Coube a uma mulher dar o voto para a condenação de Bolsonaro
Ao julgar procedente a Ação Penal 2.668, Cármen Lúcia lavou a alma de milhões de brasileiras; deputadas destacam voto histórico da ministra do STF
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Durante o histórico julgamento da Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) acerca da Ação Penal 2.668 coube à única ministra da Corte, Cármen Lúcia, proferir o voto que formou maioria para a condenação de Jair Bolsonaro. Quis a história ser digna dos melhores enredos tal qual as tragédias romanas. Portanto, ele, que sempre humilhou, destratou, e ofendeu as mulheres, viu o seu destino ser traçado por uma.
Com um voto forte, mas cheio de simbolismos, a ministra afirmou que “nesta Ação Penal pulsa o Brasil que me dói. A presente Ação Penal é quase um encontro do Brasil com o seu passado, com o seu presente e com o seu futuro.”
Como bem disse, em agosto de 2016, a ex-presidenta Dilma Rousseff, que viu Bolsonaro homenagear o torturador Brilhante Ustra durante a votação do Impeachment, “A história será implacável com aqueles que se julgam vencedores”.
Tal fato foi relembrado pela Ministra-chefe da Secretaria de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, em seu perfil no X:
Na sessão do golpe contra a presidenta Dilma Rousseff, na Câmara dos Deputados, Jair Bolsonaro dedicou seu voto a Brilhante Ustra, o torturador da jovem Dilma na ditadura militar. Hoje, Bolsonaro foi condenado porque tentou dar um golpe de estado em nosso país. É o curso da…
— Gleisi Hoffmann (@gleisi) September 12, 2025
A governadora do Rio Grande do Norte, Fátima Bezerra, enalteceu a figura da magistrada ao dizer que “a ministra Cármen Lúcia honra a presença feminina no Supremo Tribunal Federal.” Ela afirmou ainda que “a condenação de Jair Bolsonaro e do golpismo é a condenação daqueles que defendiam a volta da ditadura embalada na defesa da liberdade de expressão. ditadura nunca mais. Viva a democracia.”
“Nesta ação pulsa o Brasil que me dói”, disse a ministra Cármen Lúcia em seu voto decisivo contra Bolsonaro e sua quadrilha golpista. Pois eu digo: no seu voto pulsa o Brasil que nos orgulha. Pulsa a justiça, a democracia e o Estado de Direito. 🇧🇷⚖️ pic.twitter.com/QMiumt5c2E
— Fátima Bezerra (@fatimabezerra) September 11, 2025
A secretária nacional de Mulheres do PT, Anne Moura, também comentou o papel da ministra Cármen Lúcia.
Hoje assistimos à história sendo escrita por uma mulher que nunca se curvou diante das ameaças contra o nosso país.
Cármen Lúcia fez justiça, votando com firmeza em defesa da democracia e da soberania do Brasil.Foi dela uma das vozes que selaram o destino de quem tentou golpear… pic.twitter.com/D8t29I7nKc
— Anne Moura (@annemouraam) September 11, 2025
Deputadas destacam voto histórico da ministra
A deputada federal Benedita da Silva (PT-RJ) destacou o caráter simbólico do voto da minista ao afirmar “tem outro valor histórico, pois condenou um criminoso machista que se refere ao sexo feminino como “fraquejada”.
https://twitter.com/dasilvabenedita/status/1966269677749022760
O mesmo foi pontuado pela deputada federal Ana Pimentel (PT-MG). “A ministra Cármen Lúcia, única mulher no Supremo Tribunal Federal – e mineira -, foi decisiva em um julgamento histórico para o Brasil. Seu voto reafirma o que nunca podemos esquecer: nenhum projeto autoritário está acima da Constituição e da democracia.”
O STF forma maioria para condenar Jair Bolsonaro pela trama golpista! Hoje a democracia falou pela voz de uma mulher. Ao autoritarismo, restou o silêncio.
A ministra Cármen Lúcia, única mulher no Supremo Tribunal Federal – e mineira -, foi decisiva em um julgamento histórico… pic.twitter.com/fcr3EihU0J
— Ana Pimentel (@AnaPimentelmg) September 11, 2025
Denise Pessoa, deputada federal pelo estado do Rio Grande do Sul, destacou a frase da ministra Cármen, que já consta nos anais da história do movimento feminista brasileiro, onde ela muito bem afirmou que as mulheres querem ter voz, por já terem sido silenciadas por muito tempo.
“Nós mulheres ficamos 2 mil anos caladas e queremos falar”, ministra Carmen Lúcia no julgamento do inelegível!
— Denise Pessôa (@denisespessoa) September 11, 2025
A história é fundamental para manter vivos os fatos. Portanto, não se pode esquecer que a deputada Maria do Rosário (PT-RS) foi uma das maiores vítimas da conduta machista e misógina de Bolsonaro, enquanto ele era deputado federal.
Infelizmente, foi com Rosário, que o agora condenado realizou um dos episódios mais grotescos perpetrados por ele. Em 11 de novembro de 2003, o líder da extrema direita ofendeu e xingou a companheira petista, além de ameaçá-la ao dizer a terrível frase “jamais estupraria você por que você não merece”. Em outro momento, em 9 de dezembro de 2014, o condenado voltou a atacar Maria do Rosário com o mesmo teor: “não a estupraria porque ela não merece”. Ver a justiça sendo feita, após estes lastimáveis capítulos da história – onde uma parlamentar petista foi vítima de tantas atrocidades – é histórico e reparador.
“Com o voto da Ministra Cármen Lúcia, o STF alcança maioria para condenar Bolsonaro e os outros 7 acusados por organização criminosa. A Justiça avança e a democracia respira”, comemorou a parlamentar gaúcha.
27 anos e 3 meses de prisão para Bolsonaro! O chefe do golpe agora sente o peso da Justiça. Quem atentou contra o povo, contra Lula e contra a democracia, paga. Não esqueceremos: #SemAnistia!
— Maria do Rosário (@mariadorosario) September 11, 2025
A deputada federal Dandara Tonantzin (PT-MG) reforçou a importância do julgamento “que condenou, pela primeira vez, agentes do Estado que tramaram golpe de estado.”
⚖️✊🏾 Bolsonaro foi condenado a 27 anos e 3 meses de prisão!
Esse é o resultado do julgamento histórico, que condenou, pela primeira vez, agentes do Estado que tramaram golpe de estado!
Essa vitória é de todos e todas que lutaram pra defender com unhas e dentes a democracia!… pic.twitter.com/1CwffIVwYm
— Dandara Tonantzin (@todandara) September 11, 2025
Carol Dartora, única deputada federal negra eleita pelo Paraná, também se manifestou sobre o voto histórico da ministra Cármen.
Cármen Lúcia dá voto histórico à favor da condenação de Bolsonaro no STF pic.twitter.com/uMTbvfm9r7
— Carol Dartora (@acaroldartora) September 11, 2025
A deputada federal Lenir de Assis (PT-PR) celebrou a inédita condenação dos cinco militares, e reforçou que “o Brasil não admite mais a impunidade desses atos, que no passado mergulharam o país em mais de duas décadas de ditadura militar.”
Cinco militares foram condenados. Bolsonaro recebeu pena de 27 anos, e dois civis, juntos, somaram mais de 40 anos de condenação. Os crimes: tentativa de golpe de Estado, abolição violenta do Estado Democrático de Direito e organização criminosa.
O Brasil não admite mais a…
— Lenir de Assis (@LenirOficial) September 12, 2025
Camila Jara (PT-MS) reforçou que o julgamento representou “a justiça sendo feita.”
BOLSONARO CONDENADO. Com voto da ministra Carmen Lúcia, o STF formou maioria para condenar o ex-presidente Bolsonaro por liderar a tentativa de golpe de Estado e de acabar com a democracia.
É a justiça sendo feita.
Que o Brasil nunca se esqueça. pic.twitter.com/H92qlP7Zd2— Camila Jara (@camilajarams) September 11, 2025
Da Redação do Elas por Elas
