CPI da CBF quer ouvir técnico da seleção brasileira
Segundo o jornalista Lúcio Castro, Dunga intermediou transações em direitos econômicos de jogadores atuando secretamente como agente
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A CPI do Futebol ouviu nesta terça-feira (25) o jornalista Lúcio Castro. Ele é autor da denúncia, publicada em julho do ano passado, após o fim da Copa do Mundo, no site da ESPN Brasil, que dizia que o atual técnico de futebol da seleção brasileira, Dunga, manteve por muitos anos a intermediação de transações em direitos econômicos de jogador de futebol atuando secretamente na função de agente.
Publicada no ano passado, a reportagem mostrava que o treinador tinha participação na venda do meia Ederson, em 2004, para o grupo Image Promotion Company (IPC). Dunga sempre negou que trabalhasse como agente de jogadores.
O senador Romário (PSB), presidente da comissão, falou sobre a importância de o treinador ir até a CPI contar sobre “as coisas ruins e negativas” praticadas pelas pessoas que convivem com ele no dia a dia, como o atual presidente da CBF, Marco Polo Del Nero, e Gilmar Rinaldi, coordenador de seleções da CBF.
“Ele tem que vir aqui e dizer o que realmente entende como sua verdade, é o que espero do Dunga”, completou.
Mattos explicou aos senadores como funcionam as relações dos patrocinadores com a CBF. Segundo ele, a confederação não lida diretamente com isso. Ele informou que empresas intermediárias captam as propostas e levam para o departamento de marketing da entidade. Em troca, recebem comissões pagas em forma de aditivos aos contratos de patrocínio resultantes das negociações.
Em 2008, a Seleção Brasileira jogou um amistoso na cidade-satélite do Gama (DF) para marcar a reinauguração do Estádio Valmir Campelo Bezerra, o Bezerrão, após obras de modernização. O governo do Distrito Federal investiu mais de R$ 8 milhões no evento. Parte dessa verba, junto com os direitos de organização da partida, foi repassada a uma empresa que tinha como sócio o então presidente da CBF, Ricardo Teixeira.
Rodrigo Mattos disse que o atual presidente da CBF, Marco Polo Del Nero e o ex-presidente José Maria Marin aumentaram, em suas gestões, o valor pago em comissões a intermediários. Atualmente, eles giram entre 15% e 20% do valor dos contratos.
O jornalista Lúcio de Castro afirmou que os dois filhos de Del Nero recebem dinheiro da CBF por trabalhos prestados por suas empresas. Marco Polo Del Nero Filho abriu uma empresa nos Estados Unidos em outubro de 2014 sem declará-la à Receita Federal e com um braço nas Ilhas Virgens Britânicas, um paraíso fiscal.
Já Marcus Vinicius Del Nero, outro filho do atual presidente, é diretor de Arte da Mowa Sports, empresa de conteúdos multimídia contratada pela CBF para tocar a CBF TV.
A CPI receberá na próxima quinta-feira (27), às 10h15, os jornalistas Amaury Ribeiro Jr., Leandro Cipoloni e Luiz Carlos Azenha, coautores do livro O Lado Sujo do Futebol, que trata da corrupção no esporte.
Da Redação da Agência PT de Notícias