Pablo Colantuono: “Há modernas formas de golpes de Estado na América Latina”
A destituição “ilegal” de Dilma Rousseff e “o papel dos juízes e decisões judiciais” seriam expressões desse novo golpismo, segundo o advogado argentino e analista internacional, que viajou ao Brasil para expor durante o congresso do Partido dos Trabalhadores e participou de reunião com Lula
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O advogado argentino e professor de Direito em universidades latino-americanas Pablo Gutiérrez Colantuono, que recentemente falou no Brasil durante um encontro do Partido dos Trabalhadores, liderado por Lula da Silva, disse que lá analisaram “as modernas formas de golpes de Estado que existem”, e que apontam a “desmontar políticas públicas” que nos últimos anos ocasionaram em processos de mobilidade social em distintos países latino-americanos.
O docente e pesquisador acadêmico foi consultado por VCF sobre sua presença no 6º Congresso do PT, que se encerrou nesse final de semana, e a cujas deliberações foi convidado especialmente para expor sobre assuntos de sua competência.
“Dentro do Congresso houve uma mesa principal de expositores internacionais e abordamos o caso Lula e as modernas formas de golpes de Estado existentes particularmente na América Latina”, disse o especialista, que é colunista deste portal de notícias.
Pontuou que “paralelamente tivemos uma reunião de alguns analistas internacionais com Lula da Silva na qual analisamos a situação latino-americana”.
“No meu caso, como argentino, conversei e expus sobre o processo de criminalização das políticas públicas na América Latina”, prosseguiu. “O Brasil atravessa uma profunda crise de legitimidade que se iniciou com o golpe de Estado através do processo de impeachment (juízo político) contra Dilma Rousseff, que destituiu de forma ilegal a presidenta constitucional”.
Gutiérrez Colantuono explicou que “o PT está solicitando, como a maioria de nós, eleições diretas já no Brasil, para assim recuperar a legitimidade de um sistema constitucional que foi rompido pelo golpe de Estado levado a cabo mediante a manobra de destituição de Dilma”.
Acrescentou que “junto aos advogados de Lula”, no congresso do partido “expusemos sobre o papel dos juízes e das decisões judiciais nesse novo processo que se dá em alguns países e que se vem estudando atentamente, dos golpes de Estado ‘suaves’, como vem sendo denominados”.
O advogado argentino e acadêmico de trajetória internacional considerou que “várias são as motivações” desse novo golpismo, “mas a principal é desandar todos os caminhos construídos e percorridos na formulação de políticas públicas de incidência coletiva e social chave em toda América Latina”.
Destacou que durante esses processos “as conquistas sociais foram estabelecidas como políticas públicas, e provocaram a mobilidade social de distintos setores em toda América Latina”.
O artigo foi originalmente publicado pelo site VCF e traduzido pela Secretaria de Relações Internacionais do PT. Clique aqui para acessar o original.