Câmara dos Deputados acompanhará investigações de chacina em Belém
Crimes aconteceram entre os dias 4 e 5 de novembro e 10 pessoas foram mortas. Chacina pode ter sido motivada por retaliação a assassinato de policial
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A Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados acompanhará de perto as investigações da chacina que vitimou 10 pessoas em Belém (PA) entre a noite da terça-feira (4) e a madrugada de quarta-feira (5) passada. Os crimes foram cometidos em seis bairros da capital paraense após assassinato do policial militar Antônio Marcos da Silva Figueiredo.
Logo após a morte do cabo, começaram a circular pelas redes sociais relatos de policiais que convocaram grupos a vingar a morte do colega. De acordo com a polícia, ao menos seis mortes teriam características de execução.
O requerimento de envio de representantes da comissão foi apresentado pela deputada Manuela D’Ávila (PCdoB-RS) e aprovado por unanimidade ainda no dia 5 de novembro.
De acordo com o presidente da comissão, deputado Assis Miguel do Couto (PT-RS), a delegação seguirá para Belém na próxima sexta-feira (14). Ainda segundo ele, o pedido de informações ao governo do estado, onde ocorreu a chacina, foi encaminhado.
Couto explicou que a delegação entrevistará os órgãos públicos com interesses no caso e também as entidades da sociedade civil. O objetivo do trabalho é produzir relatório e contribuir com as investigações. “Queremos saber se o estado tem responsabilidade no caso. Há suspeitas de participação da polícia e tememos que isso continue”, afirma o deputado.
Para o vice-presidente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias, deputado Nilmário Miranda (PT-MG), o crime apresenta fortes “indícios de milícia de extermínio”. A Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa do Senado encaminhou ao governo do Pará e à Procuradoria Geral de Justiça do estado solicitação de investigação e punição com rigor dos envolvidos nos crimes. Além disso, a comissão solicitou apoio às famílias das vítimas.
A presidente da comissão do Senado, Ana Rita (PT-ES), defende que a investigação seja feita de forma isenta e que todas as mortes, tanto do policial quanto das demais vítimas, devem ser apuradas. “Quem garante que entre os mortos na chacina estão os que assassinaram o policial militar? Mas colegas se acham no direito de matar sem apurar”, questiona a senadora.
Ana Rita vê com preocupação a suspeita da participação de policiais militares na chacina. “Não é possível a sociedade conviver com queimas de arquivo e autos de resistência seguidos de morte”, espata-se.
Por determinação do governo federal, o Conselho Nacional de Juventude e a Secretaria de Direitos Humanos também deverão acompanhar as investigações sobre a chacina. Além disso, a Anistia Internacional, a Ordem dos Advogados do Brasil e a Sociedade Paraense de Direitos Humanos também cobrarão respostas sobre o caso.
Por Guilherme Ferreira, da Agência PT de Notícias