Comunicação precisa ser encarada com compromisso por todos os Comitês Populares

Comunicadores dos movimentos populares se reuniram para debater estratégias para fortalecer a comunicação e a construção dos Comitês Populares

Foto: Emily Firmino

Encontro de comunicadores/as em maio, em Guararema (SP)

É preciso que os Comitês Populares discutam formas de contribuir com a batalha da comunicação e reflitam como alcançar os seus públicos-alvos e como elaborar uma estratégia que amplie o engajamento da militância para fazer o enfrentamento necessário para defender a reconstrução do Brasil e combater as fake news.

Isso porque a comunicação sempre esteve no centro de estratégias de disputas políticas. Temos exemplos como o desenvolvimento da pesquisa para identificação de influenciadores de opinião, o agendamento sobre os debates da sociedade nos períodos eleitorais ou mesmo para fixar os atributos tangíveis e intangíveis de candidatos e projetos. 

Com a centralidade das plataformas de redes sociais e as novas formas de sociabilidade na vida das pessoas, o papel da comunicação é ainda mais alargado. 

Comunicar em um país tão diverso, plural, extenso e desigual como o Brasil é desafiador. Mais do que qualquer outro momento, a comunicação precisa ser encarada de forma integrada onde cada tipo e linguagem cumpre uma função específica para dialogar com comunidades específicas e direcionadas. 

Mais do que veículos de comunicação, as plataformas precisam ser compreendidas como meios de relacionamento, espaços que fazem sentido se consideradas as suas possibilidades dialógicas, ou seja de diálogo com o povo. Fica mais fácil organizar a reunião ou a atividade por meio do WhatsApp, por exemplo, ou mesmo conversar com militantes ou pessoas que estão engajadas na Campanha ou nos Comitês Populares.  As plataformas de comunicação são instrumentos novos que reforçam o trabalho de base do nosso tempo político atual. Além disso, cumprem papel estratégico na disputa de rumo da sociedade.

Encontro de Comunicadores

Essa reflexão foi feita por ativistas da comunicação dos movimentos populares que contou com a participação de militantes do Partido dos Trabalhadores (PT), da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Partido Socialismo e  Liberdade (PSOL) e do Partido Comunista do Brasil durante o Encontro de Comunicadores da Central de Mídia das Frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo.

No final da atividade, os participantes do Encontro aprovaram a Carta de Guararema.

Leia a Carta:

CARTA DE GUARAREMA POR UMA COMUNICAÇÃO POPULAR E POR LULA PRESIDENTE!

É urgente. É urgente restaurar a esperança em nosso país.

Nós, comunicadores populares de todo o Brasil, reunidos nos dias 20 e 21 de maio na Escola Nacional de Formação Florestan Fernandes, sabemos que as eleições deste ano contêm o maior desafio para todos os que lutam pela verdade, pela vida do povo, contra o fascismo e a destruição. O genocida Jair Bolsonaro segue semeando a mentira, a dor, o lucro a qualquer custo, a morte, a devastação do meio ambiente.

É urgente. É necessário derrotá-lo.

É preciso lutar ao lado do povo pobre para que ele leve Lula em seus ombros para ocupar novamente a Presidência da República. É necessário estarmos juntos para que possamos resistir aos ataques que, sabemos, sobrevirão.

Essa luta só poderá alcançar seus propósitos se entendermos a comunicação como uma dimensão estruturante da batalha. Para isso, firmamos o compromisso inadiável de organizar o povo em Comitês Populares de Luta para eleger Lula presidente. Esse propósito só logrará êxito se estivermos alertas para combater e neutralizar a engrenagem de desinformação, mentiras e fake news a serviço de Bolsonaro. Vamos, portanto, nos dedicar à construção de uma imensa rede de militantes e ativistas capazes de emocionar o povo com narrativas feitas daquela matéria-prima delicada que é a esperança em uma vida plena, digna, protegida por direitos. Narrativas verazes, alicerçadas na experiência viva de nosso povo.

Compreendemos que a comunicação mais eficaz é aquela disposta ao diálogo, à escuta, ao acolhimento das angústias e sofrimentos do povo diante da desgraça patrocinada pelo fascismo e consubstanciada de maneira atroz nos 27,4 milhões de brasileiras e brasileiros que nos últimos 6 anos foram condenados a viver em situação de pobreza extrema, ou nos 665 mil mortos pela Covid-19. Há muito mais dores: as cidades tropeçam em seres humanos dormindo nas calçadas porque o preço dos aluguéis tornou-se uma verdadeira condenação. A fome grassa nas periferias. Um jovem negro morre a cada 23 minutos no Brasil. A cada sete horas, uma mulher é vítima de feminicídio. As terras indígenas são invadidas com o aval do governo federal.

Tragédias demais.

A comunicação capaz de se tornar um elemento aglutinador em torno da candidatura de Lula se constituirá das aspirações, sonhos e lutas concretas de nosso povo para resistir a tamanha barbárie. Acreditamos na organização de base, calcada em idéias e ações reais da comunidade. Não é casual que as palavras “comunicação” e “comunidade” tenham a mesma raiz: o que é “comum”, partilhado por pessoas com os mesmos interesses.

Temos apenas 18 semanas para estruturar e colocar em ação essa rede de comunicadores populares, engajados na luta e na solidariedade com o povo em seus territórios, sindicatos, movimentos sociais e culturais, escolas, famílias, igrejas e cultos. É apenas com essa organização e com a verdade que emana dela, pois baseada na vida vivida, que ajudaremos homens, mulheres e jovens, em cada canto do Brasil, a entender que Lula encarna hoje a esperança em um País mais justo e solidário, enquanto o fascismo de Bolsonaro representa o que há de pior.

Somos centenas de milhares de pessoas que já perceberam a importância existencial da luta comunicacional. Se cada um de nós se colocar no papel de “comunicador”, por que todos de fato o somos, atingiremos milhões. Não podemos parar por aí: o que emergirá das ruas e das redes, com esses comunicadores falando com distintos sotaques, usando diferentes gírias, fotografando com o celular que se tem à mão, registrando a resistência e a luta popular e divulgando pelas nossas redes, será muito mais potente e verdadeiro do que a farsa apresentada todos os dias pela mídia corporativa.

Vamos ocupar as ruas, redes, vielas, florestas, campos e matas, disputando ideias e votos que serão essenciais para a transformação do país. Não há espaço para hesitações. É hora de exercitarmos nossa criatividade, usando todas as ferramentas e meios de comunicação possíveis para dialogar com o povo.

E não podemos nos esquecer: em um país onde 33 milhões de pessoas não têm ainda acesso à internet, também é urgente a ocupação dos mais diversos espaços de comunicação. Pelas ondas do rádio, da tv, nas páginas dos jornais populares, fanzines, cordéis, nos muros pintados, nos cartazes, nas imagens produzidas e em tudo o mais que possamos vir a inventar, junto de nossas comunidades e coletivos, em todas essas linguagens a nossa mensagem deverá estar presente.

O Brasil merece. O povo brasileiro merece. E é urgente. Todos podemos fazer a diferença. E ajudar a eleger Lula e a construir o poder popular. Essa é a tarefa de todos os militantes comprometidos com a justiça, o amor e a liberdade.

Façamos! Vamos juntos pelo Brasil!

Guararema, 21 de maio de 2022

Da Redação/Comitê Popular de Luta

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