Bolsonaro libera bebidas alcoólicas a caminhoneiros em locais de descanso
Presidente, que já acabou com radares em rodovias e reduziu fiscalização, agora possibilita que caminhoneiros bebam nas paradas das viagens
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O governo de Jair Bolsonaro liberou a venda e o consumo de bebidas alcoólicas em locais de descanso de caminhoneiros e motoristas de ônibus em rodovias federais. A portaria 1.343, editada em 2 de dezembro pelo secretário Especial de Previdência e Trabalho do Ministério da Economia, Rogério Marinho, já está em vigor e revogou o texto anterior, da ex-presidenta Dilma Rousseff (PT), que impunha tolerância zero para a venda e o consumo de bebidas alcoólicas em locais reconhecidos como áreas de descanso de motoristas, no perímetro urbano das cidades. Os municípios e o Distrito Federal ainda podem impor proibição local.
O consumo de bebidas alcoólicas antes de dirigir é uma causa recorrente de acidentes nas rodovias federais em todo o país. Foram registrados 4.500 acidentes nas estradas por embriaguez, entre janeiro e outubro deste ano. Como consequência, 265 pessoas morreram e 1.187 ficaram gravemente feridas. Apenas no estado de São Paulo, acidentes envolvendo caminhões fizeram 895 vítimas fatais este ano, das quais 146 eram caminhoneiros.
Mais mortes
No início do ano, Bolsonaro determinou a suspensão da instalação de 8 mil novos radares para as rodovias federais. A justiça determinou que o governo instalasse os equipamentos e o Ministério da Infraestrutura fez um acordo se comprometendo a instalar 1.140 aparelhos para monitorar 2.278 faixas. Não há informações do andamento desta medida. Desde janeiro, os acidentes em rodovias federais tornaram-se mais graves, com mais mortos e feridos.
Em 15 de agosto deste ano, Bolsonaro determinou a suspensão do uso de radares móveis pela Polícia Rodoviária Federal (PRF). Entre 16 de agosto e 31 de outubro as rodovias federais, que vinham registrando queda nos acidentes desde 2014, tiveram aumento de 7,2% nos acidentes, comparado ao mesmo período de 2018. Foram 14.629 ocorrências, com aumento também no número de mortos, de 1.089 para 1.102, e feridos, de 15.726, em 2018, para 16.843.