“Operação criminosa”, denuncia dirigente nacional do MST sobre tentativa de despejo de 450 famílias em MG
Com ameaças e até incêndios, a Polícia Militar de MG completa mais de 35 horas de cerco às 450 famílias do Quilombo Campo Grande, no sul do estado
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Sob comando do governador Romeu Zema, a Polícia Militar iniciou uma operação de sítio no Quilombo Campo Grande na manhã desta quarta-feira (12) para forçar a saída das 450 famílias do local. O governador chegou a admitir a ilegalidade do despejo em plena pandemia através das redes sociais e declarar a retirada da polícia. No entanto, isso não aconteceu.
Na manhã desta quinta, o contingente policial foi aumentado, e o cerco já dura quase dois dias. Ainda pela manhã, os policiais demoliram uma escola que funcionava no local, e no início da tarde atearam fogo em áreas do acampamento para intimidar as famílias que resistem ao despejo ilegal.
Desde ontem, uma grande mobilização nacional tem sido feita com diversas manifestações e declarações de apoio às famílias. Através das hashtag #SalveQuilombo e #ZemaCovarde, que chegou a ser o assunto mais comentado no Twitter durante o dia, outros movimentos e personalidades políticas e artísticas já se posicionaram contra o despejo. A dirigente nacional do MST, Kelli Malfort, declarou a tentativa de despejo como “operação criminosa”.
Os acampados atingidos pela reintegração de posse vivem na área da usina falida Ariadnópolis, da Companhia Agropecuária Irmãos Azevedo (Capia), que encerrou as atividades em 1996, há mais de 20 anos.
As famílias do Quilombo Campo Grande são referência na produção agroecológica. A região do sul de Minas, conhecida por ser a maior produtora de café do Brasil, é também berço do café orgânico e agroecológico Guaií, produzido há décadas pelos acampados. Os agricultores também desenvolvem atividades como plantio de cereais, milho, hortaliças e frutas.
Com informações do Brasil de Fato.