Secretaria de Movimentos Populares do PT destaca combate à intolerância religiosa
21 de janeiro, Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa, marca o direito à liberdade de religião no Brasil e o combate à violência contra a intolerência
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O dia 21 de janeiro é lembrado como o Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa. A secretária nacional de Movimentos Populares e Políticas Setorias do PT, Lucinha Barbosa, falou sobre a data que tem como objetivo fortalecer a cultura da paz entre as várias religiões no Brasil.
“Há 16 anos foi sancionada pelo presidente Luís Inácio Lula da Silva através da Lei nº 11.635/2007 que instituiu 21 de janeiro como Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa. A data foi escolhida em função da história de violências que tirou a vida da Yalorixá Gilda de Ogum, após ter sua imagem maculada pelo Jornal da Igreja Universal do Reino de Deus”, lembra Lucinha.
Embora muitos tensionamentos aconteçam entre seguidores das mais diversas manifestações de fé, as religiões afro-brasileiras sofrem ataques sistemáticos, tendo seus templos invadidos, queimados, destruídos, bem como seus adeptos são perseguidos.
Desde que Mãe Gilda foi vitimada pela intolerância religiosa, sua filha biológica e herdeira do sacerdócio, passou a lutar incansavelmente pela liberdade religiosa dos povos de Axé. A Yalorixá Jaciara Ribeiro todo ano promove ações para destacar a importância da data, registrar publicamente denúncias de racismo religioso, bem como reafirmar que os povos de axé permanecem resistindo.
Um dos frutos dessa luta incessante é a instalação do busto em homenagem a Mãe Gilda de Ogum no Parque Metropolitano do Abaeté onde hoje, mais uma vez, lideranças de diversas denominações religiosas se reuniram para um ato público. Apesar das diferenças da forma como professam a fé, Pastores, Reverendos, Yalorixás, Babalorixás, lideranças espíritas, etc. foram uníssonos nos pedidos de respeito mútuo e construção de uma cultura de paz.
“É importante destacar que os últimos anos foram de muitos retrocessos e recrudescimento das violências contra os povos de axé. Derrotar Bolsonaro nas urnas infelizmente não significa uma automáticaextinção do bolsononarismo enquanto ideologia e práticas estruturadas também pelo crescimento e fortalecimento de grupos neopentecostais. Portanto, os desafios pela frente serão grandes para recuperarmos o Estado Democrático de Direito, o que inclui a defesa da liberdade religiosa para todos indistintamente”, enfatiza Lucinha.
De acordo com Mãe Jaciara de Oxum, filha de mãe Gilda e Yálorixa do Axé Abassá de Ogum, do Terreiro da Nação Ketu/Nagô, fundado em 6 de outubro de 1988, a data é uma homenagem à Iyalorixá Mãe Gilda, que foi vítima de intolerância religiosa no final de 1999, quando a casa da Mãe Gilda foi invadida, sendo que ela e seu marido foram agredidos verbal e fisicamente, e seu Terreiro foi depredado por evangélicos. Mãe Gilda não suportou os ataques e, após enfartar, faleceu no dia 21 de janeiro de 2000.
“Que todo mundo tenha direito de ser livre, de amar quem quiser amar e escolher a sua religião”, ensina Mãe Jaciara.