Bolsonaro chama de idiotas sobretudo pobres e negros ao atacar educação

Maioria dos alunos de universidades federais tem esse perfil e ainda vieram de escolas públicas, segundo pesquisa da Andifes, associação ligada às instituições

Elineudo Meira

Estudante negra em ato pela educação pública

A crise do desgoverno de Jair Bolsonaro, cujo ápice foi o anúncio de corte no orçamento das universidades e institutos federais, ainda está longe de acabar. Enquanto a comunidade acadêmica ainda espera uma retratação por ter sido chamada de idiota pelo presidente, novos desdobramentos mostram que o ataque à educação pública do país será muito pior do que o esperado.

É o que prova a 5ª Pesquisa de Perfil Socioeconômico dos Estudantes das Universidades Federais, divulgada nesta quinta-feira pela Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes). O levantamento deixa claro que o que a maioria dos alunos de graduação das universidades federais brasileiras vem de família com renda per capita de até um salário mínimo e meio, é parda ou preta, e estudou o Ensino Médio em escola pública, e são filhos e filhas de pais sem curso superior.

Estudante negro em ato pela educação pública

Os números são de 2018 e aponta  que 26,61% dos alunos têm renda de até meio salário mínimo, 26,93% de até um salário mínimo, e 16,61% de até um salário e meio, totalizando 70,2%. Em 2014, quando foi feita a última pesquisa, eles eram 66,2%.

Por cor, pardos e pretos somados são, pela primeira vez, mais da metade dos alunos , representando 51,2% do total. Ainda assim, isso está abaixo da média da população brasileira, em que esse índice é de 60,6%. Por cor, pardos e pretos somam mais da metade dos alunos , representando 51,2% do total. Ainda assim, isso está abaixo da média da população brasileira, em que esse índice é de 60,6%.

Estudante negro em ato pela educação pública

Corte agravará inclusão no ensino superior

O corte nas universidades públicas e institutos federais pode diminuir ainda mais o número de estudantes que tem acesso ao ensino superior – a queda começou, não por acaso, em 2015, ano do início da crise econômica e das articulações para derrubar Dilma Rousseff do poder.

A avaliação faz parte da tese “Educação Superior Brasileira no início do século XXI: inclusão interrompida?” feita por Ana Luiza Matos de Oliveira, doutora em Desenvolvimento Econômico pelo Instituto de Pesquisa Econômica da Unicamp. Segundo a autora, os cortes anunciados terão efeito duplamente negativo, “já que muitas universidades podem dispensar seus funcionários terceirizados. Além disso, em alguns municípios onde há universidades, o comércio local é baseado no consumo dos estudantes e professores”.

Da Redação da Agência PT de Notícias

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