Bolsonaro entreguista: Privatizar Correios será catastrófico para o país
Empresa federal entra na lista do governo antipovo e, caso seja entregue à iniciativa privada, pode gerar até 105 mil demissões, além do fim da universalidade do serviço
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Não é só o futuro que está sob ameaça a partir da eleição de Jair Bolsonaro (PSL). Ao propor a venda dos Correios, cuja história carrega mais de três séculos de atuação no mercado, o despreparado presidente também está prestes a entregar à iniciativa privada uma empresa hoje superavitária (após sucessivas crises fiscais) e, sobretudo, que se mantém como única fonte que conecta as regiões mais afastadas aos grandes centros urbanos do país.
Presente em todas as cidades brasileiras (são 5570) e considerada a instituição pública mais confiável pela população por diversas vezes, a empresa fundada durante o Império foi e ainda é a única alternativa para enviar e receber encomendas, pagar contas e emitir documentos de milhões de brasileiros e brasileiras espalhados por uma área de mais de 8 milhões de quilômetros quadrados. É, para muitos, a marca maior da expansão territorial do país.
A privatização iminente, que veio a público no último dia 18 de abril e ameaça o emprego de ao menos 100 mil funcionários, colocará em total isolamento um Brasil ainda pouco conhecido da maioria. Não à toa, as campanhas publicitárias da empresa sempre ressaltaram a ideia “de ir até onde nenhuma empresa privada sequer sonha em chegar” – nunca é demais relembrar que mais de 63 milhões de brasileiros ainda não têm acesso à internet e dependem exclusivamente dos Correios para a realização de diversos serviços.
“Os Correios auxiliam também na fonte de renda de milhares de pequenos produtores que vivem longe das capitais. Sem o serviço de envio e entrega, muitos desses trabalhadores e trabalhadoras do país ficarão isolados e podem ser levados à pobreza e à miséria. Isso sem contar os mais de 100 mil colaboradores da empresa que certamente terão dificuldades de manterem seus empregos caso a privatização se confirme”, avalia Fabio Souza de Oliveira, analista de Correios Jr,
Oliveira também reitera que a privatização, além da catástrofe social que poderá gera, não tem qualquer justificativa plausível. Ele cita como exemplo o caso da Argentina que em 1997 privatizou o serviço postal e causou enormes prejuízos à população. Sucateada, a empresa voltou a ser federal. “É inconcebível imaginar que, caso uma empresa privada assuma o serviço postal do país, ela mantenha o recebimento e entrega em cidades que não geram lucros e que ficam afastadas das capitais”, explica.
De fato, das 5570 cidades do país, em apenas 324 as operações logísticas dos Correios são superavitárias. No restante, as operações são integralmente suportadas pela empresa, num esquema chamado de subsídio cruzado e sem qualquer recurso do Tesouro Nacional. Ou seja, com o lucro vindo das operações em grandes centros urbanos, a empresa mantém o serviço em locais afastados mesmo sem pensar em retorno financeiro. “Os Correios sempre tiveram este apelo social muito forte e, ao longo da história, tiveram papel fundamental na ampliação do território nacional. Onde houver alguém morando, os Correios estarão lá”.
Correios e as fake news do governo
Quando a equipe econômica comandada por Paulo Guedes sinalizou que os Correios entrariam no pacote entreguista do governo, logo vieram à tona as repetidas notícias falsas propagadas sempre que uma empresa pública ameaça ser privatizada.
Com os Correios não foi diferente. As especulações levaram o presidente dos Correios, general Juarez Cunha, a divulgar nota afirmando que ainda “existem questões jurídicas, técnicas e econômicas que precisam ser levantadas e discutidas.” O mandatário da instituição federal também se colocou à disposição para “apresentar todas as informações necessárias e demonstrar que os Correios, se bem geridos, são viáveis e que as medidas adotadas para saneamento e modernização da estatal já estão dando resultado”.
Da Redação da Agência PT de Notícias