Pesquisa que indica apoio ao estupro será tema de debate
Em audiência pública no Senado, dados sobre a relação entre o comportamento feminino e os estupros serão discutidos
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A senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) apresentou requerimento na manhã desta quarta-feira (02) à Comissão de Assuntos Sociais (CAS) para discussão sobre o tema com a participação de parlamentares, especialistas representantes de movimentos feministas e de apoio à mulher e da jornalista Nana Queiroz, que deu início ao movimento Eu não Mereço ser Estuprada, que se espalhou pela internet.
A intenção da senadora é promover reunião conjunta da CAS com a Comissão de Direitos Humanos (CDH), provavelmente na próxima terça-feira (8). A senadora Ana Rita (PT-ES), que preside a CDH, deu total apoio à proposta e sugeriu a ampliação do debate. Os dados do Ipea mostraram que 58,5% dos entrevistados concordam totalmente (35,3%) ou parcialmente (23,2%) com a frase “Se as mulheres soubessem como se comportar, haveria menos estupros”. O estudo também demonstra que 65,1% concordam inteiramente (42,7%) ou parcialmente (22,4%) com a frase “Mulheres que usam roupas que mostram o corpo merecem ser atacadas”.
A pesquisa ouviu 3.810 pessoas entre maio e junho do ano passado em 212 cidades. Além das conclusões do estudo, um dado sobre o perfil das pessoas consultadas chama a atenção: do total de entrevistados, 66,5% eram mulheres. O Ipea divulgou também na última quinta-feira (27) levantamento com base em dados de 2011 do Ministério da Saúde sobre os casos de estupros no Brasil. Intitulado Estupros no Brasil: uma radiografia segundo os dados da Saúde, o documento afirma que, naquele ano 88,5%, das vítimas eram do sexo feminino, mais da metade tinha menos de 13 anos, 46% não possuía ensino fundamental completo e em 70% dos casos as vítimas eram crianças e adolescentes. A pesquisa aponta ainda que os principais responsáveis por estupros de crianças foram amigos ou conhecidos (32,2%) e pais ou padrastos (24,1%). No levantamento consta que os adolescentes foram vítimas de estupro, principalmente, tendo como autores desconhecidos (37,8%) e amigos ou conhecidos (28%). No caso de adultos que sofreram estupro em 2011, 60,5% foram vítimas de desconhecidos. “Estimamos que, a cada ano, no mínimo 527 mil pessoas são estupradas no Brasil.
Desses casos, apenas 10% chegam ao conhecimento da polícia”, consta no texto da pesquisa. “Obviamente, sabemos que tal análise é condicional ao fato de a vítima de estupro ter procurado os estabelecimentos públicos de saúde”, publicou o Ipea no estudo.
(PT no Senado)