Com Lula, política externa atrai investimentos para melhorar a vida do povo
“Voltamos para recolocar o Brasil na geopolítica internacional em igualdade de condições. Reindustrializar o país passa por essa presença internacional”, diz o presidente
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Com envolvimento direto do presidente Lula, o esforço para reposicionar o Brasil no cenário internacional é um dos caminhos trilhados pelo governo para atrair investimentos e retomar o desenvolvimento sustentável, com foco em geração de emprego e renda, redução das desigualdades, melhoria da qualidade de vida da população e preservação ambiental. Por meio dessa mesma estratégia, a economia brasileira conseguiu alcançar, em 2011, a 6ª posição entre as maiores do mundo, antes dos retrocessos verificados nos últimos anos – hoje, o país está na 11ª colocação.
“Voltamos para recolocar o Brasil na geopolítica internacional em igualdade de condições. É o mínimo que um governo deve fazer. Inclusive, reindustrializar o nosso país passa por essa presença internacional”, afirmou o presidente Lula, no X, antigo Twitter, logo após o encerramento da 18ª Cúpula de Chefes de Governo e Estado do G20, grupo que reúne 19 das maiores economias do planeta mais a União Europeia e a União Africana – esta última foi admitida durante o evento, realizado, no último final de semana, em Nova Delhi, na Índia.
A cúpula foi mais um passo importante rumo ao reposicionamento do Brasil no mundo. Na ocasião, o país assumiu a presidência rotativa do G20, cujos integrantes respondem, juntos, por mais de 80% do PIB mundial, 75% do comércio global e 60% da população do planeta.
Voltamos para recolocar o Brasil na geopolítica internacional em igualdade de condições. É o mínimo que um governo deve fazer. Inclusive, reindustrializar o nosso país passa por essa presença internacional do nosso país.
— Lula (@LulaOficial) September 11, 2023
Durante o encontro, Lula anunciou os temas centrais da gestão brasileira à frente do grupo: o combate à fome e à desigualdade, o incentivo à transição energética e ao desenvolvimento sustentável em suas três dimensões (econômica, social e ambiental) e a busca por uma mudança nos sistemas de governança internacional. Na condição de presidente do G20, uma das atribuições do Brasil será preparar a próxima reunião de cúpula, marcada para novembro de 2024, quando o país estará no centro das atenções mundiais.
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Outro marco importante do encontro de Nova Delhi foi a Aliança Global dos Biocombustíveis, que Lula lançou com os presidentes da Argentina, Alberto Fernández, dos Estados Unidos, Joe Biden, e com o primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi. Com potencial de atrair investimentos para o Brasil, a ideia é fomentar a produção e o uso de biocombustíveis, como o etanol, para buscar transportes menos poluentes em escala mundial.
“A Aliança Global pelos biocombustíveis é um marco importante na reunião do G20. O Brasil é pioneiro nesse segmento. É muito importante para o nosso futuro. O mundo está vendo a importância dos biocombustíveis, para substituir os combustíveis poluentes que aceleram a crise climática”, disse Lula, no X.
O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, também comentou o acordo. “A Aliança Global de Biocombustíveis é importantíssima. O Brasil é um país pioneiro, há 50 anos é referência nessa área. E esse anúncio em conjunto com outros países tão importantes é, sem dúvida nenhuma, uma grande contribuição dessa reunião do G20”, afirmou o chanceler, em pronunciamento após a cúpula do G20.
Liderança
Com o agravamento da crise climática, o Brasil tem grande oportunidade de se tornar líder, em nível global, dos esforços para a transição energética. A energia elétrica do país, por exemplo, é 90% limpa, e, em todo o sistema energético nacional, o percentual é de 50%, enquanto, no restante do mundo, o índice é de 15%. Para o presidente Lula, o momento é bastante propício para o país receber investimentos em energias eólica, solar, biomassa, hidrogênio verde, etanol e biodiesel, entre outras fontes energéticas nas quais o país está na vanguarda mundial.
Essas oportunidades estão postas no Novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), lançado em agosto com previsão de R$ 1,7 trilhão em investimentos públicos e privados – inclusive estrangeiros – e que tem sido destacado por Lula durante as reuniões de cúpula e os fóruns empresariais de que participa.
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O Novo PAC é focado em crescimento econômico, sustentabilidade, inclusão social, redução das desigualdades regionais, transição ecológica, neoindustrialização, geração de emprego e renda. O governo estima que 4 milhões de postos de trabalho sejam gerados com as ações do programa.
Reuniões bilaterais
Em praticamente todas as viagens internacionais, o presidente Lula atrai as atenções de importantes lideranças mundiais, com as quais realiza reuniões bilaterais para tratar de acordos de cooperação capazes de atrair investimentos para o Brasil. Esses encontros refletem, em grande parte, o interesse desses líderes em se reaproximar do Brasil, um país conhecido pelo protagonismo nas discussões globais e que se isolou diplomaticamente nos últimos anos.
Com o primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, por exemplo, Lula teve um encontro bilateral em paralelo à Cúpula do G20. Na ocasião, eles destacaram a celebração, em 2023, de 75 anos de relações diplomáticas entre os países e assumiram o compromisso de ampliar o comércio bilateral, atualmente na casa de 15 bilhões de dólares. A Índia é o quinto maior parceiro comercial do Brasil e o segundo maior na Ásia.
Ao todo, à margem da cúpula de Nova Delhi, Lula teve sete reuniões bilaterais. Além do primeiro-ministro indiano, ele se encontrou com líderes de países como França, Turquia, Holanda, Arábia Saudita e com representantes da União Europeia. A presidenta da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, com a qual Lula se encontrou na Índia, anunciou, em julho, durante outra reunião com o presidente brasileiro, que o bloco pretende investir 45 bilhões de euros na América Latina e Caribe até 2027.
Além de uma participação destacada no G20, o Brasil também tem recuperado protagonismo em outros grupos de cooperação internacional, como o Mercosul, do qual assumiu a presidência temporária em julho; a Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (CELAC), o BRICS, que será ampliado para 11 países, a partir de janeiro; e a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP).
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“As prioridades na política externa, definidas pelo governo Lula a partir de janeiro, foram acertadas”, escreveu Rubens Barbosa, ex-embaixador do Brasil em Londres e Washington, em artigo publicado no site do Instituto de Relações Internacionais e Comércio Exterior (IRICE), do qual é presidente. No texto, ele fez uma análise sobre os seis primeiros meses da nova política externa do país e sublinha que as ações desenvolvidas atendem ao interesse nacional.
“A volta do Brasil ao cenário internacional, o destaque ao meio ambiente e a mudança de clima e a importância da América do Sul são políticas que estão de acordo com o interesse nacional, num momento de grandes transformações globais”, acrescentou o diplomata, que considera fundamental que o governo tenha uma visão estratégica de médio e longo prazo no planejamento e na implementação dessas políticas.
Acordos
Desde a posse como presidente, em janeiro, Lula visitou 20 países, entre os quais Argentina, Estados Unidos, China, França, Emirados Árabes Unidos e nações africanas como Angola e África do Sul. Ao longo desse período, ele teve encontros bilaterais com mais de 50 chefes de Estado e de governo.
Em abril, durante visita oficial à China, maior parceiro comercial do Brasil, Lula e o presidente Xi Jinping assinaram acordos de cooperação e diversos outros documentos entre os dois governos e também entre empresas privadas e estatais. São parcerias da ordem de R$ 51 bilhões, voltadas ao incremento do comércio bilateral e da cooperação em pesquisa e tecnologia.
Um dos mais importantes foi firmado entre o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) e a Administração-Geral de Aduanas da China, a autoridade alfandegária do país, visando a simplificar processos de exportação de carne bovina brasileira para o mercado chinês. O texto prevê que os sistemas de informação serão modificados para a introdução de uma plataforma de certificados sanitários digitais, para agilizar o processo, além da elaboração de uma certificação própria para produtos de origem animal.
Outro dos memorandos de entendimento estabelece que o Grupo de Trabalho de Facilitação de Comércio entre os dois países terá a missão de trabalhar para “evitar barreiras desnecessárias ao comércio e resolver quaisquer obstáculos no acesso ao mercado da contraparte, por meio de diálogo e consultas para melhor entendimento sobre os sistemas regulatórios”.
Também em abril, Lula visitou Abu Dhabi, capital dos Emirados Árabes Unidos, onde foi assinado um acordo entre o estado da Bahia e o fundo financeiro de Abu Dhabi Mubadala Capital, controlador da refinaria de Mataripe, situada em São Francisco do Conde (BA) e que foi privatizada em 2021. O fundo empresarial se comprometeu a investir R$ 12,5 bilhões, em 10 anos, na construção de uma fábrica de diesel verde e de querosene de aviação sustentável na Bahia. A perspectiva é de geração de um grande número de empregos no estado.
Já com Angola, onde Lula se encontrou com o presidente João Lourenço, em agosto, foram assinados sete acordos de cooperação nas áreas de educação, saúde, turismo, agricultura, recursos humanos, exportações e apoio a pequenas e médias empresas.
Investimentos privados
O governo Lula têm colhido resultados importantes também em relação a projetos de empresas estrangeiras no Brasil. Diante da estabilidade institucional, recuperada após a tentativa de golpe bolsonarista de 8 de janeiro; dos bons resultados da economia e do aumento das oportunidades de investimentos, diversas companhias multinacionais têm manifestado interesse em apostar no país.
Em julho, por exemplo, a Volkswagen anunciou planos de investir 1 bilhão de euros no Brasil até 2026, como parte de uma estratégia de crescer 40% no país até 2027. Em comunicado, a montadora alemã detalhou que o investimento incluirá o desenvolvimento local de motores de combustão movidos a etanol, o lançamento de dois modelos de automóveis totalmente elétricos e a expansão de sua estratégia de negócios de assinatura, voltada para o aluguel de carros.
Também em julho, a chinesa BYD anunciou que investirá R$ 3 bilhões em um complexo industrial em Camaçari, na Bahia, previsto para começar a operar no segundo semestre de 2024. O grupo automotivo afirmou, em comunicado, que a produção, no Brasil, permitirá preços mais competitivos.
A BYD pretende iniciar a operação de três fábricas ao mesmo tempo. Uma planta estará dedicada à produção de chassis para ônibus e caminhões elétricos; outra focada em automóveis híbridos e elétricos; e a terceira voltada ao processamento de lítio e ferro fosfato para o mercado externo.
“O Brasil foi recolocado no mundo. Essa era a minha primeira tarefa, recolocar o Brasil na geopolítica internacional, ou seja, dizer para todo mundo: o Brasil está aqui, o Brasil existe, o Brasil fala, o Brasil pensa”, disse Lula, durante coletiva de imprensa após a cúpula do G20 na Índia.
“Eu fico muito orgulhoso de ver o carinho com que as pessoas tratam o Brasil”, acrescentou o presidente, enfatizando que nunca viu “o mundo tão necessitado do Brasil como agora, as pessoas dizendo ‘que bom que o Brasil voltou porque o Brasil fazia falta nas discussões políticas desse mundo’”. “Então, nós voltamos para isso, para colocar o Brasil na geopolítica internacional, dizendo o que queremos, como queremos, para que queremos, em igualdade de condições com todo mundo”.
Da Redação