Brasil terá safra recorde, 8,8% maior que 2014
Aumento de quase 2% na produção vai refletir crescimento da área plantada e estabilidade nas políticas de suporte ao produtor, acredita a Companhia Nacional de Abastecimento
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A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) refez as estimativas sobre a safra brasileira de grãos 2015/2016 nesta sexta-feira (9). A produção brasileira deve registrar novo recorde no próximo ano agrícola, com a colheita de 210,3 milhões de toneladas a 213,5 milhões no início de 2016, informa a estatal.
Outra previsão, feita pelo IBGE, uma produção 8,8% superior à obtida em 2014.
O aumento na produção é impulsionado, segundo a Conab, pelo aumento da área plantada, que deve avançar 900 mil hectares (ha) de área cultivada, indo dos 58,1 milhões de ha na safra passada para os 59 milhões de ha de agora.
A ampliação da área plantada “reflete a estabilidade do suporte ao produtor”, na avaliação do diretor de Política Agrícola e Informações da Conab, João Marcelo Intini.
Ou seja, recursos, orientação técnica, assistência rural e apoio à produção não faltam ao setor, devido ao aprimoramento e consolidação de políticas agrícolas pelo governo da presidenta Dilma Rousseff.
O resultado desse ambiente seguro ao investimento no agronegócio é aumento sucessivo no financiamento à safra, que, por sua vez, realimenta a roda-viva do ciclo de produção.
Neste ano, são R$ 187,7 bilhões em crédito subsidiado pelo governo federal, 20% a mais que no ano passado, segundo a Conab.
“Acho que estamos vendo uma consolidação da produção agrícola no País”, acredita Intini, apesar da intensificação do fenômeno do El Niño, que afeta para baixo o fluxo das chuvas.
Segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), a estimativa é de que chova menos até março que vem nas principais regiões produtoras. De forma bem distribuída sobre as regiões agrícolas, o fenômeno de redução da chuva perde força.
A soja deverá obter os melhores resultados no cenário dessa consolidação, acredita o diretor, devendo superar inéditos 100 milhões de toneladas e chegar a 101,9 milhões de toneladas meados do ano que vem, quando termina a colheita.
Nem a queda internacional no preço do grão impede seu avanço, devido ao câmbio favorável à exportação com a valorização do dólar. Para ampliar a plantação da soja, no entanto, os produtores devem reduzir o volume de milho plantado, acredita Intini.
Com isso, a produção de milho deve recuar de 2,2% a 3,3%, ficando entre 82,6 milhões de toneladas a 83,6 milhões, contra as 85,4 milhões de toneladas da safra que se acaba de se encerrar.
Para a Conab, a queda não deve impactar o abastecimento interno de milho, cuja principal utilização é em produção de rações animais. Intini estima, com base em avaliações técnicas, que o consumo interno se situará na faixa dos 80 milhões de t.
O trigo também deve aumentar a produção (em 11,4%) e alcançar 6,6 milhões de toneladas, mesmo com previsão de redução de 9,8% da área plantada, para 2,48 milhões de hectares.
O feijão deve manter produção estável em 3 milhões de toneladas e o arroz sofrer queda (de 1,9% a 3,9%) também devido a redução da área de cultivo.
Por Márcio de Morais, da Agência PT de Notícias