Com Lula, Martvs Chagas vê retomada de políticas de promoção da igualdade racial

Ao Jornal PT Brasil, secretário de Combate ao Racismo do PT falou dos desafios do governo na luta contra a desigualdade racial. “O que nós estamos vivenciando nesses 11 meses de governo Lula é retomada da esperança”

Divulgação/Site do PT

“Pedimos o apoio de todos negros e não negros porque a saída é eliminação do racismo", conclamou Chagas

Embora represente 56,1% da população em idade de trabalho, negros e negras correspondem a mais da metade dos desocupados que é de 65,1%, segundo o Dieese. “Esses dados por si só colocam o grande desafio para o nosso governo que é inserir essa parcela da população dignamente. Em primeiro lugar a preservação da vida das pessoas negras com dignidade e, em segundo, a inserção com qualidade no mercado de trabalho”, declarou hoje, 20 de novembro, Dia da Consciência Negra, o secretário nacional de Combate ao Racismo do PT, Martvs Chagas, em entrevista ao Jornal PT Brasil.

“Pedimos o apoio de todos negros e não negros porque a saída é eliminação do racismo. O racismo não foi criado pelas pessoas negras, então todas e todos têm que estar envolvidos na sua eliminação. Que esse dia 20 de novembro seja de reconstrução e de retomada das políticas públicas de promoção da igualdade racial em todo o país”, salientou.

A data que Martvs considera emblemática, é também um dia que a militância do movimento negro brasileiro conseguiu inserir no calendário nacional. Ela é ao mesmo tempo celebrativa e uma data de luta.

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“O que nós estamos vivenciando nesses 11 meses de governo Lula é retomada da esperança. Tivemos um retrocesso gigantesco nos últimos seis anos desde o golpe da presidenta Dilma até o advento nefasto do governo que se encerrou no ano passado”, analisou Martvs ao citar uma série de políticas que estavam sendo desenvolvidas pelos governos Lula e Dilma que foram “obstaculizadas e paralisadas”.

Martvs considera que as políticas de cotas, dos 30% para cargos eletivos e várias outras significam a retomada do que houve nos governos democráticos para inserir a população negra no cenário nacional.

“Essa inserção se deve exatamente porque nós negros e negras ficamos fora desse espectro. O Brasil é um país extremamente racista e todo o desenvolvimento social e econômico do Brasil se deu através da escravização de pessoas negras. E essa interrupção das políticas públicas nesses últimos períodos fez com que a gente tivesse um retrocesso que agora está sendo retomado pelo presidente Lula”, assinalou.

Integrante da equipe de transição, Martvs relata questões de fundamental importância para a população negra brasileira e que foram levadas em conta por ele e seus colegas.

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“Quando a gente atende a população negra, a gente atende toda a população do Brasil. Trabalhamos a questão da vida humana, ou seja, dar condição de fazer com que as pessoas negras tenham vida em abundância e com dignidade, para que pudéssemos parar a matança de pessoas negras que ainda hoje, infelizmente, a gente verifica no país”, salientou.

Dados do Dieese evidenciam a dimensão do desafio do governo Lula

Junto da primeira premissa, ou seja, “fazer com que as pessoas negras pudessem viver, um direito básico, humanitário”, Martvs citou o princípio da inserção econômica com qualidade, com condições reais de renda e trabalho. Ele listou uma série de dados do Dieese que evidenciam o tamanho do desafio que o governo Lula e a sociedade brasileira têm pela frente.

Embora a população negra represente 56,1% da população em idade de trabalhar, os negros ocupam apenas 33,7% dos cargos de direção e gerência, ou seja, um em cada 48 trabalhadores negros ocupa função de gerência enquanto entre os não negros a proporção é de um para cada 18 trabalhadores.

A taxa de desocupação atual das mulheres negras é de 11,7%, mesmo percentual dos piores índices durante a pandemia de Covid, sendo que a taxa de desocupação de não negros está em 6,3%. Uma em cada seis das mulheres negras ocupadas trabalham ainda hoje como empregada doméstica.

Quase metade dos trabalhadores negros, 46%, estão em trabalhos desprotegidos. Entre os não-negros essa proporção é de 34%. A população negra ganha 39,2% a menos do que os não negros em média. Em todas as posições da ocupação, o rendimento médio dos negros é menor do que a média da população.

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“Isso quer dizer o seguinte: a discriminação racial acontece primeiramente na maior dificuldade de inserção dos negros e negras no mercado de trabalho e a taxa de desocupação dos negros é sistematicamente superior à dos demais trabalhadores”, salientou, ao enfatizar que o governo está trabalhando no campo da educação, da segurança alimentar, do Bolsa Família para que as pessoas tenham o mínimo para poderem se alimentar.

“Mas é necessário que a gente amplifique e muito as nossas políticas. E essas políticas não podem ser apenas de determinado ministério”, observou.

Martvs afirmou que é preciso legitimar o governo Lula constantemente porque a polarização política que se estabeleceu no Brasil tem, de um lado, aqueles que defendem a soberania e a civilidade e, de outro, os que defendem a barbárie.

“Precisamos saber lidar com isso porque nas redes sociais a gente percebe a direita e a extrema direita tem um grande potencial de propagar as suas fakenews de propagar as suas mentiras, e precisamos combater isso nas redes sociais, no nosso dia a dia, nas nossas conversas com as pessoas”, afirmou ao ressaltar a importância de o partido preparar o maior número de pessoas negras que possam fazer a disputa eleitoral nos executivos e legislativos municipais.

Da Redação

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