Nota da SMAD sobre a luta pelos direitos das mulheres
Pensar em políticas ambientais é pensar em desenvolvimento – justo e sustentável. Portanto, isso diz respeito à luta pelos direitos das mulheres
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A luta pelo meio ambiente há muito deixou de ter exclusivamente a bandeira conservacionista. Pensar em políticas ambientais é pensar em desenvolvimento – justo e sustentável. Portanto, isso diz respeito à luta pelos direitos das mulheres.
Em 1910, Clara Zetkin propôs durante a II Conferência Internacional das Mulheres Socialistas uma jornada de lutas por seus direitos, visto que elas, enquanto trabalhadoras, tinham jornadas de trabalho mais longas e salários menores. Ainda hoje esta realidade se repete.
Se há dúvida de que este tema tem relação à luta por meio ambiente e desenvolvimento, é bom lembrar que durante a revolução industrial, milhares de famílias foram obrigadas a abandonarem as terras de onde tiravam seu sustento de forma comunal e migrarem para as cidades, onde as fábricas precisavam de mão de obra. E, por serem as mulheres culturalmente detentoras do papel de “cuidadoras”, foram as que mais sofreram ao perderem suas terras e moradias.
No Brasil, quando o mundo identificou a necessidade de consumidores para justificar a produção industrial, os escravos foram libertos sem nenhuma perspectiva de futuro – e, do dia para a noite, passaram a ser “trabalhadores/consumidores” (outra forma de escravidão). Enquanto isso, as terras da coroa português eram distribuídas em grandes latifúndios para os amigos do rei.
São os herdeiros desses latifúndios que hoje despejam toneladas de agrotóxicos em nosso solo, água e alimento, envenenando nossa população todos os dias. São esses latifundiários que elegeram a bancada que aprovou a lei da terceirização, que colocará a mulher camponesa em condições ainda mais insalubres. São eles que defendem a reforma da previdência, que tornará praticamente impossível a aposentadoria das mulheres, especialmente as camponesas. São eles que querem destruir a ancestralidade e territorialidade das populações tradicionais.
A luta por um modelo de desenvolvimento mais justo significa também defender a equidade. Também impõe a urgente necessidade da manutenção e ampliação das políticas públicas para mulheres, especialmente as negras, indígenas, quilombolas, pescadoras, camponesas. LGBT e todas as que compõem as parcelas mais vulneráveis da população. Não é viável pensarmos no desenvolvimento de um país composto por maioria feminina, mas, que não reflete esta realidade nos direitos e acesso ao Estado, tampouco nas esferas de poder, e que ainda mata mais mulheres do que países extremistas.
E em 2018, enquanto lutamos pela soberania de nosso país após o roubo da cadeira presidencial que era ocupada por uma mulher honrabilíssima, é fundamental que nossas fileiras olhem para o machismo e patriarcado estruturais de forma mais séria. Nós, que defendemos verdadeiramente uma forma de desenvolvimento que seja justo para todos e todas, precisamos fortalecer a luta pelos direitos das mulheres.
Hoje, parabenizamos na figura da presidenta Dilma Rousseff todas as mulheres que lutam por dias melhores para nossa nação. Parabenizamos as guerreiras que construíram políticas públicas que favoreceram a preservação das tradições, o combate à violência, o acesso à moradia, à terra, à educação, saúde e alimento. Saudamos por meio de nossa presidenta Gleisi Hoffmann todas as mulheres que, corajosamente, enfrentam o machismo que assola todas as instâncias sociais – incluindo a esfera política.
Acreditamos em um Brasil mais justo e sustentável. E isso só será possível enfrentando a estrutura social mais antiga: o patriarcado.
Da Secretaria de Meio Ambiente e Desenvolvimento