Cientista político defende fim de doações empresariais para barrar corrupção

Para o cientista político José Antonio Moroni, é preciso mudar o modelo de financiamento empresarial das campanhas que acaba beneficiando o empresário e corrompendo a política

O cientista político José Antônio Moroni, membro do colegiado de gestão do Instituto de Estudo Econômicos e Sociais (Inesc), acredita que a constitucionalização de doações empresariais no Brasil não é uma medida apropriada.

“Uma das matrizes que estrutura a corrupção no Brasil é o financiamento empresarial das campanhas” avalia Moroni.

Para ele, prática das doações empresariais de campanhas beneficia os próprios empresários, os verdadeiros “donos do poder”.

“A dificuldade em aprovar o fim do financiamento empresarial está ligada aos interesses dos grupos econômicos que ainda precisam deter o domínio do mundo político. É um grupo poderoso que estabelece a não democratização do poder”, afirma.

Moroni também faz críticas à forma como os deputados aprovaram as doações empresariais de campanha, com a permissão, apenas, de doações empresariais de pessoas físicas. Para o cientista político, os parlamentares “conseguiram piorar o que já não era bom”.

“Com esse modelo, se faz exatamente o que eles criticaram com a proposta da lista fechada, que era dar o poder para a oligarquia. Sendo assim, o candidato não vai poder mais captar o recurso, vai ser o partido. Eles querem concentrar o recurso na oligarquia partidária. O que já era péssimo e devia acabar que era o financiamento das candidaturas, eles conseguiram piorar”, declara.

Na avaliação do cientista político, o fim do financiamento empresarial poderá trazer vários benefícios, entre eles campanhas eleitorais mais baratas, disputas mais equilibradas e menos influência das grandes empresas no processo eleitoral.

No dia 26 de maio, o financiamento empresarial havia sido derrotado em votação no plenário da Câmara, com 264 votos favoráveis, 207 contrários.

Por se tratar de proposta para alterar a Constituição, eram necessários 307 votos a favor, mas uma manobra do presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), fez com que o tema voltasse para a pauta de votação no dia seguinte. Com isso, o texto foi aprovado.

“Acaba sendo um recurso público indireto para financiar determinado grupo político, que lá na frente vai favorecer determinada empresa para ter acesso a uma licitação, que provavelmente será superfaturada para beneficiar novamente o grupo. Enquanto não se proibir o financiamento empresarial nas campanhas a corrupção vai continuar” defende.

Parlamentares petistas prometem reverter a situação no Senado. Eles tentarão convencer aqueles que são favoráveis ao financiamento a não aceitarem a influencia do poder econômico nas eleições.

Por Michelle Chiappa, da Agência PT de Notícias

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