as from leaderships of other countries during this nearly 1-year period I have been unfairly imprisoned. I’d like to express my special thanks to the comrades of the vigil in Curitiba, who give me comfort every day; to the comrades who are part of the Free Lula committees in Brazil and abroad; to lawyers; jurists; intellectuals; and democrat citizens who have expressed themselves in favor of my release.

The strength that makes me resist this crucible comes from you and from knowing that I am innocent; however, I resist mainly because I know
I still have an important mission to accomplish at this moment in which democracy, national sovereignty, and the rights of the Brazilian people are threatened by powerful economic and political interests, including the interests of powerful countries.

As I have always done in my life and my over 45 years of trade union and political activity, I see said mission as a collective challenge. My fight to have a fair trial in which my innocence is acknowledged in view of the irrefutable pieces of evidence produced by the defense only makes sense if understood as part of the defense of democracy, of resumption of the state ruled by law, and of the project of development with social inclusion that country wants to rebuild.

As each day passes, it becomes more evident to the population and to the international public opinion that I was convicted and arrested only because, as a free man and a candidate, the majority of the population would choose me as their president. My candidacy was the people’s response to submissiveness to foreign interests, to the abandonment of social programs, to unemployment, to the return of hunger, to all the evil installed in the country through the coup disguised as impeachment. It is a fight we must be in together, in the name of everyone.

To prevent me from running in the elections, a judicial farce was set up with coverage from the mainstream media, especially Rede Globo. They poisoned the population with hours and hours of false news in which Lava Jato accused me whereas my defense was belittled, if not censored. The Constitution and the laws were disrespected, as if there were a criminal code of exception, exclusively to be applied to Lula, in which my rights were systematically denied to me.

As if were not enough to arrest me for crimes I have not committed, I was forbidden to participate in debates and interviews that are part of the electoral process; my candidacy was rejected in clear disregard for the law and the UN; I was forbidden to give interviews, I was even forbidden to attend my older brother’s funeral. They want me to disappear, but it is not me they are afraid of: they are afraid of the people who identify themselves with our project and who saw in my candidacy hope to recover the path to a better life.

Days ago, when I said goodbye to my dear grandson Arthur, I felt the weight of the injustice that struck my family. Little Arthur was discriminated against at school for being my grandson and suffered a lot because of that. So, I promised him I will not rest until my innocence is acknowledged in a fair trial.

In the emotion of that moment, I remember saying: “I will show to you that the true thieves are those who convicted me.” Shortly after, journalist Luís Nassif revealed to the public the secret illegal agreement between the Lava Jato prosecutors, the 13th Federal Court of Curitiba, the United States government, and Petrobras – said agreement involved the amount of 2,5 billion of reais.
Said amount was taken from Brazilian people’s largest company by a New York court based on plea bargain deals presented by Brazilian prosecutors.

And they went to the United States, with the help of the then State Attorney General, to weaken even more a company in which international powers have always been interested.
In exchange for said fortune, Lava Jato promised to disclose the secrets and strategic information of our Petrobras.

It is not about certainties, but about concrete evidence: signed documents, official acts performed by authorities. These moralists without moral are currently high-rank officials in a government that was only elected because they prevented me from running in the elections. But the one in prison is Lula, who’s never been the owner of an apartment or of countryside property, who’s never signed Petrobras’s contracts, who’s never had secret bank accounts such as the one that has been discovered just now.

In addition to expressing my outrage in view of these facts, I’d like to say to you that time is revealing the truth; tell you that we cannot lose hope that the truth is on our side and will prevail. So, I ask each one of you to strengthen even more our fight for democracy and for justice. And we will only attain these goals by defending the rights of the people and national sovereignty because they promoted the coup and interfered in the elections precisely to act against these values. Their aim is to give away our assets and undo social accomplishments. It is important that Free Lula committees have this very clear and conduct more and more actions in society, on social networks, in schools, and on the streets.

I have faith in God and I trust in our organization, and I am certain when I say: we will meet again. And Brazil will be able to dream again of a better future for all of us.

Thank you very much, and let’s fight, dear comrades.

A warm hug from,

Luiz Inácio Lula da Silva

Curitiba, March 16, 2019


Meine Freunde und Freundinnen,

Zu allererst möchte ich Euch für Eure Solidarität und die Liebe danken, die ich vom brasilianischen Volk und von führenden Menschen anderer Länder in diesem Jahr, in dem ich ungerecht gefangen gehalten werde, erhalten habe. Ganz besonderer Dank gilt den Genossen der Mahnwache in Curitiba, die mich jeden Tag unterstützen, den Genossen die die Komitees «Freiheit für Lula» in- und ausserhalb Brasiliens organisieren, den Anwälten, Juristen, Intellektuellen und demokratischen Bürgern die für meine Freiheit kämpfen.

Von Euch kommt die Kraft, mit der ich diesem Leid widerstehen kann, von Euch und von der Gewissheit, dass ich unschuldig bin. Aber ich halte vor Allem deswegen durch, weil ich weiss, dass ich noch eine grosse Aufgabe zu erfüllen habe, gerade in diesem Moment, in dem die Demokratie, die nationale Unabhängigkeit und die Rechte des brasilianischen Volks von mächtigen wirtschaftlichen und politischen Interessen bedroht werden, auch von fremden Mächten.

So wie ich es in meinem ganzen Leben gehalten habe, und ich spreche hier von mehr als 45 Jahren Aktivität in der Gewerkschaft und in der Politik, sehe ich diese Aufgaben als eine Kollektive Herausforderung an. Der Kampf, den ich für ein gerechtes Urteil führe, in dem meine Unschuld im Angesicht der unbestreitbaren Beweise der Verteidigung anerkannt wird, hat nur einen Sinn, wenn er als Teil der Verteidigung der Demokratie verstanden wird, als ein Weg zurück zum Rechtsstaat und zum Projekt einer Entwicklung mit sozialer Inklusion, welches unser Land wieder aufbauen möchte.

Es wir mit jedem Tag klarer für das Volk und für die internationale öffentliche Meinung, dass ich nur aus einem Grund gefangengenommen wurde, nämlich dass, wenn ich am Wahlkampf hätte teilnehmen können, ich von einer grossen Mehrheit zum Präsidenten gewählt worden wäre. Meine Kandidatur war die Antwort auf die Auslieferung unseres Landes an ausländischen Interessen, die Demontage der sozialen Programme, die Arbeitslosigkeit, die Rückkehr des Hungers und all das Schreckliche, das durch den Staatsstreich der Amtsenthebung entstand. Diesen Kampf müssen wir gemeinsam und im Namen Aller führen.

Um mich von den Wahlen fernzuhalten, wurde eine juristische Farce aufgezogen und von den grossen Medien, allen voran dem Fernsehsender Globo, unterstützt. Durch stundenlange lügnerische Sendungen wurde das Volk mit falschen Informationen hinters Licht geführt, indem die «Autowaschoperation» mich anklagte und meine Verteidigung missachtet oder gar ganz zensiert wurde. Verfassung und Gesetze wurden nicht respektiert, so als gäbe es, allein für Lula, ein eigenes Strafgesetz, in dem meine Rechte systematisch negiert wurden.

Als ob es nicht genug wäre, mich für Verbrechen, die ich nicht begangen habe, einzusperren, verboten sie auch, dass ich an Debatten im Wahlprozess teilnehme, verboten meine Kandidatur, was gegen das Gesetz und das Recht der Vereinten Nationen ist, verboten, dass ich Interviews geben durfte, und hinderten mich sogar daran, zur Beerdigung meines älteren Bruders zu gehen. Sie wollen, dass ich verschwinde, aber nicht vor mir haben sie Angst, sondern vor dem Volk, dass sich mit unserem Projekt identifiziert und in meiner Kandidatur die Hoffnung sah, zu einem besseren Lebensstandard zurückzukehren.

Vor einigen Tagen, als ich mich von meinem lieben Enkelsohn Arthur verabschieden musste (der Enkel Lulas starb am 1. März an Hirnhautentzündung, A. d. Ü.), fühlte ich, wie schwer das Unrecht auf meiner Familie lastet. Der kleine Arthur wurde in der Schule diskriminiert weil er mein Enkel war und litt sehr darunter. Darum versprach ich an seinem Grab, dass ich nicht ruhen werde bis meine Unschuld in einem gerechten Prozess anerkannt wird.
Ich erinnere mich, in diesem gefühlvollen Moment gesagt zu haben : «Ich werde Dir zeigen, dass die wirklichen Verbrecher diejenigen sind, die mich verurteilt haben». Kurze Zeit später veröffentlichte der Journalist Luis Nassif, die illegale und geheime Abmachung zwischen den Staatsanwälten der «Autowaschoperation», dem Gerichtshof von Curitiba, der Regierung der Vereinigten Staaten von Amerika und der Firma Petrobras, in dem es um 2.5 Milliarden Real (600 Millionen Euro, a. d. Ü.) geht.

Diese Summe wurde der grössten Volksunternehmen Brasiliens von einem nordamerikanischen Gericht entzogen, auf der Grundlagen von Denunzierungen, die dieses Gericht von den brasilianischen Staatsanwälten erhalten hatte. Vom brasilianischen Generalstaatsanwalt gedeckt, waren sie dort in den Vereinigten Staaten, um eine Firma zu schwächen, die internationale Gier erweckt hat.

Im Tausch gegen dieses Vermögen hat sich die «Autowaschoperation» bereit erklärt, dem fremden Land Geheimnisse und strategische Informationen unserer Petrobras zu verraten.

Hier handelt es sich nicht um Überzeugungen, sondern um konkrete Beweise : es gibt unterzeichnete Dokumente, Schreiben von öffentlichen Stellen. Diese Moralisten ohne Moral besetzen heute hohe Posten in einer Regierung, die nur an die Macht kam weil sie meine Kandidatur verhindert haben. Aber im Gefängnis sitzt Lula, der nie diese Wohnung (wegen der er verurteilt wurde, A. d. Ü.) besessen hat, und auch nicht das Landhaus, der nie Verträge der Petrobras unterzeichnet hat, der nie geheime Konten hatte wie diese Stiftung, die jetzt entdeckt wurde.

Mehr noch, als meine Entrüstung über diesen Tatsachen darzulegen, möchte ich Euch sagen, dass mit der Zeit die Wahrheit an den Tag kommt. Wir dürfen die Hoffnung nicht verlieren, dass die Wahrheit siegen wird und sie ist auf unserer Seite. Deswegen bitte ich jeden Einzelnen von Euch, den Kampf für Demokratie und Gerechtigkeit immer stärker weiterzuführen. Dafür müssen wir weiterhin die Rechte des Volkes und die nationale Souveränität verteidigen, denn eben gegen diese Werte wurde der Staatsstreich geführt und meine Wahl verhindert. Um unsere nationalen Reichtümer abzutreten und die sozialen Errungenschaften zu vernichten. Die Komitees Freiheit für Lula müssen sich das klar machen und mehr und mehr in der Gesellschaft, den Medien, den Schulen und auf der Strasse agieren.

Im Glauben an Gott und im Vertrauen zu unserer Organisation, sage ich mit Gewissheit : der Tag wird kommen, an dem wir uns wiedersehen. Und dann kann Brasilien aufs Neue von einer besseren Zukunft für Alle träumen.

Vielen Dank, der Kampf geht weiter, Genossen und Genossinnen!

Ich umarme Euch

Luiz Inácio Lula da Silva


Mes amies et mes amis,

Tout d’abord, je tiens à remercier la solidarité et l’affection que j’ai reçues du peuple brésilien et des dirigeants d’autres pays au cours de ce presque un an de ma prison inéquitable. Je suis particulièrement reconnaissant aux camarades de la veillée à Curitiba, qui me réconfortent tous les jours, aux compagnons qui constituent les comités de Lula Livre au Brésil et ailleurs, aux avocats, juristes, intellectuels et citoyens démocrates qui se sont manifestés pour ma libération.

La force qui me fait résister à cette épreuve vient de vous et de la conviction que je suis innocent. Mais je résiste surtout parce que je sais que j’ai encore une mission importante à remplir en ce moment où la démocratie, la souveraineté nationale et les droits du peuple brésilien sont menacés par de puissants intérêts économiques et politiques, y compris des puissances étrangères.

Comme je l’ai toujours fait dans ma vie de plus de 45 ans d’activité syndicale et politique, je considère cette mission comme un défi collectif. La lutte que je mène pour un procès équitable, pour que mon innocence soit reconnue face à des preuves irréfutables de la défense, n’a de sens que si elle est comprise dans le cadre de la défense de la démocratie, du rétablissement de l’état de droit et du projet de développement à inclusion sociale que le pays veut reconstruire.

Chaque jour qui passe, il est de plus en plus clair pour la population et pour l’opinion publique internationale que j’ai été condamné et emprisonné pour la seule raison que, libre et candidat, j’aurais été élu président par la grande majorité de la population. Ma candidature était la réponse du peuple au valetage devant les puissances étrangères, à l’abandon des programmes sociaux, au chômage, au retour de la faim, à tout le mal implanté par le coup d’État. C’est un combat que nous devons mener ensemble, au nom de tous.

Pour me sortir des élections, ils ont monté une farce judiciaire avec la couverture des principaux médias, avec Rede Globo devant. Ils ont empoisonné la population avec des heures et des heures d’informations mensongères, où la Lava Jato m’accusait et ma défense était méprisée, quand elles n’étaient pas tout simplement censurées. La Constitution et les lois ont été ignorées, comme s’il y avait un code pénal d’exception, uniquement pour Lula, dans lequel mes droits étaient systématiquement bafoués.

Comme si cela ne suffisait pas de m’arrêter pour des crimes que je n’ai jamais commis, il m’a été interdit de participer aux débats du processus électoral; ma candidature interdite, contrairement à la loi et contrariant l’ONU; on m’a interdit de donner des interviews, on m’a interdit jusqu’à que j’aille à la veillée funèbre de mon frère aîné. Ils veulent que je disparaisse, mais ce n’est pas de moi qu’ils ont peur mais plutôt du peuple, qui s’identifie à notre projet et a vu dans ma candidature l’espoir de retrouver le chemin d’une vie meilleure.

Il y a quelques jours, alors que je disais au-revoir à mon cher petit fils Arthur, j’ai senti tout le poids de l’injustice qui a atteint ma famille. Le petit Arthur fut discriminé à l’école pour être mon petit-fils et a beaucoup souffert à cause de cela. Alors, je lui ai promis que je n’aurai de repos tant que mon innocence n’est pas reconnue lors d’un procès juste et équitable.

Dans l’émotion de ce moment, je me souviens avoir dit : « Je vais te prouver que les véritables bandits sont ceux qui m’ont condamné ». Peu après, le journaliste Luís Nassif a révélé au public un accord illégal et secret entre les procureurs de Lava Jato, le 13-ème Tribunal Fédéral de Curitiba, le gouvernement des Etats Unis et la Petrobras, impliquant une quantité de 2,5 milliards de Reais.

Cette quantité a été prise à la plus grande entreprise du peuple brésilien par une Cour de New York, se basant sur des délations qui lui ont été rapportées par des procureurs du Brésil. Et ils sont allés là aux Etats Unis, avec la couverture de l’alors procureur général de la République, pour fragiliser encore plus une entreprise qui est cible de la cupidité internationale.

En échange de cette fortune, la Lava Jato s’est engagée à remettre à l’étranger les secrets et informations stratégiques de notre Petrobras.

Nous ne parlons pas de convictions, mas de preuves concrètes : des documents signés, des actes officiels émanant d’autorités publiques. Ces moralistes sans morale occupent aujourd’hui de hautes fonctions au sein d’un gouvernement qui a été élu seulement parce qu’ils ont empêché ma candidature. Mais celui qui est prisonnier est Lula, qui n’a jamais possédé d’appartement ni de propriété, qui n’a jamais signé de contrats de la Petrobras, qui n’a jamais eu de comptes secrets, comme cette fondation qui a été découverte récemment.

Plus que manifester de l’indignation par ces faits, je veux vous dire que le temps est en train de révéler la vérité. Que nous ne pouvons pas perdre l’espoir que la vérité vaincra, et elle est de notre côté. Pour cela, je demande à chacun et chacune de rendre encore plus forte notre lutte pour la démocratie et pour la justice. Et nous n’atteindrons ces objectifs qu’en défendant les droits du peuple et la souveraineté nationale, parce que c’est contre ces valeurs qu’ils ont monté ce coup et ont interféré avec l’élection présidentielle. Ça a été pour distribuer nos richesses et annuler les conquêtes sociales. Que les comités Lula Libre en soient bien assurés et soient de plus en plus actifs dans la société, les réseaux sociaux, les écoles et dans la rue.

J’ai foi en Dieu et confiance dans notre organisation pour affirmer avec conviction : nos retrouvailles viendront. Et le Brésil pourra rêver de nouveau à un meilleur avenir pour tous.

Merci beaucoup, et luttons ensemble mes camarades.

Avec toute mon affection,

Luiz Inácio Lula da Silva

PT Cast