Bolsonaro condena 14 milhões de brasileiros ao desemprego em 2022

OIT estima que Brasil manterá 14 milhões de pessoas desempregadas este ano. “Recuperação deve ser baseada nos princípios do trabalho decente”, alerta diretor-geral da instituição, Guy Ryder

Site do PT

Política neoliberal de Guedes aprofunda crise social

O desgoverno Bolsonaro fracassou na geração de postos de trabalho e o Brasil sequer conseguirá retomar os níveis de emprego pré-pandemia em 2022, mantendo a massa de desempregados em 14 milhões de pessoas. A projeção é da Organização Internacional do Trabalho (OIT), em seu relatório Perspectivas Sociais e de Emprego no Mundo em 2022, divulgado nesta segunda-feira (17).

“Estamos vendo tanto um aumento de desemprego como uma redução do número de pessoas participando do mercado de trabalho”, disse. “Se você agrega esses dois elementos, o que se vê é um sinal de uma situação preocupante no estado de saúde do trabalho”, alertou o diretor-geral da instituição, Guy Ryder.

A agência das Nações Unidas rebaixou a previsão para este ano de recuperação do mercado de trabalho em todo o mundo, mas no Brasil as condições são particularmente ruins. O desemprego medido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística saiu de 11,9% em 2019 para 14,4% em 2021. Em 2022, ele deverá se manter no patamar dos atuais 13,6%, índice mais de duas vezes superior à média mundial.

Ryder avalia que, além do desemprego, milhões de brasileiros abandonaram “de forma significativa” o mercado de trabalho e sequer estão buscando mais oferta de vagas. Antes da pandemia, afirma, 62,2% dos brasileiros estavam no mercado de trabalho. Em 2020, a taxa caiu para 57,3%. Agora, continua abaixo dos índices de 2019, com 59%.

Outra constatação é de que a informalidade aumentou de forma importante na América Latina em dois anos de pandemia. Mas, no caso brasileiro, a crise aprofundou o processo que já vinha ocorrendo antes, de precarização das condições de trabalho.

Para a OIT, é fundamental que as políticas públicas se concentrem em gerar emprego formal em escala suficiente não apenas para absorver a força de trabalho em recuperação, mas também para afastar riscos de um impacto mais profundo na sociedade.

“Não vamos nos recuperar desta pandemia sem uma recuperação de longo alcance no mercado de trabalho. E para ser sustentável, essa recuperação deve ser baseada nos princípios do trabalho decente, incluindo saúde e segurança, igualdade, proteção social e diálogo social”, advertiu Ryder em comunicado oficial.

O deputado federal Paulo Pimenta (PT-RS) chamou a atenção para o problema em seu perfil no Twitter. “BOLSOGUEDES – O desemprego no Brasil deverá permanecer em alta no Brasil ao longo de 2022, fechando o ano com um índice de 13,6%, aponta um relatório da Organização Internacional do Trabalho (OIT)”, apontou Pimenta.

Ômicron é novo empecilho para a retomada

O número de desempregados em todo o mundo para 2022 é estimado pela OIT em 207 milhões (5,9%), contra 186 milhões em 2019. Em 2022, a taxa geral de atividade deve permanecer 1,2 ponto percentual menor do que em 2019, estima a organização.

“As perspectivas do mercado de trabalho global se deterioraram desde as últimas projeções da OIT; um retorno ao desempenho pré-pandemia provavelmente permanecerá indefinido para grande parte do mundo nos próximos anos”, afirma o relatório da agência da ONU.

“Claramente, a revisão mais pessimista está relacionada à continuidade da pandemia, e naturalmente, da variante Ômicron. Essa tendência de restrição deve continuar enquanto a pandemia continuar descontrolada”, explicou o diretor-regional para América Latina e Caribe da OIT, Vinícius Pinheiro, à ONU News. “Essa incerteza, combinada com outros riscos, como os macroeconômicos relacionados com a inflação e maior endividamento público, condiciona a um panorama cada vez mais frágil.”

Vinícius Pinheiro destacou também que a América Latina tem uma recuperação pior do que o resto do mundo. A taxa de ocupação na região para 2022 deverá ser 1,5% abaixo do que em 2019, representando um déficit na força de trabalho de 40 milhões de empregos. A região apenas conseguirá voltar a ter as mesmas taxas de desemprego que registrava antes da pandemia em 2024.

A OIT revela também que o efeito “desproporcional da crise sobre o emprego para as mulheres continuará nos próximos anos”. A longo prazo, o fechamento de instituições de ensino e de formação profissional terá um “efeito dominó” para os jovens, em especial para aqueles que não tem acesso à internet.

O diretor-geral da OIT declarou que “após dois anos de crise, a perspectiva segue sendo frágil e a via de recuperação lenta e incerta”. Guy Ryder afirmou que “os danos no mercado de trabalho serão potencialmente duradouros, juntamente com um preocupante aumento da pobreza e das desigualdades”.

Para Guy Ryder, “sem um esforço concertado e políticas eficazes em nível internacional e nacional, é provável que alguns países levem anos para reparar os danos” no mercado de trabalho, com consequências a longo prazo “para a taxa de participação, rendimento das famílias, mas também para a coesão social e até política”.

Em outro relatório publicado nesta segunda (17), a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) estima que a recuperação do crescimento econômico deverá começar a desacelerar no curto prazo em várias das maiores economias do mundo. Os dados, alerta a agência, sugerem “visível” queda no ímpeto de crescimento de Alemanha, Itália, Reino Unido e Canadá.

Entre grandes economias emergentes, a pesquisa da OCDE antecipa forte desaceleração do crescimento no Brasil. Já nos Estados Unidos, zona do euro e Japão, a indicação é de crescimento estável.

Da Redação, com agências e ONU News

Tópicos:

LEIA TAMBÉM:

Mais notícias

PT Cast